Gisele Teixeira
As palavras que te ouvi dizer, no escuro
Ecoaram pelo meu pescoço, sufocando os meus pulmões
Quando as lágrimas já não eram simples gotas e gotas,
Os pequenos fios dos meus cabelos sonharam
Pela última vez (vi-te).
A cor que respiravas naquele momento
Metamorfoseou-se na cor da minha pele, afligindo…
Vestias a sorte, em simples pedaços de pano preto ou verde
Nas escadas onde eu esperava a sede, tu bebias do meu amor.
Os meus olhos renderam-se (pela última vez).
Odeio-me por não saber de cor a tua voz,
Mas por sentir os teus passos consigo fingir que me odeio
Pregando monstros, despedaçando quimeras azuis ou verdes
Amo-te mil vezes sem mil, enquanto os dias entristecem as calçadas
Molhadas pela chuva do temporal que a minha razão criou.
Já nada pode acompanhar a rota deste ébrio navio
Onde nado sufocadamente a teus pés (banhados pelo perdão).
Tristes sonhos, amargas mágoas, miseráveis e ridículos dias
Preenchem o meu calendário, ansioso pelos teus olhos.
Amor (pela única vez) senti.