Gil Façanha
SEM VOCÊ
Hoje sou apenas um pensamento.
Fui resumido a uma lembrança que jamais será apenas vaga.
Rascunhos dos nossos momentos ainda fazem de mim um poeta sem ilusão,
Incapaz de criar ao menos um verso que possa refletir as angústias do meu descompassado coração.
Revivo todos os dias, a felicidade que contigo tive outrora.
Tentando esquecer tua eterna ausência e a falta de um adeus antes de ires embora.
Lembro-me de cenas só nossas... Tantas, que viraram pinturas esboçadas na tela da minha mente.
Nas cores que dei a saudade, como se meus olhos fossem pincéis...
Pinto tua inesquecível imagem a minha frente.
RASTROS DE MIM
Minha imagem é apenas um rastro.
Qualquer coisa que ainda representa tudo o que vivi.
As lembranças dos amores,
Dos beijos tantos que nem pude contar,
Das dores sentidas, tão profundas que não as pude mensurar.
Minha imagem é apenas um rastro.
Retrato envelhecendo ante a meu espelho,
Que audaz, me revela rugas... Sinais que o tempo não parou.
Minha imagem é apenas um rastro... Fumaça evolando-se no espaço,
Dissipando-se a cada passo,
Deixando-me mais distante do que um dia fui...
A pura imagem do cansaço.
Sou hoje o acaso da promessa
Que me fez esperar sem pressa,
Pra nunca ser cumprida nessa vida vã.
Minhas angústias são doenças sem cura,
Que me queimam numa eterna procura feito febre terçã.
Minha imagem é apenas um rastro.
Reflexo dos desenganos,
O refazer de tantos planos,
A lembrança inerte de uma saudade que dói.
Hoje sou apenas vaga lembrança,
De tudo que pensei ser quando criança,
Resumido a uma eterna busca sem fim.
Minha imagem se esvai na chuva,
Deixando apenas uma silhueta turva,
Trazendo a tona aquela insana saudade de mim.
ESQUEÇA
Esqueça nossos versos, apague nossas rimas,
Façamos da antiga felicidade, um segredo.
Destrua as esperanças, apague as lembranças,
Deixemos de escrever o nosso enredo.
Apague aquelas fotos,
As mesmas onde todos nos viam felizes.
As que enganam os olhos...
Escondem as mais profundas cicatrizes.
Esqueça tudo o que vivemos,
Esqueça que um dia pareceu inesquecível.
Lembre apenas que tudo foi bom um dia,
De uma forma que parecia impossível.
Deixa passar a ideia que poderia ter sido amor,
Assuma de vez que foi pura ilusão.
Deixa-me ter a certeza que nada nunca mudou...
Que na verdade eu jamais alcancei teu coração.
Faça-me acreditar que foi tempo perdido,
Permita-me esquecer teu cheiro, tua boca, teu gemido.
E quanto a não ter espaço em tua vida, não se preocupe...
Isso já é fato compreendido.
MEDO DE AMAR
Ofereces teu amor em devaneios,
Prometes paixão infinda, eterno zelo.
E eu que já não creio em vão apelo,
Duvidosa, contenho meus anseios.
Teu olhar me invade, me toca fundo,
Em meus lábios um sorriso se desenha.
E por mais que te evite e me contenha,
Teu amor já invadiu todo meu mundo.
E assim entre temores e desejos
Sonhando com teu corpo, com teu beijo,
Vejo-me enfeitiçada nos braços teus.
Amar-te para sempre é o que quero
Embora por temor me desespero
Receando a hora amarga de um adeus.
DE REPENTE
De repente tudo mudou e aquela emoção acabou.
De repente já não sinto mais nada, já não tenho medo, e nem o ciúme me abala.
De repente, leio, ouço, canto tuas letras e sinto como tudo se perdeu.
De repente sinto que somos dois, cada um em seu habitat...
Você é só você, e eu simplesmente sou eu.
De repente não mais
De repente um imenso vazio
De repente não quero teu calor
E de repente eu gosto desse frio.
De repente foi só fantasia!
De repente a gente nem queria.
De repente foi importante, e ficou banal assim.
De repente eu não sinto mais nada,
E você nem lembra mais de mim.
De repente eu queria mais,
De repente eu me surpreendi!
De repente o que eu te oferecia era pouco
De repente você nem soube me sentir.
De repente fui eu que não entendi!
De repente é isso que somos,
De repente nada era o que parecia.
De repente você foi só um sonho
De repente você nem me queria!
De repente é só amizade então!
De repente fica melhor assim.
De repente o meu melhor,
Nem foi mesmo o melhor de mim.
De repente eu cansei de olhar as horas.
De repente o que era raro, eu não queira mais esperar.
Com o tempo entendi que o que eu desejava,
De repente Você não estava pronto pra me dar.
É, vai ver que de repente era isso mesmo!
Que tudo foi exatamente o que deveria ser pra gente.
De repente meio que sem querer...
Foi tudo muito de repente.
DILÚVIO DE MIM
Sinto-me água deslizando ladeira abaixo, rumo aos bueiros onde escondo os temores jogados pelas janelas da minha alma.
Através desse dilúvio no qual me transformo, e escorre das avenidas dos meus olhos, sou levada pelas enchentes de emoções, onde afogo meus sentidos e me perco de vista nessa correnteza sem direção.
(RE)ESCREVENDO
(Re) invento nossa história
(Re) crio outro enredo
(Re) faço minhas memórias
(Re) cubro meus segredos
(Re) uno meus desejos
(Re) tomo nosso caminho
(Re) velo nossos sonhos
(Re) construo nosso ninho
(Re) surjo das cinzas esquecidas
(Re) corro aos teus abraços
(Re) escrevo nossos versos
(Re) estruturo nossos laços
Inovo meus sentidos
Vou seguindo na caminhada
Não retomo o que foi perdido
Inicio uma nova estrada.
(IN) COMPLETO
Sinto-me uma receita inacabada
Um rascunho de mim mesma
Um livro sem final
Um poeta sem inspiração!
Vejo-me como uma partitura sem notas
Um instrumento sem músico
A interrogação do final
A surpresa na resposta!
Sou parte do que está aqui
E tudo o que ainda há de vir.
Nesse instante, sou a reticência da minha própria história
Sem nenhuma intenção de se fazer entender
Ou se eternizar na memória.
NOSSO LAMENTO
Se quiseres sofrer por outro amor
Dói-me por dentro o teu tormento
Se meu carinho não aplaca a tua dor
Receba o que me resta... O meu lamento.
Se não valho aos teus olhos, o olhar dela
Entristece-me tuas lágrimas impensadas
Se levares tua vida a chorar por ela
Sobra-me a dor em minh’alma... Desgastada.
Tantas vezes falei de Amor... Tão iludida!
Eu temia algum dia te perder
Mas entendi que nessa vida tão sofrida
Não se perde o que jamais se pôde ter.
PRETENSÃO
Desfaço-me do sorriso quando olho os grilhões que limitam meus passos. Perverto meus sentidos para que na inconsistência dos meus atos, eu possa conscientemente fingir minha alegria. Distraio-me das minhas verdades, para que eu não me afogue nas lágrimas vertidas sobre minha pele clara, ou desapareça nas angústias represadas na profundidade da minha alma. Recolho-me a insignificância dessa pretensão poética, que de tão prolixa se perde nesse torpe desejo de algum dia, me revelar em poesia tão límpida, que nenhuma entrelinha haverá mais o que esconder.
ANTES SÓ QUE MAL-ACOMPANHADA
Pode parecer estranho, mas isso não dói!
Talvez por ir tão fundo, tenha alcançado o poço da minha razão.
Não, não me sinto sozinha...
Tua ausência não me jogou na amarga solidão.
Entreguei-me sem receios, falei de amor sem rodeios
Fui o melhor que eu pude ser.
Mas não sendo isso o bastante,
Que argumento usaria eu pra te convencer?
Rogamos verdades, gozamos mentiras
Fizemos do talvez, uma certeza do fim.
Alimentei-me da tua saudade,
E você tinha tudo o que queria de mim.
Mas não, não lamento tua partida!
Tua decisão solitária, teus passos na contramão...
Agradeço o teu adeus...
Tua mais sábia decisão.
Sim, podes ir embora!
Quero que parta sem deixar saudades
Que atravesse a porta sem fazer alarde
Quero que esse adeus seja tua maior verdade.
Mas não se assuste com toda minha segurança
E nem espere ver em mim o reflexo sofrido de uma mulher abandonada.
Pois foi estando contigo que descobri...
Que estar só é melhor que mal-acompanhada.
ESSA TAL FELICIDADE
E chegará o dia em que minhas verdades não mais machucarão por que não serão mais ditas, e ai terei a certeza da ausência da mágoa, do coração iludido, do amor menos perdido, e do carinho eternizado pela falsa sensação de que toda verdade dita é apenas essa real mentira que resolveram adotar para acreditar que tudo isso vale a pena.
Ainda virá o dia em que fingirei estar sendo o que sou, quando na verdade já não estarei em mim, já não serei nem o meu pior, e nem o meu melhor, por que tudo que sou de mais sublime está acorrentado a essas tais verdades que um olhar suplicante, me implora para não serem gritadas, afim de não estar certo de que aquilo que conheceu e amou, é apenas um espelho d’água desse rio que sou, que quando submerso em mim, revelam correntezas e uma turbulência desorientadora para quem não souber nadar nessa paisagem tão bela, tão profunda, tão confusa, tão instigante, tão esmagadora, tão apaixonante, tão ilusória, tão eu.
E haverá esse tal fatídico dia em que por te fazer feliz, já não serei ninguém, por que te quero feliz, e pra isso preciso mudar. Esse momento chegará, onde não poderei sustentar a amarga mentira de ser realmente egoísta, e irei parar de lutar pra me convencer de que sou traiçoeira, ou passarei a te revelar a ridícula verdade de que sou tudo o que pareço, de que não há mal do qual padeço, e assim morrer dentro de mim, pra renascer no que precisas e só então, descobrir a tua verdadeira felicidade, no meu falso sorriso feito da saudade daquilo que nunca consegui ser.
UM REENCONTRO COM A PAIXÃO
Agora ele está lá... Contando cada batida de seu coração com uma precisão enorme, porque nesse instante ele pulsa em suas mãos. Diante do imortal desejo de amar, da loucura da paixão que teima em não nos deixar, transpira, sofre, teme diante da provável possibilidade em sucumbir ante ao seu mais intenso desejo, agora materializado diante de si. Posso vê-lo... Quase senti-lo, e é como se meu coração estivesse lá. Posso fechar os olhos e claramente, embora apenas somente em minha criativa mente, posso ver o que eles fingem para si mesmo não mais existir. Há desejo nos olhos, há loucuras no pensar, há uma constante transpiração por tudo que ambos se põem a lembrar.
Mas ainda há tanta mágoa por tudo que deixou cicatrizes na bela face do que um dia foi! Há aquele medo de tentar de novo, a constante certeza de mais uma vez se perder... E junto com as batidas daquele coração, uma louca vontade de perdoar e esquecer. Sim, eu posso ver... Há tantas coisas a serem ditas, mas o que desejam é apenas sentir. A lembrança daquele corpo, daquele cheiro, os gemidos de prazer... Já trazem todas as razões que um coração apaixonado precisa, pra mais uma vez se render.
O TEMPO E A SAUDADE
O dia rasteja em frente a minha janela,
E o tempo sem pena, me sorri cinicamente.
O vento que sopra em meu rosto, me faz lembrar aquela tela,
A pintura de um beijo registrado em minha mente.
Horas passam e a rua sempre igual,
Nem a chuva em desaviso, me desperta dessa lembrança.
Ainda não sei se me faz bem ou me faz mal,
Essa paixão que me encantou feito criança.
Anoitece e nada muda a minha frente.
Nem o sol e nem a lua, me traz um sorriso sequer.
Há uma saudade que pra tudo, me faz indiferente,
E por dentro desejos ocultos de mulher.
Meu calendário tem marcas diferentes,
Minhas horas são dias, e meus dias impossíveis de contar.
O que quero é a surpresa, o de repente,
A alegria de poder te ver chegar.
Esse tempo inimigo dos meus sonhos,
Parece escalar montanhas impossíveis de alcançar.
Dá um passo para frente e dois pra trás,
Me enganando e brincando de passar.
AMOR LIVRE
Que seja livre o nosso amor,
Que nos liberte para voar,
Que seja ausente de qualquer dor,
Que não necessite de amarras para amar.
Que sermos quem somos, seja divino,
Longe de qualquer julgo ou condenação,
Que o amor seja livre indo e vindo,
Que não nos condene a nenhuma prisão.
Que você vá e venha quando quiser,
Fazendo de mim o teu perfeito cais,
Que sejas meu homem e eu tua mulher
Sem nos sentirmos em cárcere, jamais.
Que estejamos juntos ainda que separados,
Que tua ausência não signifique tormento,
Pois quando se ama, se está lado a lado,
Ainda que a saudade se torne um lamento.
Busquemos do amor sua intenção pura e simples,
Entendendo que com ele vem a liberdade,
Pois quem aprisiona e ama com posse,
Ainda não sabe na vida o que é amar de verdade.
QUANDO FAÇO POESIA
Quando faço poesia, faço paixão.
E meu maior prazer é despir minh’alma,
Desnudando-a com calma,
E cedendo-a ao toque da inspiração.
Quando faço poesia, reinvento o tempo.
Reencontro antigas emoções,
Transformo os já cansados sentimentos...
Refaço minha história, revivo cada passo na memória.
Quando faço poesia, desfaço os conceitos pré-inventados,
Jogo todos os medos de lado,
Sou a pura verdade do meu ser,
Torna-se meu, tudo que fiz por merecer.
Quando faço poesia, faço vida...
Sinto-me parir uma chance a mais.
É como se não houvesse limites para o amor,
É como se toda guerra virasse busca pela paz.
Quando faço poesia, sou tantas em uma só.
Minhas personalidades me possuem com licença.
Quando faço poesia, sou mais do que mostro ser,
Sou tudo ao que estou propensa.
Quando faço poesia, transformo em realidade minhas quimeras.
Sou o calor do inverno, o frio em pleno vulcão, a doçura de uma fera.
Quando faço poesia, sou poeta, e enalteço o esplendor de cada rima.
Sou um viajante do mundo, que em seus versos cumpre sua sina.
FELIZ DIA DA POESIA.
UMA BATALHA EM MIM
Fui tantas vezes ela...
Que de mim me perdi. Corrompi meus olhos na tentativa de não precisar encarar aquilo que me negava existir. Passei a ser mais livre do que jamais fui, ousei como nunca houvera ousado dantes... E de alguma forma tornei-me de mim, mais distante.
Fui tantas vezes ela...
Que me tornei horizonte. Ao longe vejo apenas um longo e antigo rastro de mim. Ultrapassei fronteiras, derrubei muralhas, e as cicatrizes de antigas batalhas deixaram eternas lembranças de um passado que sempre estará presente... tão meu somente.
Fui tantas vezes ela...
Que veio a tona o melhor de mim. Mergulhei fundo em meu desconhecido, encarei os gritos e gemidos, e o medo que tentava minha lucidez destruir. Quebrei regras e promessas, e corri como quem tem pressa de aprender a viver... Exasperada pela angústia de ser o que o mundo me obrigava a ser.
Fui tantas vezes ela...
Que destruí todos os conceitos, aprendi a me aceitar com a visão dos meus próprios defeitos, e assim descobri quantas vezes deixei de ser eu. E após essa longa batalha entre o que fui e o que hoje sou, apesar daquela parte de mim que se perdeu... Uma mulher mais forte, renascida de uma guerra só sua, sobreviveu.
E nesse equilíbrio que busquei entre razão e emoção, libertei as correntes do meu coração, e minh ‘alma de minha própria cela...
Mas tudo porque antes, fui tantas vezes ela.
PAIXÃO OCULTA
É assim que estou:
Jogada a um mundo de silêncio para me acalmar,
Despida de falsos pudores,
Desejando prazeres,
Afastando amores.
Encontro-me assim:
Encharcada de vontades escusas,
Perdendo-me em ansiedades difusas,
Sendo tudo o que não querem de mim.
Meu corpo agora fervilha de tanto desejo,
Vontade de sentir aquele calor, aquele beijo,
Sem saber o que fazer para conseguir suportar tanto querer.
Sentindo a pele a se aquecer.
E do jeito que a vida me leva,
Do jeito que essa emoção me deixa a pulsar...
Só encontro um jeito para esse fogo não parecer tão suspeito...
Jogar o meu corpo ao mar.
INDEFINIDA INSATISFAÇÃO
Não sei o que é!
Só sei que aqui está.
É uma sensação invulgar, que implode nas entranhas,
Espalhando uma angústia tamanha que quase não posso suportar.
É um querer sem saber,
Um desapego do agora... uma vontade de ficar... uma aflição pra ir embora.
É qualquer coisa sem definição,
Um trem sem estação,
Ou quem sabe apenas um vagão vazio.
É como estar sob o mais forte sol, e quase morrer de frio.
É ter assunto e não saber como falar,
Estar ao alcance e não poder tocar.
É ter o tema, e não escrever,
É se saber poeta, e não conseguir a poesia conceber.
É como seguir sem direção,
É qualquer coisa indecifrável,
Uma sensação forte, mas que chega de maneira afável.
É saber o que fazer, mas não saber como,
É o tanto faz ser aqui ou acolá...
É qualquer coisa que apenas há.
É algo que me deixa assim:
Sem rumo, sem destino, sem saber como lidar com o que está em mim.
INSENSATO DESEJO
Recai sobre mim o desejo,
O afã de tocar teus lábios num ímpeto beijo.
De abraçar teu abraço, estreitando-se laços,
E no calor dos teus braços, deleitar-me em ínfimo espaço.
Apoderou-se de mim a saudade,
Banhando-me dessa necessidade,
De entregar-me a essa louca vontade,
Lascivo querer, vestido de insana voracidade.
Escorre do corpo a emoção,
Da pele à alma, dos olhos ao coração...
Dos poros, salgado tempero de paixão,
Extraído pelo toque perfeito das tuas mãos.
Desliza entre os lábios a avidez,
Da língua que sente do teu sabor a escassez,
Do amor que fizemos sem timidez,
Da louca pretensão em ser tua outra vez.
Mas façamos do último encontro, sede que só tempestade pode saciar,
Um encontro entre rio e mar,
Fome que só teu corpo me pode matar,
Tatuagem na carne, pra nunca apagar.
A MORTE
Infame, traiçoeira e vil...
Findas a esperança, tece a trama.
Perigosa, de forma sutil,
Enigmática e sorrateira, a ninguém ela ama.
Tantas faces, nenhum rosto,
Leva amor e põe dor em seu lugar.
É destino deixando desgosto,
Não há quem possa, dela escapar.
Tão ardil, em fina teia,
A poucos dá tempo de um adeus sussurrar.
Embora nos corra vida nas veias,
Impiedosa, nos leva pro mesmo lugar.
A dor e a lembrança pra nós que ficamos,
Mata-nos um pouco a cada lágrima que cai.
Um último olhar a quem tanto amamos,
Adeus aos irmãos, rumo aos braços do Pai.
SUPLÍCA DE AMOR
Tanto andei a tua procura, amor singular...
Que em busca desse encontro, me perdi.
E os ventos que sopraram minha alma,
Entregaram-me ao cansaço e me rendi.
E nas ruas que vaguei em noites frias,
Entreguei-me às vielas da paixão.
Sem saber que era vazio o que eu tinha,
E ao fim restava apenas solidão.
Procurei em cada canto da cidade,
Em tantos bares e festejos do lugar,
Não sabia que era pura vaidade,
Ter a pressa e não saber como esperar.
Estou tentando merecer tua presença,
Esperando um presente de Deus pai.
Já nem sei se duvido ou se há crença
Mas te suplico meu senhor... Apressai.