Gésia Cássia Lima
Acabou como começou
de uma hora para a outra
Passou
Feito poeira e pó
(ou talvez não)
Foi só
acabando sonsinho
Tão de mansinho
Que dá até dó!
Amor - tema pra escola de samba!
Esquecer de vez
quem dera
Uma corda bamba
Nó que aperta e dói
(Des)feito
Saudade
E a gente só quer apostar
mais uma vez
Na ilusão de que tudo será diferente:
Promete
Inventa
Tenta
Depois lamenta!
Palavra é laço de cetim
Nós de ceda
Corda
Arame farpado
Ferro
Candombá no fogo
Sisal
Perigosa
Corta
Remenda
Absolve
Condena
Ama
Odeia
Bendiz
Amaldiçoa
Diverte
Sentencia a morte
Celebra a vida
O tom muda - o significado é outro
A boca fala
O que está cheio o coração
(Minha vida dá um romance - inspirado em Raquel do Pati. Pág100)
É nessas horas do dia
que a saudade chega
pra me afrontar
O vermelho do céu parece sangue
escorrendo...
Onde será que você está?
O amor não é incondicional
Há limites
A gota, aquela gota
que faz a água do copo transbordar
É preciso saber ouvir
antes de amar!
ESTRADA SINUOSA
Essa é a definição de meu amor:
Dramático
Mistérios do (a)mar
Desempossado de razão
Teimoso em sua forma de sentir
Atravessamento de tanto querer
Entrever estrada sinuosa
Avista os perigos
Mas não sabe
(e não quer) fugir!
(EU TE AMO. Pág.12)
Eu queria um lugar de sossego
onde eu pudesse repousar meus sobressaltos
Ou escrever poesias...
Talvez um braço de rio
que levasse a minha dor
Ou que sabe
Morar em seu sorriso
Amor
Amor
Minha privacidade
tem senha
Não vou dá-la
a ninguém
Limites existem
Mostra-se apenas
O necessário
Há coisas que Deus nunca nos revelou!
Outras, nem pra Ele
eu conto!
Primavera resolveu
fingir que o inverno não passou
Calçou meias
Pôs luvas
Agasalhou-se como pôde
Mas eu vi
O botão em flor
Escondido no bolso de seu casaco!
O amor adoecido
vai-se
embora
sozinho
Talvez por praga ou sorte
Como se fosse corpo levado
pela morte
Deportei a razão
Foi exilada
No lado entediante de meu cérebro
Agora somos só nós dois:
Eu e meu coração!
ÁRVORE DESARVORADA
Eu sem você
sou árvore desarvorada
Um braço de rio que carrega as flores caídas
trazidas pelo outono
O vento quer soprar por aí
a minha solidão...
E fico eu sem você assim
Nesse vazio
Cheia de mim
O VERÃO SE DESPEDE
O verão se despede sem calor ou piedade
Parece que nem veio e já se foi
Sem mais nem menos
Vê?
É o vento do outono sorrateiro
Fingindo ser inverno
Inverna em meu coração
O hoje?
Aparece assim
Desdenhando de mim
O jeito é parir história
de outono que parece inverno
dum verão que pouco aqueceu
Primavera que nada floriu
Sonhos, sombras, saudades!...
A cada dia
Um dia a menos
Mas nunca vou te esquecer
Seja a olhar o céu estrelado
As flores, o verde
A lua cheia
Um cheiro...
Tudo a minha volta
Traz você!
Esse cheiro de guardado
Que a gente sente
não importa a idade
Parece alguma coisa
trazida do passado
Não sei se alegre ou triste
É cheiro de saudade
Quando você me olha
e diz: EU TE AMO
Ama a quem você projetou
idealizou
esculpiu em sua imaginação
ou a essa pessoa
que de fato eu sou, meu amor?
Para me acostumar
a tua infinita ausência
engano o meu coração
dizendo que sei me virar
Então vêm músicas, lugares
ciúmes e planos
a me torturar
E é assim...
"Você jamais saberá querido,
a falta que você faz em mim"
A folha caiu
levada pela ventania
Tão frágil
Coitada!
Queria agarrar-se ao galho
mas se foi
Chorando a sua dor
A chuva passou lavando tudo
E a roubou!
Algumas pessoas conseguem ver o mundo numa dimensão maior que a sua casa, seus bens materiais, seu homem, sua mulher, seus filhos, maior que seu umbigo. Arriscam-se a viver possibilidades impensadas.
Gente, cuja teimosia reina soberana sobre os seus desejos e sonhos e, sem desconsiderar ninguém, realiza-os um a um. Qual carvalho não se enverga. Parece feita de matéria de anjo.
Para de dizer:
"Preciso te conhecer"
Como se falasse a uma
total estranha
Acaso se conhece?
Quem nos dirá completamente?