Geovane Peixoto
A gente vive como se fosse pra sempre, como se fossemos capazes de sempre tirar do bolso um dia novo, de tirar da mochila punhados de tempo pra fazer as coisas que abrimos mão todos os dias, por medo, vaidade, por não saber quão frágil tudo isso é.
A grande diferença entre a vida em si e os textos é que quando se trata de palavas, frases, parágrafos, a gente pontua exatamente como quer que aquilo seja entendido, já a vida não! É como um texto corrido sem pontuações, sem indicações, tudo é mais incerto.
Eu não queria ser esse museu de memórias aberto o tempo inteiro esperando sempre que algum dia alguém resolva aparecer pra verificar se os vestígios continuam existindo. Eu queria não precisar sempre eternizar as coisas por medo de que elas se percam no tempo, e com o tempo.
Entre a consciência de tudo que eu queria não lembrar, e o orgulho tudo que eu não admito esquecer, concluo; nada é permanente, mas tudo permanece.
Talvez você só consiga gostar/amar coisas horríveis. Eu nunca serviria pra você. Pra suas expectativas. Que bom!
Algumas coisas a gente sabe exatamente quando começam, e o quanto queremos que elas durem. Nessa matemática de tempos, a regra de três não funciona pra desvendar o quarto elemento. A gente nunca sabe do “até quando”.