George Orwell
O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas de produtos do trabalho humano. A guerra é um meio de despedaçar, ou de libertar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar, materiais que de outra forma teriam de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e, portanto, com o passar do tempo, inteligentes.
Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.
A liberdade é a liberdade de dizer que dois e dois são quatro. Quando se concorda nisto o resto vem por si.
Pensamento duplo indica a capacidade de ter na mente, ao mesmo tempo, duas opiniões contraditórias e aceitar ambas.
Quando se diz que um escritor está na moda, isso quer dizer que ele é admirado por menores de trinta anos.
Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.
Os sentimentos elevados vencem sempre no final; os líderes que oferecem sangue, trabalho, lágrimas e suor conseguem sempre mais dos seus seguidores do que aqueles que oferecem segurança e diversão. Quando se chega a vias de fato, os seres humanos são heroicos.
A maneira mais rápida de acabar com uma guerra é perdê-la.
Podiam desnudar, nos mínimos detalhes, tudo quanto houvesse feito, dito ou pensado; mas o imo do coração, cujo funcionamento é um mistério para o próprio indivíduo, continuava inexpugnável.
Se você quer uma imagem do futuro, imagine uma bota prensando um rosto humano para sempre.
Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado.
Era um capricho e nada mais,
Doce como um dia de abril,
Mas o seu olhar azul de anil
Roubou de vez a minha paz.
Em certo sentido [o livro] não lhe dizia nada de novo, o que era parte do fascínio. Dizia o que ele teria dito, se tivesse a capacidade de organizar seus pensamentos dispersos. Era o produto de uma mente semelhante à dele, porém muitíssimo mais poderosa, mais sistemática, menos amedrontada. Os melhores livros, compreendeu, são aqueles que lhe dizem o que você já sabe.
A linguagem política destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez.
O crime de pensar não implica a morte. O crime de pensar é a própria morte.
Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante.
Retire-se da cena o Homem e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre.
O homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não corre o que dê para pegar um lebre. Mesmo assim é o senhor de todos os animais. Põe-nos a mourejar, dá-nos de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante.
Se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também pode corromper o pensamento.
Ocorreu-lhe que em momentos de crise o embate da pessoa nunca era com um inimigo externo, mas sempre com seu próprio corpo.
Toda propaganda de guerra, toda a gritaria, as mentiras e o ódio, vem invariávelmente das pessoas que não estão lutando.
Lembro-me de um truque, particularmente cruel, que certa vez fiz com uma vespa. Ela estava sugando a geléia em meu prato, e eu a cortei no meio. Não prestou a menor atenção, mas simplesmente seguiu com sua refeição, enquanto um fino fluxo de geléia escorria de seu estômago partido. Somente quando tentou voar, deu-se conta do terrível fato que lhe tinha acontecido. O mesmo acontece com o homem moderno. Aquilo que lhe foi cortado é sua alma.