garotadepreto

E havia breves momentos, sim, breves momentos em que se era possível adentrar-se ao belo universo paralelo de sua mente, abrindo as portas para tornar-se qualquer coisa que estivesse ao alcance de sua imaginação.

Dentro de si, ela podia libertar-se de todos os preconceitos, ficando livre do senso comum. Se quisesse fazer uma viagem intergaláctica, ela poderia. Se quisesse estar no topo do monte Fuji, no Japão, ela poderia. Aquele era o único lugar em que predominava a certeza de que de nada ela seria impedida.
Liberta da opressão da sociedade, se permitia voar. Liberta de preconceitos e julgamentos, ela se permitia sorrir. Liberta de toda a escuridão expressa pelas coisas negativas, ela não sentia vontade de fugir, pois tinha finalmente encontrado a paz, lá dentro de si, mesmo em meio ao caos.

E essa paz era a única coisa que a mantinha aqui.

Aprendi a amar minhas cicatrizes. Elas mostram o que sofri para percorrer o longo caminho que me trouxe até aqui.

Nos filmes de romance, não choramos apenas de emoção. Choramos por saber que nem sempre tudo é tão perfeito e que nem tudo tem um final feliz na vida real. Obviamente, o final da vida não é considerado algo que traga felicidade. A gente chora sabendo que essa é uma das coisas impossíveis de mudar. Talvez esse seja o real motivo.