Garota Sentimental
Passaram-se alguns dias, 20 dias quase... E como de costume já estou de coração partido. Preferia mil vezes nunca mais gostar de ninguém, esquecer o que é paixão. Eu não escolhi gostar sempre do cara errado. Eu não escolhi viajar no mesmo dia que ele, no mesmo ônibus que ele, na poltrona à frente da dele. Eu não escolhi! Eu não escolhi sentir aquilo quando vi ele, eu nem sabia que era ele meu Deus... Mas porque comigo tem que ser sempre assim? Eu não fui em uma balada procurar um cara farrista pra me apaixonar, eu estava em um ônibus voltando pra casa e ele tava lá também, e de início eu nem sabia que era ele, quando ele foi embora eu tive um achismo que seria ele, mas nem certeza era, e eu já havia me apaixonado. Não foi a primeira vista, nem ao primeiro toque, mas foi ao primeiro cruzar. Ao respirar o mesmo ar, ao sentir a presença sem ao menos dizer uma palavra um ao outro. Uma conexão inexplicável como eu descrevi. E eu meu Deus, não escolhi sentir isso, se eu pudesse nunca teria sentido aquilo por alguém que tem compromisso, não eu jamais escolheria isso. Eu quis me afastar, eu quis muito Deus sabe, mas ele não me permitia, a cada simples mensagem e a cada música indiretamente decifráveis, eu não conseguia resistir em mostrar indiretamente o que eu estava sentindo. Eu entendo ele, entendo ele ter escolhido se afastar, mas não entendo porque uma pessoa precisa mentir pra isso... Mais uma vez meu coração está partido, e eu não escolhi e eu não queria, não queria ter mais uma pessoa pra se afastar, ter que deletar mais uma pessoa da minha vida. Preferia que não chegasse ninguém na minha vida ao ter que deletar mais alguém dela, já estou cansada disso, isso fere, me machuca... Queria não amar, mas eu sou amor dos pés à cabeça. Queria ao menos amar o cara certo, o cara que me amasse também, e que fosse livre pra isso. Mas eu não posso escolher, que pena, que tristeza, minhas histórias de amor sempre acabam em dor.
Ele se afastou de mim, é isso dói. Dói saber que ele nunca vai saber sobre os meus sentimentos, nunca vai saber que eu ficava horas olhando a foto dele antes de dormir até pegar no sono. Ele nunca vai saber que meu coração bateu forte quando eu vi ele subindo naquele ônibus, quando eu senti a presença dele; ele nunca vai saber que eu troquei os cobertores quando ele saiu do ônibus, só pra sentir o cheiro dele... Ele nunca vai saber que eu me apaixonei por ele, e isso dói.
Talvez eu não tenha sorte no amor. Talvez eu não saiba fazer a escolha certa, ou, talvez eu escolha demais. Na verdade eu não sei, não sei mesmo. Muitas vezes tenho certeza do que quero, e do que sinto, mas nas outras vezes, não sei nem quem eu sou de verdade. Não posso fazer uma escolha, escolher uma pessoa como quem escolhe um cacho de uvas no mercado, não posso procurar por alguém, se nem sei onde estou. Preciso me encontrar, preciso descobrir o que realmente me faz feliz, e então, no fim ou no meio dessa bagunça, deixar que alguém me procure, e me encontre.
A pior perda é aquela que a pessoa escolhe ir. Ela escolhe não ficar mais ali do seu lado, pegando na sua mão e mantendo firme os seus pés no chão com aquele sorriso de esperança, que o mundo é bom. Ela escolhe ir, mesmo podendo ficar. Ela escolhe ter novas experiências sozinha, e não com você. Ela escolhe viver o mundo sozinha, e não do seu lado. Essa é a pior perda, por que dói e o único remédio que pode curar essa dor é o tempo. Você não tem domínio sobre a situação, nem pode forçar que a pessoa fique e muito menos forçar que ela te ame. Mas você pode escolher abafar essa dor, tem gente que diz que "não se pode fugir da dor"... Realmente, às vezes vai ser difícil fugir, mas na maior parte do tempo da pra ocupar a mente e o coração com momentos seus. Você pode ser feliz com sua companhia, você não precisa ter "um alguém" pra se sentir completo. Ame sua presença, seu cheiro, sua fala... Ame a maneira como você é especial, passe a amar cada vez mais a sua companhia, e você vai entender que, gostar/amar alguém não é uma opção, mas sofrer por esta é uma escolha. E amando sua própria companhia, você não terá sequer tempo para se lamentar pela falta do outro. Ai você vai entender, você não perdeu nada, quem perdeu foi aquela pessoa, ou talvez os dois ganharam.. Quem vai saber? Mas de uma coisa tenha certeza, você ganhou! Você ganhou a descoberta que quem vive de migalhas são os pobres, pobres de sentimentos, pobres de amor. Gente rica de amor nesse mundo é que está em falta, mas você ta ai, sobrando amor... Você ganhou a descoberta de que sua presença é a melhor companhia, e quando você descobrir isso, a pessoa certa vai ter certeza disso também, e vai saber valorizar cada sorriso seu. E então, você finalmente vai compreender que tudo acontece por que tem que acontecer, e só lá frente a vida resolve nos dá uma explicação.
Meus sentimentos são tão intensos. Eu demoro tanto pra me apaixonar, é difícil alguém despertar esse sentimento em mim, mas quando me apaixono é rápido que nem percebo que me apaixonei, e quando me dou conta já estou confusa e perdida dentro daquele sentimento. A coisa mais difícil pra mim é não poder demonstrar o meu amor, o meu gostar, o meu carinho: quando, por algum motivo, preciso me manter em silêncio e não falar nada sobre meus sentimentos, isso é tão difícil. Meu corpo treme e meu coração arde, é como se fosse algo que não pudesse ficar apenas em mim, é uma necessidade de compartilhar e tentar. Me sinto uma fracassada quando não conto pra pessoa que o amo, mesmo com a quase certeza de que não adianta, mesmo sabendo que vou quebrar a cara e me arrepender imensamente de ter falado; preciso falar, preciso tentar, fazer algo pelo que sinto. Se eu não falar ele nunca vai saber, e eu nunca vou poder dizer que eu tentei. Eu não consigo conviver com isso, eu tenho necessidade de esclarecer as coisas e os sentimentos, como uma pessoa tem necessidade de oxigênio.
É estranho quando a gente se apaixona. Em um dia a gente tá de boa, não conhece a pessoa, e no outro dia se apaixona sem esperar, e a vida começa a ficar vazia quando a pessoa não está presente na nossa vida. Um dia sem falar com a pessoa parece que nada funciona, fica incompleto... Pior é ter que conviver com essa falta, já que não tive nem a oportunidade de conviver com a presença;