Gabriela Carlotto
Conselho
Irracionalidade! Decifrando imagens sem nitidez.
Níveis extremos de trauma
Espiã na luz baixa dos bares.
Métrica para seguir feixes de olhares, visão meticulosa de ambientes.
Analista de gestos, cientista do ciúme. Amedrontada da mentira!
Torna-se egoísta e psicopata do amor: comete o crime de furtar vidas.
Não acabes por destruir a paixão dele por ti,
Amiga!
Ao não analisar gestos e falas, corre-se riscos. Mas ao analisá-los, perde-se muito mais: intensidade de viver...
Em meio ao desprezo, a roupa íntima mimosa, vermelha, penetrou na pele queimando de fogo o entubado e jovem útero
[ocupado.
E agora, inércia, lamento ou contentamento?
Falta de soluções.
Ausência de racionalidade.
Amor latente e divino,
empecilhos catastróficos.
Persistentes paradoxos,
difíceis decisões.
Estás suscetível às mudanças de temperatura:
faz calor logo faz frio.
Fecha os olhos...
-Não durmas, na escória
no poste escorada
na vida encostada!
Perdida.
Implicante, lindo, insolente - o demônio! Sabes que és o glorioso, do gosto amargo da minha existência.
Tua fisionomia são verbos que infindávelmente conjugo no tempo presente. Tempo que quase nada sei onde a fenda de "quase" é preenchida com boatos fragmentados. Pobre amontoado de sentimentos que sou, arrumando dezenas de ligações pensadas com cólera para fins bestas. Que nem respeito dizem-me: sem perguntar nada monto minhas fantasias.
Deixe meu céu desanuviar: os dilúvios de espinhos já deleitaram-se tanto!
E não sendo suficiente, ainda pregam peças - aproveitam-se de minhas ingênuas esperanças para, só por prazer, também perfurar o que restou.
Então a época das chuvas vem e vai... para certificar-se de que nada será reconstruido.
Tenho de conviver com o fato de ter muitas opções na vida, muito o que pensar, e lá perder-me. O tal do livre arbítrio.
Sou a voz tímida que sussura ao pé do teu ouvido;
O ruído inquietante de passos de mulher, na lajota do teu corredor;
No silêncio impiedoso de certas noites.
Podes escutar, na calada da noite,
O eco dos meus gritos de dor que as paredes absorvem?
Ou serão, gemidos de amor desesperados,
Indecifráveis fora do meu coração?
No vácuo, o gongo dispara em sua violência
E o sol tornou-se sombra - os olhos podem permanecer adormecidos
Pois os minutos correm como ratos assustados, e logo tudo volta a ser essa calmaria colérica
Que é o sonífero da minha angústia.
A memória é só o que resta - e a lembrança o estopim da saudade, que desce sua lâmina fina sobre meu corpo.
Estou enfrentando o tempo, intempestuoso e aterrorizante. Ele é irremediável: Arrasta os sonhos, os desejos e as preces.
O perfume, tão sutil, é o amor vivo e intocado : Como tudo o que é vivo, morrerá só junto à minha carne.
Passara a noite revirada, cobertor macio feito casulo:quem dera acordar bela borboleta, para sobreviver 24h em vida plena!
É falta. É insuficiência. Escassez e deficiência. Para os seguidos "Eu te amo" soarem limpos na claridade do dia...
Penso se prefiro consumir-me pela subjetividade enlouquecedora ou em anonimato, na ausência do meu eu em suma: anestesiada.
Atestado de hipocrisia é não olhar o próprio umbigo e perceber que todas as reações em volta são consequências de suas ações!