Gabriel Solia
Hoje acordei com meus sentimentos na ponta do lápis e com minhas lembranças enxarcando meus olhos...
Eu olho, eu vejo, eu enxergo, a mesma coisa, sempre boa, idêntica, mas com tantas diferenças, com tantas desavenças, a minha vida de encrencas, de cenas, de penas, de poemas...
O ato, ou efeito, do defeito de ter feito, suas vontades, suas maldades, seus conceitos, esquecendo, padecendo, e morrendo por dentro, esperando um encontro, suponho, que nunca irá acontecer...
O dia, que dia, parecia, que inebria a chegada, da amada, da bastarda, da desgraçada, da solidão...
Minha alegria, minha autoria, minha nostalgia, ver você sozinha, não minha, tão linda, minha sina...
Meus pecados, pacatos, ultrapassados, retardados, sem motivos, desperdícios, de uma vida, minha vida, minha história, minha escória, minha tragetória...
Toda tarde, dá saudade, felicidade, capacidade, que não existe mais...
Latitude, Longitude, juventude, atitude, coisas que nunca entendi...
Solidão, paixão, violão, canção, estiveram sempre na minha mão...
Sem porque, sem querer, sem saber, o que escrever, sem ler, sem perceber, sem receber, só se doar...
Gostar, amar, degustar, desfrutar, tudo fiz, tudo senti, tudo quis, tudo perdi...
Não sei o que escolhi, não sei o que pedir, não tenho cardápio, não fiz estágio, pra aprender, a escolher, o melhor pra se ter, não o querer...
Acabou, terminou, enterrou, o morto, o restolho, o desgosto, o fogoso, mês de agosto...
Quer ser um grande poderoso? Comece limpando seu quarto.
Quer ser um homem respeitado? Comece respeitando os outros.
Quer ser popular? Comece com simpatia.
Quer ser feliz? Viva a vida com alegria.
Axo que na minha insana busca pelo amor, acabei me perdendo na floresta da dor, sujei meus pés na lama do rancor, percebi que não só de perfume é feita a flor...
Aprendemos a viver cara a cara com o descaso. Nossa sociedade impõe o fracasso. Já estou acostumado ao café e ao tabaco. A doença é consequência desse presente passado. Meus grandes ídolos são odiados. Meus gostos são amargados. E, as grandes farsas e mentiras modernas, preparadas pra aquelas, pessoas que, sinceras, se deixam levar pela pressa, de tentar ser alguem, de viver o hoje, e esquecer o amanhã, pensar sem consiência, e agir sem consequências...
Nunca o conheci, ninguém nunca o conheceu...
Pois sozinho viveu... e sozinho assim, morreu
Sabíamos muito sobre ele, ouvíamos falar
De como era forte, ninguém queria o enfrentar
Ele vivia em uma casa conotativa... Que ninguém via
Ele a chamava de “Metáfora”, também chamava assim sua vida
Segundo ele, todos tinham a chance de ser felizes, e de tudo querer
Menos ele. Ele tinha muito saber, muito querer, mas nunca teve o que quis
Seu erro foi viver de sonhos, querer encontros, ignorar seus olhos, e abraçar seus medos
Seus erros o levaram ao maior dos erros, que foi deixar de amar, amar a deus, amar a vida
Nada inebria, nada brilha, nada existia, apenas a bebida...
Se pudesse, bêbado estaria, todo dia
E podia, e gostava, mas nem isso conseguia
Por se sentir tão baixo, por se achar tão fraco
Não defendia nem seus sonhos, nunca cometeu seus próprios atos
Deixou a inteligência de lado, preferiu viver de trapos
E deixava suas mulheres serem seus carrascos
Nunca realmente soubemos quem era esse homem
Não soubemos se ele tinha nome
Ele se intitulava sozinho, solidão, ou qualquer coisa parecida
Depois pedia mais cerveja, e pagava sempre a vista
Tinha seu dinheiro, tinha sua vida
Mas nunca conheceu, muito menos teve o que mais queria...
A liberdade de voar sobre os campos lindos e esplendidos do amor
Pois suas azas foram cortadas logo cedo, e ele era triste demais pra recolocá-las
Escrevia cartas, escrevia em praças, em bares, mas vivia nada
Sabia tudo, mas não era nada
Olhava tudo, mas não via nada
Queria o mundo, mas não teve nada
Senhor Solitude, hoje bebo da sua mesma água
Compartilho a mesma cachaça
E mesmo morto, mesmo esquecido
Ainda bebo contigo, e compartilho de todos os seus vícios
Vi em você eu, e eu tropecei e caí
Só quero estar bêbado demais pra não lembrar daqui
Pois, Senhor Solitude, hoje eu te entendo, sei por que não agüentou isso aqui.