Gabriel SIlva Corrêa Lima
A frase mais importante do mundo
É aquela que me provoca ao pensar,
aquela que me faz imaginar,
o que seria sem isso?
Busco todo dia a frase mais importante,
mas um dia uma pessoa me disse:
"A frase mais importante do mundo é aquela que só há o verbo amar."
O que é a noite
A noite é um festival de sombras
que se erguem rumo a lua,
à imensidão das torres ,
onde o mal urra no jardim
semeante das flores
Vim colher vocês,
uma pessoa por vez ,
para colher e semear
as sementes do êstase crestado
com prazer ardente e paladar refinado
Deixe-me espalhar a semente perdida
necessidade avassaladora
e soltar a angústia em ti contida
Bebida tetra
Fervente da água cristalina
soluto de ralos fragmentos só,
mas sei que abrasa ainda mais o suor na colina
para me dar inspiração
para me dar essa paz,
ao degustar de um néctar semelhante ,
é árduo e merecedor
quão seria tal semelhança o solo em que semeaste
Observando atentamente ao colher,
a nostalgia que impera em mim a esta produção
tal bebida então escoa pelos lábios e desse a garganta então
ai posso observar de tudo sem no mínimo esmorecer
Como se o sangue arquejasse mais ligeiro ,
pelas artérias barradas por açúcar, que me dão essa imponência ,
mas logo após, o efeito se dissipa,
levando-me a perder toda a agitação
permaneço a convalescência
Não serei esnobe a ponto
de exigir-te efervescente
e esperar esfriar , e sorrir ...
Gabriel Silva Corrêa Lima
É poesia
É adequado, é educado ,
é marcado, é meado...
A pena é equivalente a uma pá ,
sento-me a frente de uma tela,
eles se punham a frente de um compêndio
cheio de informações,
apenas estavam brancas...
A tinta, o tinteiro,
o mártir da inspiração, a pressão,
o fardo, o verso,a estrofe
a escansão, a nostalgia
a coação .
Eu pertenço a uma liga
forjada do simbolismo,
moldada pelo romance,
tentada ao sensualismo ,
vim do limbo dos poetas,
é minha chance de brilhar ,
vou sim ... vou escrever,
vou descrever ,
os olhares de todos...
ao olhar de minha poesia ...
...poesia
do ludibriar
Não perder a rima
não perder a métrica,
não perder o chão ,
não perder o teto ,
ser eterno, lembrado ,
criticado.
E na praça?
_Petrificado.
Me dão os punhos,
a garrafa, a velha pena, as teclas,
as vezes o lápis,
folha de caderno,
escrivaninha consumida,
me dão o drama,
o carma, as leis,
as fugas,
a alma poética então
contida.
Gabriel Silva Corrêa Lima
EGO
Fujo da nostalgia diária,
em meio a um pleito de solidão
cujo só com árdua bravura
este sentimento deve-se
a maturidade de uma breve escansão.
A maturidade concernente,
é aos olhares imprudentes,
não suportam melodias,
verdades ou fadigas,apenas suas filosofias...
senescentes de egos descontentes.
Atina o tal ego desvairado só a pensar
iracundo seja meu esmorecer ,
nesse sujeito descrito não há beldade,
só mero luxo e voluptuosidade
nada virginal escrevi para épico padecer
***
Então não tenho beldade
só luxo e voluptuosidade
Gabriel Silva Corrêa Lima
Final do bimestre
Torturando-me estou,
me observando decair,
por meros conjuntos pontuais,
que toda manha são postas
ao que se nota, nada muda
e todos os alentos esmorecem dores
sempre iguais.
Tal uniformidade, se dá apenas
por tenebrosas situações,
que se apegam as mais complexas obras
e mais impetuosas ,dificilmente
incorrigíveis questões
Até que em parte sei agradecer,
por ser de meu o mal esforço que atina
na consciência,pois com ausência desse amigo
me pego sem palavras a escrever.
Como disse uma vez:
Não passo de libertino,
um mero vagabundo,
perambulando pelas classes
e corredores,
um mero simplório aluno,
um mero simplório aluno,
um mero simplório aluno,
vagando de vez em outro mundo.
Gabriel Silva Corrêa Lima
Rotina
lusco-fusco...
é o amanhecer de meus tempos
que faz-se principio de meus verbetes,
o bom do sereno, e dos orvalhos ...
cálida hora...
o melhor a fazer então ,
é observar os versos de outrora.
Apenas a me lembrar do antes,
a custe da tarde de meus versos ,
descrevem com peculiaridade,
és o horário mais fastidioso
o horário que meia a manhã e noite
essa tal tarde...
Vai crepúsculo, que se inicia
ao brilho da majestosa musa cândida...
aos céus paira, e minguante está.
Quero ver na sexta a cheia se revelar...
vou perder a linha, e como infante homem
ser um mero lobo,
talvez...um apaixonado lobisomem
Letargia que se enaltece,
logo agora que a diversão impede a nostalgia
de ver-me vibrar ao chão que
não rima
Gabriel Silva Corrêa Lima
SALA
Alardes são mesclados com algazarra ,
uma situação fria e desconfortável,
um acomodo ereto e inspirada peça
se apóiam o braços e artifícios
Tem forma hexagonal,
um compendio branco e brilhante
uma hélice cíclica,
mesas bem formadas,
e me traz o sono só de observar a janela penetrante
As beldades que aqui se encontram,
são divertidas feições em um contexto interessante
outras no entanto são frias, chatas e maçantes
e as conversas são peculiares ,
vem meu pensamento como refúgio de um infante.
Gabriel Silva Corrêa Lima
Homenagem a Charles Baudelaire
Ah!Baudelaire, então qual seria sua obra majestosa ?
Que me deslumbra de sentimentos lúgubres
e logo afana as dores que há em Paris
pois em moral pública vos digo meu irmão ,
não há obra sua mais simbolista e eterna
que nos arredores de uma imensa derrisão.
Um alento se vai, a cada verso escrito,
as pétalas das flores do mal são ásperas,
porém com uma brevidade e serenidade que nem os
deuses parnasianos poderiam conter,
arde a chama do espírito boêmio
ao escrever sua homenagem por verbetes simples
pensando em sua morte sem esmorecer.
Não quero mais escrever obras fátuas,
quero navegar no rio da poesia,
conhecer as feições mais geniais
e fazer amor com as sacerdotisas
mais perfeitas do monte parnaso.
Gabriel Silva Corrêa Lima
A vida é como dinheiro, pode para ser gasta descomunalmente , pode ser economizada fielmente até que se gaste com o melhor , ou gasta moderadamente ao decorrer do tempo
O homem que não souber o labor que tem o ódio para ser um bom poeta não saberá amar , porém se amarmos o ódio ele deixa de ser ódio e vira Amor
Bom homem é aquele que sabe viver a paixão. Homem genial é aquele que consegue descreve-la com poesia
Mentira
Injuriado, pobre homem,
caluniado pela lâmina da mais afiada justiça
de pente fino,
pobre homem...
destino que cuidas desse ser.
E que em um mágico dia seja manumito
e seja banhado pelo sangue de teu próprio corpo esbanjado.
Agora tarda...
desvendas tarde...
tal homem injuriado.
Lúdicos sonhos pulverizados ao vento,
devaneiam na mente de cada mentiroso,
que perpetuam de remorso, a cada ato cometido,
são extasiados pela fadiga da veridicidade, quão vorás rancoroso,
não raciocinam por cada ato violento.
Homem calculista, somos todos nós,
a mentira não é mais mentira,
tão sega a sociedade,
quão hipócrita a língua,
de pouco a pouco asilam
essa outra realidade
Meu sobretudo
É neste santuário, casa sagrada
que a santa dorme, com suas mãos veladas ,
sobrepostas aos seios
cambiando uma lágrima de dor
receando e criando amparos
para teus próprios anseios
Sacerdotisa minguada
que enaltece a solidão ,
tens de orar solenemente
para que a dor ressalve os fragmentos
de seu passado fardo .
Ó !! Virgem pura e humilde de coração
imaculada, virginal , mãe dos escandinavos
orai por nós,
ó mãe dos santos protetores de minha castidade,
tem de piedade de todos nós,
mãe admirável, suntuosa,
"rogai por nós que recorremos a vós. "
É aqui, nesse sacrário ,
que meu fim infame se esconde
a não ter o labor de orar,
não serás preciso, mãe faça isso por mim...
minha carne voluptuosa não és mais nada,
só lhes reta agora por mim velar
Dizem para irmos até a luz do fim do túnel, para sobreviver a escuridão que há em um lugar como este , temos de ser sombra, somos a sobra dentro deste , se sairmos , iremos ser dissipados pela luz .
Me estrangule e me parta !!!
Ah... o olor imaginário de teus cabelos!
loiros como ti mesma , está a me afagar em um veemente debelo
como outrora , em que muitos homens se escondiam por tua carícia .
Ignorantes vermes de teu sorriso e mal interpretes de tua malícia.
Más, do imaginário , só pude no máximo ser abstrato ,
jamais viria tuas amostragens orais de tua voz , quão brandura!!
sequestrando meus alentos da abrasada e atroz chibata do mal trato
retorcendo tudo em urros.Ah feridas sem cura!!
Quero mais que tudo ,a foz de nossas bocas
em um choque sensitivo e revoltado das fatídicas línguas
resvaladias e de peculiar sabor dado ao tempero de minhas mínguas,
ascendendo minha vital inspiração e poesias de tuas curvas mais rotas
Gabriel Silva Corrêa Lima
Livro ancestral
Em tua rija fronte e em tua encanecida lauda,
hão estrilos tênues de tinta e traça,
em tuas ditosas orações meu intelecto embaraça
toda a cerne de requintes à palavra rebuscada
Às lufas, sutis folhas reverberam
ao recinto taciturno desta umbral
face da biblioteca de década ancestral,
e onde os clássicos, todos olvidaram
Seria anacrônico um emprego adjetivo
a sujeitar a obra anátema nalgum subjetivo
poema em prosa, que aos leigos é massivo,
mas que para simplório julgo, mais avivo
Ao que lhe tange como relíquia,
não há cédula ou metal que com que se pague;
e sem que o gesto atroz lhe rasgue
obsessivo pela falta, que há tempos traz a míngua
Gabriel Silva Corrêa Lima
Irônica flor de primavera
Dentre a corpulenta e cinerícia atmosfera,
faz-se o fôlego mais ignóbil, o de mais valia,
sob o único aspecto malsão que se há na primavera
e sob o que se penetra às narinas a instigar hipocondria
E penetra lesta sob a cerne do botão
mais grácil e terno destas insípidas terras,
crescerá à cizânia, como a um lupanar loução;
não queimarias, despontas apenas cadavéricas
Orlas matinais, que à teu mais anacrônico
e pérfido olhar, vistes fecunda terra;
mas como farias para suplantar teu estado antagônico,
se fostes em vida, o malsão desde outrora?
Ah, compreendo mais que tudo, compreendo
este suplício pelo que há de apurado e cristalino,
mas se não há esmorecer,então como não há ânimo?
Tua vida imortal fora tua morte,e o bendito néctar, meando.
Ah, era numa abrasiva estia de primavera,
onde todo o baque aos corpos e pedregulhos
franziam os sinais do mal e teus debulhos;
pranto insólito e vil de tua quimera
Que sorria ao sarcasmo da primavera.
Mas seria a era dos algozes despejados,
que sob os prantos execrados,
dilaceravam as flores da quimera.
Mas nada se esvanecia da vil flor de primavera,
que escarrava e debelava qualquer utopia,
e cada vez mais tua ironia se ascendia
ao pranto que se há na primavera
Gabriel Silva Corrêa Lima
Invocações
Ermo em pensamentos abissais,
absorto em nomes, em eras,
e nas vilãs cosmopolitas esferas
que ecoam vozes subliminais.
De Nietzsche, Gogh, Baudelaire,
de Augusto, Edgar Poe no exílio,
de Dante, de Cervantes, Virgílio,
na paixão moderna que se fere;
mas que n’altivo cosmo, poeira,
veio Souza(cisne negro) à vis paixões;
no exílio veio Glauco, na cegueira;
na angústia, o Gogh que fizera
minhas caricatas doidas expressões,
pela singularidade de uma era.