Gabriel Oliveira Barbosa
Felicidade alheia
Via ele ao lado externo das casas, pelas janelas de vidros, sorrisos, amores e emoções.
Desejava como nunca desejou, viver o que outros viviam pois ali poderia estar sua felicidade.
Mal sabia ele, que enquanto ele via através da janela, perdia o mundo que estava a sua mercê, a suas costas.
Nem mesmo os defeitos
Nem mesmo os defeitos são tao ruins quanto dizem.
Nem grandes, nem pequenos,
Nem leves, nem profundos.
Nem mesmo os defeitos são todos os culpados pela dor.
Nem mesmo os defeitos podem ser deixados para trás.
Nem passado, nem presente, nem futuro.
Nem mesmo os defeitos podem ser cortados pela raiz,
Pois nem só de qualidades é feito um ser.
Nem mesmo os defeitos podem ser levados a júri.
Nem um, nem outro,
Nem por necessidade, nem por futilidade.
Pois o equilíbrio é melhor que a ilusão de perfeição.
Mulher feito estações
Tu mulher que me seduz à varias estações,
Com olhar de primavera,
Abraço de verão
E beijo de outono com sabores silvestres.
Mulher de fases,
Difícil de surpreender,
Que se destaca entre as demais
Pelo simples jeito complicado de ser.
Cara mulher que sobe no salto
E mostra do que é capaz.
Dona de si mesmo,
Turista em caminhos que nenhum outro ousa trilar.
Tu me faz sonhar, acordar, iludir e desejar.
Mulher que me fez escravo de sua beleza,
Voluntário pra te conquistar,
E ainda na liberdade de desistir, sabe que uma única troca de olhar é suficiente pra nunca mais partir.
O poeta andarilho
Feito andarilho
Percorre vários caminhos
Em busca de um coração
Em que possa chamar de lar.
Alma de cigano,
Coração de poeta.
Um explorador nato de mistério e emoções.
Como pode ser assim?
Em tempo de mais,
Ancorado ficou em um coração que o bem não lhe fez.
Se desprender foi difícil,
Mas o dia chegou.
De forma inevitável se aproximou a angústia.
Por mais que houvesse sofrido,
Não era fácil se despedir de onde muito tempo se chamou de lar.
Ainda mais sendo este coração o próprio que ele carrega no peito.
Vários outonos depois do ocorrido, sentado estava ele em baixo de um pomar.
Escrevia poesias quando um folha seca em seu rosto caiu.
Ela lhe fez desviar o olhar, este olhar encontrou um destino pois havia se cruzado com outro.
Algo ali roubaste dele toda atenção, lhe provocou uma sensação de descoberta.
Seria esse seu novo lar?
Ou seria mais uma de muitas decepções?