G.H Oliveira
Fascínio
Aquela ama a vida
aquela é doce e amável
aquela é surpreendente.
Aquela se enrola e se atrapalha toda
aquela é desajeitada.
Aquela encanta com seu nariz empinado
aquela tem os olhos certos e cheiro adocicado.
aquela ousa ser incógnita
aquela ama disparatadamente
e aquela intensamente.
Aquela te deixa desconfiado
aquela te faz sentir assim... atrapalhado.
Aquela é imperfeitamente perfeita
e aquela tem jeito de princesa.
Aquela tem paixão
aquela te seduz
aquela complica.
Aquela apenas tem medo de ficar só
aquela só quer ser amada.
E de todas, aquela é quem tem o fascínio
é quem deslumbra, é quem balança e que de forma... encanta.
Seus acordes desajeitados e a sua mania engraçada de usar meu capotraste para gritar que "só os loucos sabem" era de encantar. Talvez um dia tocasse um beatles ou stones, mas acho que nada melhor do que patience pra me acalmar. Seus olhos brilhavam musicalidade, e apesar de desajeitada e sem paciência, seu ritmo me guiava e me conduzia na minha caminhada.
A cada gota um novo pensamento, a cada raio uma nova surpresa, a cada trovão um medo estonteante. É assim que vida nos mostra o quanto somos frágeis perto de nossa natureza desafiadora. Em meio tempestades, somos apenas gotas secas envolvidas em nossos próprios casulos... O homem nasceu pra ser livre, mas poucos, aproveitam tempos assim para lavar a alma.
O ciclo
Mais um ciclo chegou ao fim, mais um ciclo independente insano e intenso. Sentimentos rolaram de uma forma sem igual, novas palavras foram ditas, e acabei por conhecer, um pedaço de mais uma vida.
Este foi um ciclo apaixonado e feliz, tinha algo diferente dos outros, algo especial. Mas as divergências vieram, os conflitos se fizeram. E o ciclo apesar de perfeito, ainda não estava pronto, era incompleto era instável.
Foi mais um ciclo de duas vidas que se conheceram e se amaram, e que agora chegou ao fim. Um ciclo que marcou vidas, e ensinou a viver.
Fórmula do amor
Doses de amor, montantes de paixão, parcelas de confiança, e pitadas de ciúmes, e muita intensidade. Esta pode ser a fórmula do amor planejado, do amor construído, do amor inventado. Aquele inspirado nos outros, que aparentemente são perfeitos.
Não são necessárias muitas tentativas para se perceber que amor não tem formula escrita e sim formula a ser criada. São feitos de maneiras únicas, se completam nas diferenças, possuem química, física e biologia.
Amor de verdade é imperfeito, diferente e às vezes estranho. A beleza do amor está em suas estranhezas, em sua unanimidade e na forma que é vivido.
Amor de verdade não é copiado, não é formado de conselhos nem de opiniões. Exemplos são para serem observados e não implantados.
O amor acontece, e possui seu próprio tempo de preparo. Não há fórmula mágica, mas doses de sinceridade e compreensão serão sempre bem-vindas.
Eis a fórmula do amor...
Saudade Póstuma
Você se lembra de tudo como se fosse hoje, dos momentos felizes que se foram. Das dores, claro você esqueceu. Pois o tempo cura tudo, mas não apaga a saudade.
Desejando que o passado se transforme em futuro. E que tudo seja como antes. O passado são seus planos futuros, já seu presente, é viver o passado.
Mas são saudades póstumas, e não eternas. E é você quem insiste em segura-las. São como barreiras que te impedem de andar. Mas quem é que disse que você quer andar?
Bom, e do futuro você esqueceu. No meio desse montante de passado, ele se perdeu.
Mente Incessante
Pensamentos me cercam a toda hora, o que eu quero agora depois já não teria proveito nenhum.
Talvez seja tudo culpa do capitalismo, que me faz querer tudo sem precisar de nada. Trazendo com sigo a boa e velha sensação de felicidade.
A mesma felicidade que dizem ser alcançada com a realização de todos os nossos sonhos e desejos. Sonhos que simplesmente são impostos pelo capitalismo.
Mas será que sou feliz?
Disseram-me que para ser feliz é preciso ter um grande amor. O mesmo amor que te faz triste, te põe no chão e te joga na fossa.
Então como algo assim pode me fazer feliz?
Disseram-me que para ser feliz eu também teria que ter dinheiro. O mesmo dinheiro que mata, destrói, e causa desigualdade. Que é o mesmo que todos dizem não trazer felicidade?
Faz todo sentido, não é mesmo?
Mas na verdade o que eu quero?
Bom, eu quero é ser feliz.
O primeiro Beijo
O primeiro beijo, sim o primeiro! O primeiro de uma vida, o primeiro de uma conquista ou o primeiro de um grande amor. Aquele que ensina, aquele que excita ou aquele que apaixona.
O beijo molhado, o beijo doce ou o beijo babado. O beijo que leva pra casa, o beijo que leva pra cama, ou o que termina a balada. O beijo insignificante, o beijo que não se esquece e o beijo que quer se esquecer.
Ah, foram tantos que eu nem me lembro, foram tantos que eu mal sei diferenciar. Mas, de alguns eu me lembro bem. Não pela qualidade, não pela técnica, mas pela intensidade destes.
Pois um beijo não se dá, se divide. Um beijo não se pede se conquista. Um beijo não se sente se vive.
A vida trouxe o fim de mais ciclo em seus dias, fim necessário, visto que você terá grandes recomeços em sua vida. Foram 365 dias, dias tristes, felizes, dias de pura rotina e aqueles dias que você mesma não consegue definir. Viva este recomeço, desabroche e floresça nas quatro estações do ano, na certeza de que quando o inverno passar a primavera será sempre mais bela.
Crise existencial
Com o passar dos anos venho a notar, nesta mesma época, neste mesmo dia, este sentimento que corroí chega rodeado de questões. Quem eu sou? O que eu quero? Sou tudo o que quero ser?
É uma época sombria, são tempos de reflexão. A verdade me atormenta e com ela vem a decepção. O que devo fazer? Eis a questão! Não entendo o motivo, nem mesmo a questão, mas o sentimento continua vivo no amago de minhas emoções.
Sou quem posso ser? Sou quem sonho em ser? São montantes de questões a serem respondidas e tantos fatos a serem encaixados.
De conclusão não me restou nada, no final de tudo, tantos sentimentos não me levam a nada. Talvez sejam a crises do tempo, talvez sejam crises necessárias, de uma vida que esteja a ponto, ou necessita, ser transformada.
Não gosto da ideia de não poder controlar minha própria vida. Isso certamente me faz abominar o conceito de "destino".
Se a vida estivesse pré determinada, e se baseasse apenas nas mãos de tal "destino", perderíamos a maior arte que um dia foi posta nas mãos de um ser chamado "humano", a "arte de viver!"
"Destino" sempre levando a culpa pelos "erros e acertos". Responsável por "unir e desunir", decidindo por "acontecer ou não acontecer", por "ser e não ser".
"Destino" que tapa buracos, enterra erros, e que de certa forma, enaltece egos.
Com o "destino" não existem "erros", não existem "perdas", Apenas, "destino"!
"Viver" é arte oposta, escolhas, erros, acertos!?. O "acaso" assume o papel de coadjuvante no espetáculo, seguindo passos dados e caminhos traçados pelo protagonista.
Para alguns "destino' talvez seja questão de crença, para outros de fé. Mas a única crença que desejo levar comigo, é a de que "O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído"
Recomeço
O recomeço se aproxima com o transbordar de uma mente em razão, de tal forma que sentimentos enfraquecidos simplesmente não sobreviverão.
Enfraquecidos pelo tempo, pelo momento, pelas batalhas com estes travadas.
Pode se fazer por entender, mas travar guerras interiores contra algo que já nos fez bem, é dos mais cruéis desafios.
A vida tem disso, ela nos permite viver das mais diversas maneiras, deixando claro que recomeçar é a melhor oportunidade para reviver
G.H Oliveira