Frei Almir Guimarães
O silêncio é esterilidade e hostilidade, é terreno baldio e é desumanização se por detrás dele não há uma palavra viva e comunicativa que crie convivência fecundadora de humanidade. Quando a Palavra se manifesta como presença e mensagem, o silêncio se torna meio indispensável para a escuta e o acolhimento. Escutar o esposo e a esposa, escutar os filhos, escutar os gemidos do coração, escutar os passos do Senhor batendo à nossa porta.
Não se pode viver na superficialidade e na casca das coisas:
Precisamos reencontrar o caminho que nos leva ao lugar do coração, a esse espaço interior onde somos nós mesmos, onde nascem nossos desejos e nosso anseio de ganhar as alturas. Lá ouvimos as batidas do coração, o arfar dos pulmões. Percebemos que, na medida em que fazemos espaços, em que nos desapropriamos de nós mesmos o Senhor pode se aproximar e tomar de nós. Seremos habitados pelo Mistério.
Sempre de novo um passo a frente:
Precisamos ser habitados por essa ideia de um amanhã a ser construído. Mil e uma razões aparecem cada dia para minar toda determinação de nosso agir. “Para que isso? De que adianta? Parece que as pessoas sentem-se convidadas à sabedoria hedonista, à modesta felicidade do momento, ao fatalismo desencantado. Satisfazemo-nos com migalhas de pequenas alegrias do presente, coisas pequenas, tão pequenas, tão insignificantes quando esse nosso coração é feito para as alturas. Renunciando a dirigir nosso olhar para um horizonte mais vasto as novas gerações nos surpreendem cansados e repetitivos. O mundo que construímos parece não entusiasmar. Apoiados na herança do passado e já com um pé no futuro, nesse tempo de busca do novo, desbravamos as trilhas do amanhã.