Francisco de Olivas

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As Manhãs

Hoje, tristei
Amanhã indeciso
Logo felizei
E ao entardecer, nada preciso

Inserida por Franciscodeolivas

Saudade

A saudade aqui
No infinito mar
Não carece de se preocupar
Não o esqueci

Num fluxo, as lembranças
Na onda minhas lágrimas
Na água, esperanças
E na correnteza,
sua beleza

Serás esquecido
Se minha falha mente falhar
Navegarei, entretanto
No infinito mar

Inserida por Franciscodeolivas

Já Diziam Eles que Eu Era Louco

Dizem que sou o Louco
Cercado de ordinárias
Sou eu, sou pouco
Sou indefeso em batalhas.

Penso diferente, com lamentos
Há algumas loucuras nos meus sentimentos.
Há mares de contentamentos
que se encontram nos meus pensamentos

E a primeira defesa na guerra chegou,
dizendo coisas surreais.
Uma Louca se juntou
Cheio de conotações complexas, mas mortais.

Nessas horas foi-se-me questionado.
Não seria eu o afortunado
bandido e amado
com o exército armado?

E batalhei.
Suei.
Amei.
Ganhei.

E ordinários aos poucos, tornaram-se Loucos.

Inserida por Franciscodeolivas

Canção de Ninar

Fiz de você meu infinito Sol
e agora morro de calor.
Em todas as Luas fisgo em seu anzol
Ah meu amor!
Ah meu amor!

Inserida por Franciscodeolivas

Os Olhos Azuis

Alguém perfeito,
Mas sem notar
Presa em meu peito
Algo além do que amar,
Às vezes deito
Sem nem o que pensar
Apenas ela sem defeito
E profundo seu olhar
Cujo inteiro feito
Do mais belo azul mar,
E eu cá sem jeito,
Sem saber explicar.

Inserida por Franciscodeolivas

O Dia do Amanhã

O mais importante
é saber se importar.
Não são problemas a resolver
Nem compreender a amar
Apenas importe-se e aprenda
Pois esta vida é pequena
Nunca sabemos o dia do amanhã
Ou como o sol nascerá
Talvez uma bela manhã
Ou aqui não mais estará.

Inserida por Franciscodeolivas

Minha Terra

sabia que o sabiá sabia assobiar?
para que saber que sabiá
assobia
se já sei que ele pode voar
apenas com cortes do vento
saber cantar?
pois um sabiá não apenas assobia
mas sabiam que eu sabia
seu maior segredo que assobiou
o segredo da sua terra:
são sábios,
dizem os assobios.

Inserida por Franciscodeolivas

Casal Contemporâneo

Te odeio a ponto de te amar.
Tanta sede, sou capaz de beber o mar.
Sua chama de tão azul é fria.
Você é tão distante que eu iria
Tornei-me cego que viu até demais.
Você é a prova do desgosto que quero mais.

Inserida por Franciscodeolivas

As Vozes no Espaço

O silêncio
no enterro das vozes
altas
fora gritante.

tão alto que estou surdo,
mas não sei estar cego
ou apenas poeta mudo.

e ainda escuto
do fundo do espaço
esse miúdo
esse miúdo opaco.

o som
ainda ressoa
o som
de uma única pessoa.

Inserida por Franciscodeolivas

Kafka

Metamorfose:
Teu universo
É o meu verso
Meu uni
Uno
Único
Únicoverso
Universo.

Átomos

Somos partículas de Carbono
Dentro de um vasto universo,
Mas com você me sinto dono
De cada planeta, de cada verso
Desta poesia que lhe escrevo.
Universo esse que lhe concedo.

Sou meu corpo, menos você.
Sou as cores da arte que não vê.
Sem você, sou alma que não lê.
Pequenos como átomos
Gigantes como estrelas
Humanos como humanos.

E teus amores são cometas
Rasgos de pó em meu noturno
São luzes, as lunetas
Chega a noite penso e durmo.
Com a paixão que se abraça em calor,
Em teus buracos negros de amor.

Inserida por Franciscodeolivas

Consulta

"Onde, dor na mente?"
- não doutor é além:
um infinito ausente...

"Um infinito ausente
ou apenas um coração carente?"
- não, me entenda doutor
é o esquecimento do amor.

"Ora pois então não é ausência.
é apenas um infinito no escuro,
ou sintomas de corpo mudo"

- e isso é grave doutor?
pois posso ter contaminado
para paixão anterior.

"A única coisa contaminável
é céu sem estrelas, meu irmão!"
- que vida mais afável...
examina meus vãos?

Inserida por Franciscodeolivas

Amantes

Sob o brilho da luz da rua
E a escuridão pálida da lua
Caminha Solidão opaca,
Negra e com ressaca
Após arrastadas bebedeiras,
Com pessoas sorrateiras
Na noite sem estrelas
Sem amor e sem belezas

Sob o brilho da luz da rua
E a escuridão pálida da lua,
Caminha um homem opaco
Meio a meio Mulato.
O homem do dia a dia
Sentindo a ressaca da ironia
Em noites sem estrelas encontra-se com Solidão
Sem perceber apenas sua ingênua traição.

Sob o brilho da luz da rua
E a escuridão pálida da lua
Os Outros se assombram por uma janela
No quarto escuro acendem uma vela
Rindo do Mulato até doer
Do quão banal é ter que o olho ver
Pessoas tão ignorantes
Em nosso mundano mundo repleto de amantes.

Inserida por Franciscodeolivas

Através da Natureza-morta das Frutas

Numa cesta se encontram maçãs
Belas, avermelhadas e suculentas maçãs!
Junto, uma recheada rachada romã,
Pela tarde ensolaradas laranjas
Maduras e verdes mangas;
O tempo passou...
O tempo se alargou...
O tempo sem o tempo enfim acordou.

Moscas pousam nas maçãs pretas
Na romã, apenas pálidas sementes
As laranjas agora dia a dia mais azedas
E as mangas enrugadas em seus ventres.
Uma natureza morta
tal qual uma humanidade
Que caminha torta, torta, torta...
Um descaminho sem idade.

Maldito seja quem tenha comido a maçã!
Que não percebeu as passagens do tempo,
E alimentou-se sem consciência sã.
Condenara sua própria espécie ao desalento.
Agora resta-nos apenas decompor,
Na mãe terra e em seu vão,
Afundar e acabar com a dor;
Esperar novas flores renascentes de seu chão.

Inserida por Franciscodeolivas

Noite Oblíqua

Se eu te contasse
Que sou o último homem da Terra?
E a última alma que respirou?

Chorarias?

Inserida por Franciscodeolivas

Surrealismo Realístico

Ela faz história como se fosse pincel.
Para ela não há limites entre a arte, o céu e a celulose do papel.
O sangue tão vermelho como tinta
E ela que se sinta
Surrealista como Dalí
Como se nem quisesse ser dali.
Personifica o quadro de minha sala
Com o contemporâneo amor que sua alma iguala.
Abraçado ao meu e o meu
Corpo pintado ao teu.

Inserida por Franciscodeolivas

Teria um nome

Cansei de escrever tanta porcaria
Quero mesmo é viver de poesia
Se dependesse disso estaria com fome
Mas tudo bem, teria um nome.

Inserida por Franciscodeolivas

Para Roma à Marte

Amar-te é mais fácil que amar à Roma,
meus anagramas se encontram e namoram palavras ao contrário.
Minhas favoritas antíteses; almas opostas.
Roma, amoR?
Vida espelhada no lago da Lua
Até a lava e a fogueira de Marte!
Amor que queima de tão distante...
Amar-te é simples, Roma meu amor.
Marte é linda, seu fogo esplendor!

Os seus tantos caminhos viajantes...
Todos os caminhos levam à Roma,
Mas como chegar para o amor,
Se há muito espaço à Marte?
A poesia, os poetas, os planetas me ensinaram
Que o poeta é um ser "amador".
Ama tão profundamente
Que chega a transbordar de amor,
a dor que não mais sente.

De: Roma, com amor.
Para: Marte, à amar-te

Inserida por Franciscodeolivas

Família

Sempre fui a pessoa que acendia o fogo
Agora o fogo e a brasa sobrava para eles,
Ou sobrevoava sobre minha ferida alma
Que não amava, vivia avoada.

Como era criança para me tocar!
Que até as frutas da cozinha ouviam o silêncio soar
E cresci para um frio incêndio tornar
De um poema ou pomar do que foi um dia meu lar.

Inserida por Franciscodeolivas

Plurais

A saudade é tamanha grande
Que as saudades tem até um plural.
Mas é de rir mesmo, não?
Como o ser humano é paradoxal!

E o que falar da dor?
Para vários, são dores, mas a mim eterno eclipse,
Pois retorno aos meus horrores tal qual uma elipse.
Foi alma ou lua que disse sobre meu coração de antítese?

E mesmo assim, apenas um caixão para enterrar,
Mas se a vida é assim tão frágil como uma flor
Que rosa será você nas pétalas da vermelha cor?
Hei de fielmente exclamar: meu amor por você é deveras singular.

Inserida por Franciscodeolivas

Um Breu de Mundo

num mundo escuro
espreita docilmente uma voz
trens passam, as pessoas andam
sempre correndo, esbarrando no coração
do meu peito.

há um breu de sensação,
Mas só no meu peito...
talvez fosse apenas mais um vento.
Oh, mas que saudades do tempo!

Inserida por Franciscodeolivas

Abelhas na Barriga

Meu estômago não tem borboletas,
são apenas flores.
Cheias cheias de abelhas.
Agulhas que me causam dores.

Ansiedade?
Talvez medo dessa ferocidade!
Essa idade suficiente para perder beleza
crescer e competir com a velha natureza.

Quando o sol raia, prefiro por dia morrer;
os casulos crescem.
Mas a noite, ah a noite! na lua quero renascer
As borboletas florescem.

Contradição

Folhas do outono
Tão paradas quanto o tempo
Sem rumo, sem dono
Se não fosse pelo vento.

Ah! O vento que arrasta minhas dores
Seca minhas lágrimas, leva letras aos leitores.
Sou a folha de outono
Sem rumo sem dono.

E a maldita hora
Para sempre marcará meia noite de outono
E eu não saberei dizer sobre o vento de fora
Ou qual folha hei de ser dono.

Inserida por Franciscodeolivas

Homenagem

O Poeta
na floresta,
A Mãe
que o contesta
Lenta e minuciosamente.

Estão chorando
rios de água doce
e queimando
raízes de sangue branco.
Índio, onde Tupã está?

"Onde está meu verso Mãe?"
Na árvore de corpos, em seu coração.
Na natureza dos humanos
hei de encontrar a poesia
Esta nutrida de toda nação

Inserida por Franciscodeolivas

Do lado de fora

Lá fora garoa...
possuo estes quadros empilhados
e esses tenros rostos em fotos de pessoas.
São a minha curta vida! os passos molhados.

Na vida, no lá fora, trovejaram tristes sonhos.
Tomo chá; perco a hora com poetas nublados risonhos.
O agora longíquo no tempo é uma epifania no presente,
o que é antigo (amor) conduz um raio vidente.

E floresce a janela com orvalho nas gotas.
Onde velar no mar um mar de memórias?
Já se enxurraram-se, na parede balançam soltas.
Lá fora, um vento; uma tempestade de histórias.

Inserida por Franciscodeolivas