Francielle Hartmann
Meditação guiada do amor
Deite-se ou sente-se de maneira confortável. Imagine que você está caminhando no alto da montanha e vê um homem sábio sentado meditando. Você repara que este sábio tem um leve sorriso no rosto, os olhos estão fechados, mas emana muita luz e plenitude. Você começa a reparar que ao redor dele tem pássaros, plantas, animais... há um vento suave, o dia está ensolarado. Você procura não interrompê-lo, mas ele nota a sua presença e abre os olhos. Ele sorri. É um encontro de almas. Ele se levanta e vai à sua direção, chega bem perto, então põe a mão no coração dele e depois no seu coração, sem falar uma palavra. Sinta o calor. Sinta a energia do amor. Agora ele te convida para caminhar... Você o acompanha e ficam lado a lado num silêncio confortável. Você permanece em silêncio, ao mesmo tempo, fica extasiado e desperta um sentimento de completude. Não lhe falta nada. Você está completo. Sente-se pleno. Não sente dor, medo, irritabilidade e nem tristeza. Lá de cima, ele aponta para baixo e você vê a vida acontecendo: a sua e da humanidade. Você reparar que é tudo tão pequeno, inclusive os seus medos, dificuldades e problemas. Você teve um insight que de nada adiante sofrer ou se preocupar. Nenhum problema se compara a imensidão e o valor da vida. Enquanto ele caminha vai tocando em cada flor, planta, animal, terra e bebe água do riacho. Ele espalha amor e recebe em tudo que toca. Ele é amor. Ele te ensina a fazer o mesmo. A partir desse momento você vê a vida com amorosidade. Você se sente uno com tudo e com o Todo. O sábio te olha nos olhos, você percebe que também é amor em sua magnitude. Então, ele volta para o seu lugar sem ter falado nenhuma palavra, senta em meditação, mas olha pela última vez para você, sorri e fecha os olhos. Você fica emocionado, nunca sentiu um silêncio tão confortável. A comunicação entre vocês é mental e intuitiva. Você não é mais o mesmo. O seu antigo eu morreu e você renasceu. Você sai daí transformado. Agora você pode abrir os olhos e perceber que a vida é como uma teia de aranha onde tudo está interligado. Tudo é amor. Por isso, de nada adianta se preocupar com coisas que você não tem controle.Viva em sua plenitude: inale o amor e exale paz.
A DOR DA PSICÓLOGA
Na maioria das vezes, eu queria poder fazer mais...
Eliminar a dor da sua alma.
Enxugar as suas lágrimas.
Ser sua amiga.
Te ligar e ficar horas conversando.
Te mostrar como é lindo viver, apesar do sofrimento.
Dizer que sinto muito pela rejeição e traição.
Emprestar os meus olhos para você identificar o seu potencial, suas competências e capacidades.
Te ajudar a levantar da cama, abrir as janelas e te mostrar a vida com os meus olhos.
Te lembrar de agradecer diariamente.
Te segurar para não agir impulsivamente.
Te dar o trabalho dos “sonhos”.
Te fazer prosperar na vida.
Punir quem te machuca.
Te lembrar todos os dias da importância da rotina: alimentação saudável e exercício físico.
Te lembrar sempre de tomar os remédios, das consultas médicas e da importância do check-up.
Mas infelizmente, não posso fazer nada disso.
Posso apenas te mostrar que tudo está nas suas mãos e que você tem livre arbítrio para fazer suas escolhas. Por isso, respire e pense antes de fazer escolhas. Posso te ajudar a discernir melhor sobre as decisões da vida e a se conectar com o seu EU. Te ajudar a desenvolver recursos, encontrar soluções e a enxergar a luz no fim do túnel. Te falar da autorresponsabilidade e do quanto depende de você a sua melhora. Falar sobre resiliência, te dar exemplos de superação e te falar de dados estatísticos sobre a importância da espiritualidade para saúde mental.
Posso estimular a criar o hábito da respiração profunda ao longo do dia, da comida, do exercício físico, da meditação e da leitura. Além disso, te lembrar da importância de pausas durante o dia. De ficar off-line e se desconectar da internet. Posso descobrir suas crenças disfuncionais e te mostrar como modificá-las. Te falar da importância da autocompaixão e te ajudar a desenvolver mais amor próprio. Te ajudar a lidar com a ansiedade e a entender seus transtornos.
Sempre farei o possível para te ajudar no que está ao meu alcance.
Estoicismo no divã: prepare-se para o infortúnio e concentre-se no que pode controlar. Tome ação, desenvolva o autocontrole e seja corajoso. Viva pela virtude e de acordo com a natureza. Não brigue com o destino, aceite-o. Ame tudo o que acontece.
Já dizia a psicóloga: felicidade e dor caminham juntos! Cheguei a uma conclusão de que não existe felicidade sem dor. O mundo e a sociedade pedem que sejamos felizes sem sentir dor. Vivemos na era da positividade tóxica. A positividade da felicidade reprime a negatividade da dor. A medicina está aí para anestesiar a dor. Cada dia mais estamos intolerantes à dor e a evitamos a qualquer custo. A sociedade não dá voz a dor. Álcool, drogas, comida, mídias sociais, jogos, smartphones, livros de autoajuda, palestras motivacionais, filmes e seriados, consumismo e festas atuam como “anestésicos”. Dizem que cada um deve procurar a própria felicidade e, assim, ela se tornará privada. Não existe mais o sentimento de pertencimento e de viver por algo maior que nós mesmos.
A felicidade é mais que a soma dos sentimentos positivos. Quem não é receptivo à dor se fecha à felicidade. Se perdeu a arte de sofrer a dor, se perdeu também a felicidade. Quanto mais nego ou evito a dor, mais infeliz me torno. A aceitação da dor é a grande questão. Encontrar a felicidade na dor. Quem vive o luto sabe o quanto caminham juntos: felicidade e dor. A terapia coloca a dor em palavras e a aproxima da felicidade.Mais feliz se torna aquele que, na terapia, consegue narrar a sua dor. Descodifica a dor. Vivemos em uma sociedade com crescente solidão. Não enxergamos mais o outro. Há ausência de vínculo. É mais fácil bloquear, não aceitar amizade ou excluir nas redes sociais, do que encarar e falar o que incomoda. Rompe-se laços no lugar de reatar. Relações líquidas, superficiais e distantes, em que impera a individualidade. Tudo o que é verdadeiro dói. As separações doem, as despedidas doem e a rejeição dói. As separações só doem porque os vínculos foram verdadeiros e havia amor; onde dois se tornaram UM. Dor é vínculo. Quem recusa toda forma de dor é incapaz de formar vínculos. Sem dor, nos tornamos apáticos. Hoje não se narra mais a dor, se canta no bar da esquina para enganá-la com belas palavras e fundo musical. A negatividade da dor impede a felicidade. Só quando você aceitar a dor, poderá ser feliz!
Onze e onze: a hora da decisão entre a vontade de Deus e a vontade do homem. Prevaleceu a vontade de Deus!
Há um herói dentro de você, desperte!
Todos nós recebemos chamados, mas na maioria das vezes nós negamos. Quantos chamados para jornada do herói você recebeu e não ouviu? Não acreditou? Ficou com medo? Procrastinou? Negou?
"O chamado" é qualquer coisa que pode mudar a sua vida e da humanidade. Este chamado nos convida a ser como aquele herói que parte em busca de algo que vai melhorar a sua vida e/ou do mundo em que vivemos.
E você, vai aceitar o convite do seu chamado? Talvez você esteja muito distraído, ocupado e não prestou atenção. Saiba que o chamado está aí, basta silenciar e dizer SIM!
O chamado nos convida a viver por algo maior que nós mesmos. O chamado é o seu propósito. Diga SIM e siga a boa jornada do herói!
A psicologia acontece no encontro.
O paciente traz o que tem de mais profundo e me deixa algo que me sinto maior do que quando o encontrei.
Quando o psicólogo se conecta com algo maior que ele mesmo, fala muitas vezes coisas que nem sabia que sabia.
E o paciente muitas vezes sem falar nada, comunica mil coisas.
Saímos da consulta maiores do que estávamos antes de nos encontrarmos.
Crescemos com este contato.
Somos um fator de soma na vida do outro.
Aprendemos um com o outro.
A psicologia é o caminho da verdade, a busca pela essência, o encontro com o sagrado que há dentro de cada um de nós.
É transpiração, transformação e transmutação.
Cada encontro é uma dádiva e uma benção para o psicólogo e para o paciente.
Até o silêncio é revelador e mesmo a essência do que foi dito será guardada para sempre. Nunca mais voltamos a ser quem éramos antes desse encontro.
No processo de luto, o que mais queremos é ficar em silêncio, tomar um café e ganhar um abraço. Simples assim. Só queremos que as pessoas validem o nosso sofrimento e dor. O que recebemos? Conselhos e opiniões desnecessárias. É estressante demais ouvir as pessoas falando que a minha missão é dar apoio aos familiares, sendo que também estou sofrendo. É triste ouvir que, por eu ser psicóloga, estou preparada para o luto. É decepcionante demais ouvir que a morte foi a melhor coisa que aconteceu diante de uma doença crônica.
É horrível ouvir as pessoas minimizarem o sofrimento da morte por doença crônica e/ou compará-la à morte por acidente. Só queremos ouvir: "não faço ideia da sua dor, mas se precisar estou aqui". Sem falar nos conselhos religiosos, dizendo que quem confia "na passagem" e acredita "na vida eterna" não tem porquê chorar ou sofrer. Ah NÃO, por favor!
Só quero respeito com a minha dor. Posso ser a pessoa mais espiritualizada do mundo, mas isso não minimiza a dor e a falta que sinto da pessoa que partiu. Não estou falando de uma pessoa qualquer, estou falando da mulher da minha vida! A mulher maravilhosa que me deu a vida e que esteve ao meu lado nos momentos mais felizes e mais difíceis. Conseguem entender isso?
Sinto um nó na garganta, choro repentino, dor no peito; ficamos sem energia, muito sono, apetite desregulado e tristeza. Todas as flores lembram a morte.O que falar daqueles conselhos de que o luto é um aprendizado e sairei fortalecida? Por favor, NÃO! Não quero este mérito. Eu só quero ter o direito de sofrer o tempo necessário sem julgamento. As pessoas acham que devemos sair o mais rápido possível do luto, mas o que queremos é honrar o enlutado. É chorar e sofrer, deixar doer. Quando pesquisamos na internet "luto" ou "sofrimento", o que mais vemos é "isso vai passar, tudo passa". Não! A saudade da pessoa que partiu não passa e nunca vai passar. Será que é tão difícil entender?
Vivemos em uma cultura que dita que sofrer é errado e que a morte é transformação. Transformação para algo melhor, segundo a positividade tóxica. Andei pensando que não precisamos de novas ferramentas para lidar com o luto, mas de habilidade para suportá-lo e, acima de tudo, de capacidade para ouvi-lo.
Precisamos de pessoas preparadas para ouvir e acolher a dor do outro, sem julgamento. Se alguém estiver de luto, por favor silencie. Não dê conselhos, não minimize a dor, não diga que vai passar e não compare com nenhuma outra dor. Valide o sofrimento. Dê um abraço e diga que você está aí, para o que der e vier.
Mais compaixão, por favor
