Franciele Schappo
Dias passaram-se e a dor não cessou. Parece que logo não poderei mais respirar. A memória me falha. Tenho algumas alucinações. O teto sobre mim parece girar e isso me deixa um tanto enjoada. Quando a noite chega, o silêncio é tão grande que é como se não existisse mais nada nem ninguém no mundo além de mim.
Que tudo aconteça na intensidade certa, na velocidade necessária, e se possível, que seja inesquecível. Nada mais triste do que acontecer sem sentido, sem razão, sem emoção e ser esquecido.
As pessoas costumam me perguntar em que mundo eu vivo, e eu sempre respondo:
- No mundo que existem príncipes, princesas, castelos em que as pessoas vivem felizes para sempre. E eu não vou mudar nunca.
Existe um mundo que eu preciso descobrir. Não sei onde, perto do que. Mas há uma força muito grande que me faz crer que este mundo existe mesmo. Só preciso decidir o dia que partirei em busca dele.
Os dias me parecem menos infelizes agora. O sol voltou a brilhar, os pássaros cantam lá fora. Já não me sinto tão solitária.