Franciele Ferreira
Transformo fresta em janela, um passo em caminho e palavras em conforto. Muitas vezes não nos resta outra coisa senão construir a nossa própria esperança e confiar! Esse minuto de silêncio pode ser suficiente para Deus abrir uma porta e quem sabe mudar, definitivamente, a direção da nossa história...
Degrau a degrau; passo a passo... Esse sem dúvida deve ser o caminho dos vencedores. Os obstáculos ganham apoio em nossos pés e certamente tornam-se alicerce seguro na construção de nós mesmos. Passado, presente e futuro provam a solidez da nossa persistência. Quando construímos sobre a rocha cada desafio percorrido torna-se parte do todo. Não existe desperdício de tempo e não existe evolução sem sacrifícios. A verdade é que numa batalha existem aqueles que até gostariam, mas só observam e aqueles que têm calos nas mãos, experiências e perdas pra contar. Nós escolhemos o tipo de guerreiro que queremos ser. Nós quem preparamos a nossa bagagem. A vida muitas vezes exige compromisso e abdicação. Mas para avistar uma vitória muitas vezes é necessário abdicar do direito de desistir e abdicar da vontade de voltar atrás. Um vencedor jamais estaciona... Ele apenas aguarda a hora exata do próximo passo. Medo e a dúvida são sentimentos que assolam apenas aqueles que lutam por um propósito, mas quando se tem uma alma cheia de determinação, o resultado será sempre certo e inevitável.
Reconheço só o amor é capaz de conceder paz às nossas almas. Então por que limitá-lo? Por que condicionar essa pequena brisa de felicidade em mãos distantes? Confesso eu não estou apaixonada, eu sou! Verbo de permanência. Não poderia reduzi-lo a um simples estado de espírito que terminaria com uma mudança de estação... Responsabilidade grande demais quando, na verdade, grandes são as nossas paixões: família, carreira, amigos... É acho que deveríamos ter um romance com a nossa própria vida. E quer parceria melhor? As flores não precisariam ser colhidas e entregues. Elas seriam apreciadas, sempre e sempre! Não haveria despedidas apenas reencontros. E os nossos olhos ganhariam um brilho único, daqueles que têm quem tem a capacidade de buscar os seus sonhos. Realizar os seus desejos. Dançar na chuva, notar as estrelas e sorrir aquele sorriso arteiro, baixinho em companhia de quem sabe ter a própria companhia. É... Precisamos aprender a sanar o nosso medo da solidão para que possamos escolher melhor quem caminha ao nosso lado. Aí talvez nem seria escolha, seria certeza! E não amaríamos por desespero, ansiedade ou dependência. Amaríamos porque há passeio na praça, mãos dadas, lua cheia, colo e cafuné. Amaríamos porque há saudade. E o coração fica triste quando fica longe. E os pensamentos voam... Amaríamos porque há cumplicidade nas palavras, segredos divididos, tarde de domingo, noite de Natal, carinho sem pressa, comunhão. Amaríamos porque há diferenças, divergências, silencio e ainda sim há amor.
Às vezes acontece de o coração da gente ficar em silêncio. Nessas horas é como sentar-se numa pedra do alto de uma grande montanha e observar a própria vida lá de cima. Dá pra ver o começo da subida, os primeiros passos, o vestígio da primeira queda. E da pra observar também os pontos em que, desorientados, pegamos o caminho errado. A gente imagina como teria sido se... Mas chega a conclusão que sem uma bússola nas mãos errar é quase certo. Nessas horas eu me pergunto se quando choro eu estou chorando pelo último tombo ou por todos que me fizeram chegar até ali.
E quando eu me odeio me amo por ter a capacidade de me odiar de vez em quando, se eu só me amasse que chato seria.