Flavio Siqueira
Espero que antes de encontrar a pessoa certa você se encontre. Para que não a sobrecarregue com a ingrata responsabilidade de te fazer feliz.
Aquele que anda por consciência cumpre as leis, mas não precisa delas. Quem é regido por leis não anda por consciência e quem tem consciência não precisa de leis.
Não há dia que eu deixe de ser confrontado com minhas ambivalências, com as contradições presentes em minhas escolhas, quando sou quem acho que não seria, quando encontro descompassos entre o que estou sendo e o que penso ser, entre o agir e o querer, entre o mundo que cresce para o lado de dentro e o mundo que vivo no lado de fora. Não sei amar, mas tento praticá-lo.
Não sei perdoar, mas todos os dias tenho oportunidades de exerce-lo.
Não sei ser bom, e a vida me enche de chances para que eu seja.
Não sou humilde, mas seria tolo se não admitisse que a falta de humildade mata; por isso exercito, por isso caminho, por isso, quando me canso, sei que logo me renovo e então prossigo sabendo que, em cada dia, a chance de dar mais um passo, de experimentar um pouco mais, de perceber, de enxergar, de, finalmente, acordar.
A alma quer liberdade. Se projeta na casa grande, no espaço amplo, na vista para o mar. Procura o abraço prolongado, as bocas, os beijos, o ar. Estica-se como pode, tenta romper o que prende e ser. A liberdade é uma conquista diária, um caminho para quem precisa de espaço, sente falta de ar, de céu, de gente, de vida, mas espaços não são lugares, são dimensões interiores.
O céu sempre me intrigou. Desde cedo olhava para o espaço e pensava sobre os limites, as fronteiras, o fim de tudo. Algo como a parede que Jim Carrey encontra enquanto navega no oceano artificial do “Show de Truman”. Aquele mundo era uma produção televisiva, todos sabiam, menos o incauto personagem que protagonizava a serie. Um dia desconfiou e chegou ao limite do seu mundo, a parede pintada de céu.
Tudo o que sabemos é que as medidas são muito maiores do que imaginávamos. Quanto mais a ciência explora, mais perguntas, mais grandiosidade, mais mistérios. Do que é feito o universo? A matéria escura? A causa primordial? Estamos muito longe de respostas definitivas.
O mesmo acontece quando me aproximo e tento entender as partículas subatômicas. Os átomos dissecados. Agora exploramos o mínimo dos mínimos e parece que a física macro é subvertida em conceitos no micro. Mudam as lógicas, as leis, as dinâmicas.
Vivemos em busca de respostas que diminuam a sensação de perplexidade diante do que não sabemos, do infinito, do incognoscível, da vida, da morte.
Então tentamos entender Deus, ou pelo menos a mente de Deus. Tentamos controlar Deus. Seja pela via científica que explora o universo, seja pelo conhecimento teológico que alimenta as religiões, seja pela viagem filosófica que nos aponta para o sem fim, para perguntas sem respostas, exatamente como a ciência, ou como a religião se encarada com honestidade.
Tudo o que vejo como mistério inacessível do lado de fora se projeta de alguma maneira no que sou, do lado de dentro. O mistério dos multiversos, das galáxias, dos planetas. As perguntas sobre Deus, sobre o que ou quem ou se é. O medo da morte e os mistérios inexoráveis. A vida e os significados que tentamos entender. Reflexos do que nos habita, se vincula à dinâmicas tão sutis, tão intimas, tão essenciais e se projetam em completa grandiosidade e mistérios para o lado de fora. Intocáveis para lá, discernidas em significados para cá.
Somos maquetes do universo. Somos a chave de compreensão entre os dilemas da vida, do espaço, do infinito, do tempo, da morte que se projetam subversivamente no essencial, no simples, no genuíno.
Tudo aplicado no cotidiano e em minha capacidade de assumir-me como sou, humano, incluindo minhas fragilidades. Olho para dentro e sinto que sou casa de mistérios. Em mim habitam as respostas das galáxias, os segredos dos planetas, as chaves do infinito, da vida, da morte. Casa de Deus que sou.
Então entendo que tudo fala sobre a mesma coisa. Noite e dia, luz e trevas, dor e alívio, doença e cura, macro e micro, vida e morte, mistérios expostos na simplicidade de quem entende que somos linguagem vinculados ao infinito e, no entanto, lindamente presos ao tempo e aos reflexos de tudo que ainda não sei, mas se expressa em desconcertante simplicidade do lado de dentro. Do lado que vejo. No lado que sou. Flavio Siqueira
Não cobre que alguém seja mais do que é. Nem dê o que não tem. Nem que seja supridor de seus vazios. Aprenda a aceitar o outro como é e valorize sua liberdade. Se não for assim, não haverá amor.
Que os “dias pra baixo” falem, que as crises ajudem, que as dificuldades sejam sempre apontamentos para lembrar que somos humanos, que estamos crescendo, que até os dias de dores reservam presentes de amor.
Felizes os que aprenderam a viver no hoje.
Por pior que as coisas sejam, nada supera a força que temos para suportá-la e superá-la hoje. Passado e futuro são miragens, um só aconteceu no hoje, outro, quando vier, virá no hoje. Vivamos a cada dia sua própria porção porque na verdade isso é tudo o que temos.
Vaidade: veneno que corrói lentamente a alma, nos fazendo acreditar que somos o que de fato não somos. Feliz aquele que olha para dentro, admite suas próprias relatividades e, apesar dos devaneios do coração, caminha como quem nunca está a altura de julgar quem quer que seja. Somos todos seres em constante processo de acabamento.
PERDÃO
Perdão não é um aval para que o outro me fira, nem sinônimo de bondade, de "dar a outra face". Perdão tem a ver com livrar-se do sentimento corrosivo de que foi injustiçado, de que alguém te fez mal.
Pode ser que realmente tenha feito, mas considere que tudo o que pensa está relacionado a perspectiva de onde você está hoje e não necessariamente reflete as complexidades da vida e das relações.
Lembre-se, todo santo é ou já foi diabo para alguém, inclusive você. Perdoar não significa ser amigo, conviver, dar beijinho no rosto, mas seguir adiante em liberdade, sem cultivar em sua consciência a sensação de que tem o "direito" de condenar quem quer que seja. Você não tem. Você quase não enxerga além das próprias causas, como pensa que sabe as intenções do outro?
E depois que perdoar, como lidar com a pessoa? O que fazer? É você quem decidirá, pode ser que retomem, pode ser que não se falem novamente, creio que isso não seja tão importante. O que vale é que, decida por qual caminho decidir, o fará em liberdade, com a leveza de quem simplesmente largou a âncora do rancor e resolveu seguir adiante. Trata-se de uma escolha. Uma escolha sua. - flaviosiqueira.com
Só não perca a esperança!
Não te parece muitas vezes que o mundo ficou louco? É como se as coisas nem sempre se encaixassem, como se a pressa, o entorpecimento de olhar fossem roubando a essência das pessoas. O dinheiro é o norte, o consumismo, a produtividade a qualquer preço e tudo o que isso deriva, como o egoismo, a violência, a ganância estabelecida em nome da fé, da saúde, da política, do que era para ser bem estar básico do ser humano.
Então, chega determinado dia que você desliga a TV irritado, ou soca o volante ou simplesmente olha no espelho e diz “cansei”. Como se a caminhada no contra fluxo estivesse no limite e a possibilidade de ser como todo mundo, de desistir, de simplesmente seguir a manada soasse como possibilidade tentadora. Sei como é. Confesso que tem dias que não quero escrever, que sinto não ter muito a contribuir, como se estivesse tentando apagar um incêndio com uma canequinha. Sei como se sente. Quando isso acontece, não luto contra. Lembro que estamos no mundo das relatividades, que carregamos trevas e luz dentro da gente, que estamos aqui para aprender a amar. Como não doeria? Como seria fácil? Sim, nada é tão certo e nas incertezas há muita beleza!
A dor faz parte do processo, o inconformismo, o cansaço, a sensação de remar contra a maré também. É normal, é natural, é sinal que você não se tornou um psicopata existencial, do tipo que vê mas não enxerga, que sabe, mas não sente, afinal, nem sempre o mundo é um lugar fácil para viver. Não são apenas os “insights” que nos elevam, tampouco haverá plenitude enquanto convivermos com tanta dor. Portanto, se esse for seu processo hoje, receba aqui minha solidariedade, meu carinho e minha completa certeza de que isso passa. Sim, acredite, isso passa.
É como acordar com passarinhos cantando depois de uma madrugada de tempestade, raios, ventos e medo. É como estar no meio da multidão em alvoroço e ser regatado por um abraço amigo e acolhedor, como a voz de quem amamos interrompendo ruídos, como um dia de sol depois de semanas de chuva. Como sentir que tudo se perdeu, que não há mais jeito até que um inesperado sinal de renascimento muda as perspectivas. Quando passa, você percebe que saiu mais forte do que entrou. Isso é maravilhosamente inexplicável! Aos poucos tudo vai ficando claro e a dor fazendo sentido, tudo se encaixando, clareando, harmonizando apesar dos pesares, equilibrando sem que você tenha feito nada. Só percebeu, só se aquietou, só enxergou.
Uma das coisas mais lindas dos humanos não é a capacidade de lutar, de estar forte sempre, de resistir, de sermos fortalezas ambulantes. Não é ai que mora nossa força.
Nossa beleza está em nossa relatividade, na fraqueza que amanhã se transcende, no choro que, sim, pode acontecer e, quando passa, lava a alma, na dor que nos deixa mais fortes, na capacidade de reconhecer sem medo, sem culpa, sem remorso, nossa própria humanidade e então transcendermos. Sejamos humanos!
Só não perca a esperança. Todos tem direito a dias ruins, é normal sentir que as forças acabam, mas ela volta, melhor, depurada, enraizada. Só não perca a esperança! Há muitas coisas boas ainda no seu caminho. Sei que há. Portanto, caminhemos.
O amor também cansa
O amor também cansa. A gente cansa do outro, a gente cansa da vida, a gente cansa da gente, a gente cansa de quase tudo. O amor também cansa como tudo na vida. Mas é só cansaço. Depois das pausas há o céu.
Tudo no caminho
Aquela memória, aquela saudade, aquela sensação descabida, inesperada, sútil. Linguagens da vida, sutilezas que nossa pressa nos impede de ver. Preste atenção. Tem tantas sutilezas a sua volta, tantas mensagens que poderiam acalmar o espírito, tantos carinhos da vida, tanta sabedoria espalhada pela terra, pelo céu, pelo mar, pelos olhos que te fitam pelas ruas… Você não precisa de explosões, nem de uma voz divina parecida com a do Cid Moreira lhe explicando o caminho. Nada disso. Fica quieto, para de reclamar, aquiete-se, ouça, veja… Ta tudo ai, por que reclama tanto? Porque permanece com os olhos fechados?
Se você pudesse enxergar mais longe, e ver a vida por outro lado onde fosse possível ir a lugares desconhecidos e tudo que te aflige parecesse insignificante?
Saísse desse chão, pisasse nas estrelas, vendo tudo aqui de cima... você saberia que nem sempre as coisas são o que aparentam ser.
Confiaria menos no que vê e mais no que sente. Seria tolerante com os seus erros e aprenderia a perdoar. Saberia o valor da gratidão e se afastaria da condição de juiz da humanidade lembrando que antes de todos você é humano e cheio de ambigüidades.
Se visse mais longe, deixaria de se preocupar com o que os outros pensam sobre você e saberia que isso não vale nada...
Começaria a prestar atenção nas pequenas coisas, valorizaria mais o seu tempo pois entenderia que só existe o dia chamado hoje. É nesse dia que você tem pra viver, é HOJE que você tem pra SER!
Se pudesse enxergar mais longe, abriria mão do seu orgulho, mudaria suas prioridades, andaria por outros caminhos, se abriria para as pessoas invertendo seus valores.
Se soubesse que o poder está na fraqueza e o tesouro, na sabedoria? Você buscaria o conhecimento e aprenderia a DESCANSAR sabendo que os seus esforços não te garantem nada...
A vida é graça... e é dela que você depende!
Olhe pra cá! E veja que sobre você está o firmamento, que Eu te vejo e que você não está sozinho.
Há muito mais do que você pode ver. E se você pudesse enxergar mais longe, TUDO seria diferente.
Desde o Éden...
Tudo na vida tem prazo de validade.
Em alguns casos pode durar menos, outros mais, o fato é que chega o tempo em que a textura muda, o sabor termina, o doce azeda.
Se nem tudo vem com rótulo, cabe a nós discernirmos o tempo de cada coisa, interpretando os sinais de que o que era bom deixou de ser. Venceu.
O problema não é que as coisas estragam, mas a nossa incapacidade em perceber que o prazo venceu.
Tudo muda.
Dê valor enquanto tem, entregue enquanto pode, mas, o dia em que o prazo vencer, não insista. Não lute contra ele.
Depois dos prazos, novas contagens, novas estradas, novas possibilidades; renovação.
Para tudo há um prazo, cada coisa o seu tempo. O que começa um dia acaba.
"Não quero ser portador de nenhum absoluto, sei que sou relativo. Não quero ser referência para nenhum tipo de mensagem, sou aprendiz sempre. Não quero estar preso a dogmas, sequestrado por códigos de linguagem, por percepções únicas, restritas, amedrontadas, sem coragem de questionamentos, sem espaço para dúvidas, sem honestidade para o auto confrontar-se e enxergar-se.
Não quero ser nada além do que sou, consciente que minha busca pode ajudá-lo na sua, não porque sei mais, mas porque as experiências se conectam, se completam, se aplicam em determinados momentos que muitas vezes compartilhamos. Enxergar implica em desconstruções, perceber-se pode desembocar em quebra de paradigmas, em novas descobertas, na coragem de deixar as nuvens, ascender ao céu e depois ir mais longe."
"Quem entre nós detém a verdade? Quem é o homem ou mulher que entendeu absolutamente tudo, que tem todas as respostas, que não vê contradições, não se inquieta com suas próprias questões, seus medos, suas dúvidas, ainda que sejam mínimas?
Quem disser que está acima disso, ou mente, ou é ingênuo. De um jeito ou de outro estamos todos buscando.
Diante do que somos, a forma como nos rotulamos não faz a menor diferença. Somos o que somos e nossas escolhas sempre refletirão a realidade. É isso que vale.
Esse mundo está lotado de ideias, filosofias, regras a serem seguidas, discursos absolutos, cartilhas, leis, mandamentos, donos da verdade nas igrejas, nas Tvs, no rádio, nas universidades, na política, nas esquinas da vida.
Há sempre alguém defendendo uma ideia que tem cara de definitiva, uma 'tese irrefutável', há fundamentalistas e pacifistas, religiosos, humanistas, esotéricos, místicos, capitalistas, comunistas, intelectuais, ideologias em excesso, construções em demasia, desentendimentos que levam ao mesmo lugar, à confusão, à intolerância, ao desamor.
É assim que permitimos nos condicionar: por medo. Fingimos ser o que nem nós mesmos acreditamos, tudo por medo.
A razão pela qual precisamos desses rótulos está ligada ao fato de não crermos em nada que vá além da superfície, dos discursos, das formas, das fórmulas, das palavras, do que nos dê alguma sensação de segurança. Quem admite perder o controle e dar um salto no escuro em busca da verdade?
Não ande com medo de punições. Não seja por medo. Se é para temer alguma coisa, tema o cinismo de quem finge que vê, mas é cego, a amargura de quem se resignou na própria loucura e não permite que os outros enxerguem, que se agarra à alguma teoria somente por temer ser punido. Não tenha medo, mas tenha fé.
Ter fé não é ser um devoto religioso, mas, sobretudo, é caminhar em gratidão, perplexo muitas vezes, perdido tantas outras, sabendo que a verdade e a liberdade devem se conjugar, que todo aquele que procura em verdade, pacificado, encontrará."
"Não ande com medo de punições. Não seja por medo. Se é para temer alguma coisa, tema o cinismo de quem finge que vê, mas é cego, a amargura de quem se resignou na própria loucura e não permite que os outros enxerguem, que se agarra à alguma teoria somente por temer ser punido. Não tenha medo, mas tenha fé."
"O desapego ainda é parte da ilusão do ego. Ele reflete a sensação de que tenho algo e abro mão, de que era 'meu' e desapeguei. Nada nos pertence, nem ninguém, nem coisa alguma. Só preciso ter consciência disso."
"Pouca coisa é necessária. Estar em paz, viver em consciência, em liberdade de ser, o resto é sobrecarga."
"Se eu pudesse condensar tudo o que é belo, todos os mares, o céu, as estrelas, se pudesse comprimir de tal forma que coubessem em palavras e traduzisse em textos que expressassem com fidelidade cada movimento de vida, cada brisa, cada expressão humana, cada emoção capturada em frases, ainda assim, não seria suficiente.
Mesmo que eu tivesse a palavra ideal para cada situação, pudesse dizer exatamente o que fazer diante das 'peças' que a vida prega, conselhos perfeitos para gente tateando no escuro, confusas, ainda assim, seria muito pouco.
Eu poderia compor músicas que invadissem a alma e ajudasse a organizar mentes inquietas, diminuir ruídos, sons com poder de acalmar, despertar, conduzir pensamentos para dimensões de silêncio, mesmo que fosse assim, faltaria muito.
Há os que se expressam pela via da arte, da pintura, das imagens mágicas que retratam o mundo em pinceladas, um momento, uma cena fixada no tempo a partir do olhar único e talentoso do artista, uma nova perspectiva que pode emocionar e, por mais fundo que toque, não é o bastante.
Dentro de cada humano existe uma dimensão que não pode ser acessada pelo intelecto, nem pelas emoções, tampouco pelo conhecimento. Um espaço em nós aonde as palavras se esvaziam, as imagens diluem e todo conhecimento se transforma em códigos indecifráveis, inúteis, sem nenhuma servidão.
Nesse lugar, nossas perguntas, por mais serias que sejam, se apequenam, sem necessidade de respostas, argumentos ou explicações de nenhuma natureza. É o ponto aonde todas as dores se calam e os caminhos clareiam.
Se eu pudesse traduzir todos os sons do universo, cada imagem, cada movimento e aplicasse um sistema de pensamento que desvendasse tudo o que nem a ciência imagina, se eu fosse capaz de aprofundar consideravelmente todos os enigmas da filosofia e os mistérios da teologia, ainda assim serviria para pouco.
Dentro de cada humano existe uma dimensão que jamais será acessada pelos caminhos do ego ou por qualquer ferramenta mental. É a dimensão do incognoscível, da alma, do espírito que não se impõe, mas observa, que aprende a ouvir, calar, ser grato, consciente diante do que é.
Cada movimento da vida deve nos levar para essa dimensão e cada experiência contribui para que aprendamos a descansar nela, onde tudo é claro, tudo é paz, tudo é.
Para que ninguém se glorie em si mesmo, para que os loucos confundam os sábios, para que cada humano veja e entenda de fato do que é feito."
"Que a nossa existência seja a mais linda expressão de liberdade. Ser livre não implica necessariamente em fazer o que der na telha na hora que quiser, isso é coisa de criança mimada. Ser livre é um estado de espírito que transcende todas as tentativas de condicionamento.
Um ser livre enxerga além dos rótulos, dos gêneros, das 'castas'. Não se prende a necessidade de afirmação de nenhuma natureza, não sente nenhuma necessidade de ser maior; sabe que isso é ilusão.
Liberdade é escolher por onde caminhará, mesmo que os cenários não sejam os ideais. É saber que há dias mais difíceis do que outros, há curvas, há tropeços, mas em tudo oportunidade de significado, de ser em liberdade.
Erra quem pensa que é livre porque escolhe a roupa que usa, o carro que tem, a viagem que fará, o candidato que vai votar. Isso não é liberdade. Liberdade é ser quem é, mesmo quando o mundo parece escuro. É a coragem de manter-se íntegro em dias difíceis e a pacificação que somente os que andam em consciência tem.
Ser livre é relacionar-se com a vida como parte de si mesmo, extensão da própria consciência que se projeta em cada expressão de vida, em cada movimento, em cada oportunidade para ser amor.
Liberdade não se vincula a espaços. Há prisioneiros livres, homens do campo presos. Liberdade se vincula a capacidade de enxergar as tentativas de enquadramento, seja psicológico, religioso, intelectual, social e não permitir algemar-se.
Quem anda em liberdade vive em simplicidade. Esse sabe que jamais necessitará de castelos e exércitos, não se deixará seduzir pela conquista de reinos, jamais tentará controlar mentes. Liberdade é ser quem é e viver na paz que não se vincula à 'bons' ou 'maus' acontecimentos.
Seja na luta, seja na dor, ainda que nem tudo esteja claro, um ser livre enxergará na sutileza dos sinais cotidianos razões para despertar um pouquinho por dia, sempre na direção do rio de paz, aquele que nos abriga mesmo nos dias difíceis, o rio que mora dentro, nos alimenta, nos dá razões para que, independente dos cenários exteriores, nossa existência seja a mais linda expressão de liberdade."
Quem anda em liberdade vive em simplicidade. Esse sabe que jamais necessitará de castelos e exércitos, não se deixará seduzir pela conquista de reinos, jamais tentará controlar mentes. Liberdade é ser quem é e viver na paz que não se vincula a bons ou maus acontecimentos.
"Não há ideologias perfeitas. Podem ser lindas no papel, mas, na prática haverá contradição entre o real e o ideal. A história está recheada de exemplos assim, lindos começos, tristes finais.
Nenhum sistema, seja político, social, educacional, religioso é a prova de falhas. Muito pelo contrário, quanto mais de perto enxergamos, mais difícil acreditarmos naquilo. A gente ouve os discursos, conhece as propostas e até compartilha dos mesmos ideais, mas, aproxime-se e enxergará que nem tudo é como aparenta ser.
Não é preciso ir longe. Veja no relacionamento humano. Famílias, casais, amigos, olhe mais perto, conviva por algum tempo e perceberá que nem sempre a aparência de estabilidade corresponde ao que acontece no íntimo. Verá gente tentando encontrar o que sobrou do que um dia foi lindo, mas parece que hoje simplesmente dissolveu.
O fato é que nenhuma ideologia, nenhum sistema, nenhum relacionamento sobreviverá com saúde sem a consciência de que não há ideologias, nem sistemas, nem relacionamentos: há humanos. Todos nos refletem, o tempo todo reproduzindo aquilo que somos.
Damos nome, chamamos de 'ismos', construímos prédios, criamos teorias, formamos identidades, fazemos planos pensando que estamos tratando com algo maior, mas é sempre gente. Sempre.
Gente é a causa do colapso dos sistemas. Gente é a esperança que os sistemas sejam menos mecânicos e mais humanos. Sempre gente.
Jamais resolveremos nossos problemas enquanto não olharmos pelo lado correto e, ao invés de pensarmos que trocando um por outro, uma velha teoria por outra nova tudo resolverá. Não é e nunca foi assim.
Que as instituições sejam apenas ferramentas. A política um meio, as ideologias nada a mais do que um jeito de organizar pensamentos, que os grupos humanos não sejam divididos entre 'melhores' e 'piores', mas que, em tudo, predomine a consciência de que sempre estamos tratando de gente.
Seja na condução de um governo ou no relacionamento a dois, recuperemos esse olhar, conscientes que, enquanto não pararmos para nos enxergar individualmente, a coletividade projetará as sombras que me habitam e carregará a 'culpa' da desarmonia que sou.
Não são os sistemas, não é o governo, nem a política, nem a religião, nem a sociedade, nem sua família, é você. Cure-se primeiro e depois tudo refletirá."