Fernando R. Luis
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À beira do rio
Faço barcos de papel
E parto à descoberta da foz
Como trapezistas de circo ambulante
Oscilamos pendularmente
Entre a alvorada e o poente
A voz dos poetas
É sempre um vento selvagem
Fabricando ecos
Como garimpeiro vigilante
Importa saber
Quem transporta o ouro
O amor é um jogo de xadrez
Nos olhos feitos de vento
Inventando a primavera
Subi sem asas
Ao alto da torre
E agora apetece voar
Moldo na lama argilosa
As mãos do adeus
Que endurecerá em barro
Semelhante à terra arável
O corpo desfaz-se
Restando a verdade do chão
Quando quebramos os espelhos
Passamos a ser vidro
Em fragmentos de nós
O dente do siso
E o sexto sentido
So se revelam com a idade