Fernanda Milanez
Não tenha medo da rejeição,
tenha medo de mudar tanto
sua personalidade e essência
para alcançar um outro alguém,
de modo que acabe rejeitando a si mesmo.
Algo eu tinha a dizer.
E era pra você.
Não era qualquer coisa.
Era aquele sentimento
que mexe demais por
dentro.
Vai ver eu queria
mesmo era ouvir antes
de você para me
compreender o quanto
te amo sem lhe ter.
O fim de uma linha
não é um ponto final
na entrelinha
A suposição é desigual
Basta um passo
para o abismo
Voar no espaço
morrer no lismo
Lições sem ações
horas sem demoras
Cavatinas sem rotinas
paixões sem ilusões.
Um caso curioso.
Temo não ter pessoas a minha volta, ficar só,
muito embora já é factível que a presença
física de nada significa, a não ser um espaço
ocupado por corpos perdidos lutando por
ser o centro das atenções.
Todavia, ter muitas pessoas a minha volta
culmina em me causar muita ansiedade,
o que me faz desejar estar sozinha novamente.
É um ciclo que nunca se acaba, mas me afeta
de uma forma negativa a ponto de ser muito difícil
de lidar.
Haverá um dia em que terei um parceiro, parceira,
alguém que eu possa me abrir verdadeiramente,
e estar confortável com isso? Alguém que faça
meu coração bater de forma constante e equilibrada,
sem anseios, sem pressões, sem medos, somente
a tranquilidade que uma amizade verdadeira pode
proporcionar.
Um dia, um dia.... Esse dia há de chegar?
Como disse Oscar Wilde, caso não demore
muito, posso esperar a vida toda.
Poema sem destino.
Eu bem que queria lhe escrever um poema,
Um poema belo e bonito em compasso de fonemas.
Mas me faltam adensamentos, acrescentos.
O pensamento se dissolve,
E o sentimento vira fragmento, rebento,
As complexidades tomam adensamento.
Eu bem que queria lhe escrever um poema,
Destes com belas palavras apenas.
Destrinchando os acontecimentos,
Encobertos de sentimentos crescendos.
Deixar a timidez de lado,
Pra lhe servir versos esmerados.
Eu bem que queria lhe escrever um poema,
Falar dos bons momentos,
De quando nos conhecemos,
Das vezes em que estivemos a sós conversando,
Ou dos momentos em que
ficava te observando.
De como me cativam
Suas falas e percepções ,
Convicções e paixões.
Mas também destacar certas deflexões,
Como quando me dissestes
De que não se importava
Com minhas convicções.
Quem sabe um dia talvez, eu lhe escreva um poema.
Eu estava tão perto.
Não é a melhor poesia, eu sei, que escrevo para um garoto
Não é a melhor poesia, eu sei, e ele pode nunca ler nada que eu escreva
Não sei por que fui deixada de fora do mundo dele, não sei porque ele não pode me esperar
Ele parece tão longe quanto estrelas na noite, naquele dia, um pouco mais de tempo, eu vi o vi indo embora, mas não tive coragem de alcança-lo.
Eu não sou de longe a melhor garota para ele, eu sei, então por que continuar escrevendo dessa maneira, temos tantas diferenças, nem sei porque eu me apaixonei assim.
Eu não estava pensando em desistir, eu sei, hora de parar e encerrar o dia, eu fiz tudo com tanto amor, e já estava preparada para o pior, mas nem ao menos pude entrega-lo o que queria.
Parece que eu já escrevi essas mesmas linhas antes, eu sei.
Então, por que eu deveria escrevê-las mais uma vez?
Não é a melhor poesia, eu sei, e então eu vou largar minha caneta,
Não é a melhor poesia, eu sei, e para alguém que nunca mais vou encontrar, provavelmente, e mesmo que o encontrasse, que diferença faria?
Pois isso é agora e foi então, minha última esperança se esvaiui, minha caneta eu vou guardar na gaveta, e o presente, bem... Ainda não o sei.
As férias são um momento crítico da minha solidão.
Buscar formas de passar o tempo, a música, a alimentação, exercícios físicos, uma hora tudo cai por terra.
Mesmo com meus pais a minha volta me dando apoio, eu sabia que uma hora eu ia ceder de novo.
Quando estou sozinha em meu quarto, tudo começa a ser difícil de enxergar, o coração acelera, a ansiedade toma conta, eu não recebo mensagens, quase não tenho amigos, e os poucos que tenho, as vezes tenho muita dificuldade em manter uma conversa agradável.
Eu já sabia que as férias seriam assim.
De qualquer forma eu também não gosto de ir a universidade, me sinto vazia da mesma forma, a não ser por ele.. sim, Ele.
Eu ainda.. Meus sentimentos estão todos naquela caixa, a esperança aprisionada esperando por sua vez. Com certeza mais uma decepção. Mas antes decepção a não sentir nada, estou certa?
Queria alguma razão para viver, o veganismo já não é suficiente para tal. Já não é mais meu objetivo de vida, mas sim uma obrigação. Falta algo como sempre.
Não fala mais de amor
porque os poetas não amam mais,
não tem a palavra,
a força necessária
para a leveza da poesia.
Não busca nas tardes
o conforto triste dos romances,
ou das canções que nos embalaram naqueles dias.
Deixa que assim seja,
o que quer que seja.
Não fala mais de amor nesse tempo ríspido,
do toque áspero,
desse poema que nasce da resistência,
e do conflito.
Não fala mais de amor,
porque as histórias de amor,
ferem o coração
na insistência de senti-lo.
E eu que sinto,
todavia não falo de amor,
porque não sou poeta,
que para falar de amor,
é preciso muito mais do que isso.
Talvez eu nunca seja suficiente para aqueles a quem eu amo. Mas talvez, quem saiba tenha que ser assim.
O eu meu que imagino aos que amo, não existe.
O eu que imagino é apenas um delírio sobre o que eu acho que seria um alguém perfeito para eles, apenas uma autofagia do meu ser em algo que nunca serei, pois cada pessoa que amo tem diferentes personalidades, anseios e gostos, então eu incessantemente nunca seria suficiente, levando em consideração que amaria muitas pessoas ao longo da vida, logo muitas versões teriam de ser criadas.
Vamos aceitar a amarga verdade, eu nunca vou ser perfeita para ninguém, e muito provavelmente também nunca vou me amar, devido ao bombardeio de pressões externas.
Um dia eu espero que possa me amar e entender quem eu realmente sou.