Fernanda F. Alberti
Anatomia do Recomeço
As emoções sufocam a mente. O coração acelera tão fortemente que só assim percebemos a nossa capacidade de amar. Mas não sabemos da grandeza do nosso cérebro em preservar essas emoções. Não sabemos quão grande as nossas lembranças se tornam após uma perda, mas sabemos que muita coisa fica congestionada no nosso sistema límbico. Essas lembranças se tornam forte a cada batimento acelerado do coração. As coisas que antes não faziam sentido, ou pelo menos não enxergávamos, começam a aparecer interligadas às nossas emoções. Não conseguimos em hipótese alguma compreender determinadas sensações, mas compreendemos que o sangue que circula em nossas veias tem em grande parte um pedaço do carisma e do rosto daquele amor, que por mínimo que seja, nos mostra o quão forte somos para enfrentar certas situações. O coração bombeia sangue. Os nossos ossos são obrigados a não se quebrarem quando nossa situação emocional se quebra. O nosso subconsciente admite: temos que superar. E superamos. Embora saibamos que o ato de superar não depende do nosso corpo, mas sim da nossa vontade. E querer se torna tão mais forte à dois. Da mesma forma que amar, sentir, tocar. São mínimas sensações que causam um curto-circuito no nosso cérebro. A cada lembrança a velocidade em que o coração bombeia sangue aumenta. A cada perda as lembranças se tornam constantes, dominando maior parte do consciente. A cada amanhã temos um novo recomeço. E até um recomeço fica mais forte à dois.