Fernanda Bezerra
Terapia
Sentada em minha varanda, observo o luar. As pessoas, passam confusas, se perguntando o porquê de uma menina tão nova estar sentada só olhando tudo e todos. Não os julgo, viventes da minha idade costumam ir para festas curtir as pessoas, quando vêem adolescentes quietos, acham estranho. Já eu, gosto de curtir o silêncio, a natureza, sentir a pureza. É terapêutico.
Observo o comportamento de cada um que passa na calçada. Os motoristas, maior parte deles passam estressados com o engarrafamento. Os pedestres, geralmente passam felizes e alegres.
Contudo, desabafo com as estrelas, pedindo uma opinião. Converso comigo mesma, procurando a solução. E com um sinal indireto, elas me ajudam. O silêncio. Sim, o silêncio.
É terapêutico, é uma arte observa-las.
Não ligo para aqueles que acham estranho conversar com as estrelas. Tal qual nunca sentirão o prazer de ver seu corpo flutuar calmamente em seu próprio infinito particular...
O hábito de tocar
Admiro os que tocam, desfruto de liberdade à cada nota tocada. Sinto-me dócil como um Manon ao soltar sua voz alegremente nos galhos de uma encantável árvore de Caliandras.
Inseto
Lua cheia, companhia, céu estrelado e um café é o que temos para esta noite. A calmaria e a paz que tal companheiro exala é impressionante; longa conversa... Toc!
- O que é isso?!
O silêncio toma conta.... Toc!
- Amor, me abrace, estou com medo!
A tensão os cobre... Toc!
- Amor, vá lá ver, isso só pode ser brincadeira!
Encorajado vai o homem com um leve tremor nas pernas e a ansiedade a mil, lá vai ele rumo à janela para ver de onde vem o tão amedrontador barulho. Um passo, dois passos, três passos; cada vez mais perto e mais tensa fica a situação. Chegou!!!
- Meu bem, não vejo nada, estamos ficando loucos?!
- Veja direito, hora! Somos loucos mas não a este ponto!
E com a frase se vem o silêncio... Calma... Observe bem... Toc!
- Ah, meu coração!!!
- O que é, amor?
Foi-se o homem rumo ao sofá, com o coração acelerado e pálido de medo.
- Meu bem, não chegue perto daquela janela, tem um monstro lá!!!
- Mas... Meu amor... Não tem nada ali!?
- Tem sim, olhe direito!!!
A gargalhada foi tomada pela mulher...
- Amor, eu não acredito que você ficou assustado com um pobre grilinho! Oh céus, que namorado frouxo. Venha cá, pedacinho de folha...
A mulher adorava grilos, insetos no geral, não aceitava tamanha beleza em seres tão pequenos; ela o levou para as flores que possuía em seu quintal. E o homem? Bem, o homem estava trêmulo no sofá! Mal sabia que era apenas um inseto querendo atenção, estava a procura de uma companhia e um gole de café! Para que com quentura no coração, todos olhassem a dádiva celeste que possuíam no céu, sem perceber no tempo, impressionados com grandíssimo brilho, até o amanhecer...