Fernanda Arantes Leal

Encontrados 6 pensamentos de Fernanda Arantes Leal

O encontro entre pessoas em nada se difere do encontro das águas...
Ambos são fenômenos que correm lado a lado,
Sem misturar-se...
Para os graciosos olhares,
Esse prodígio torna-se uma espécie de atração.
E o fato das águas não se misturarem deve-se as diferenças de temperatura e densidade e ainda a velocidade de suas correntezas.
E quanto as pessoas... bem... é bem mais complexo.
Seria totalmente insana e imprudente se tentasse definir
A razão que nos leva ao irracional.
Talvez, porque somos tão iguais, que nos tornamos diferentes.
E nessa corrida igualitária, lado a lado,
Encurralamos nossos sonhos em detrimento do outro. Ou matamo-nos a nós mesmos.
Seria possível ser diferente?
Bom...
Milton Nascimento disse: A hora do encontro é também a da despedida.
Percebo que sua verdade é também a minha.
Se isso pode mudar?
Eu não sei. Não creio que seja provável.
Mas também sou crédula na mutabilidade dos seres.
Somos suscetíveis a transformações, sim. Tal qual a borboleta à qual me comparaste.
Tanto que nem sei dizer... apenas... deixar acontecer...

Estou indecisa sobre teu caminho.
De longe, percebo-me em ti.
Mas minha estrada é tão incerta quanto o dia de fechar os olhos eternos.
Deixar-te entrar, seria perder o rumo.
Se não permito, ainda assim estou perdida.

Era mais uma das mentiras que ouvi.
Sabia desde o princípio.
Escondi o rosto pra te ver passar.
Abri a porta e logo percebi.
Temo ter deixado meu mal insano te envenenar.
Que levas-te de mim, meu bem, senao meus desencantos?
Ainda desaforado, ficas-te rindo...e mentindo.
És apenas mais um dos que deixei ir.
E também eu mentiria se te deixasse ficar.

acordei ao perceber que te esperava ainda.
E me percebi ao te encontrar.
Teus olhos com chamas de dor, declararam o remorso.
Perdoei-te, sim...
Todos os dias e noites.
Há cada espera de tamanha delonga,
Minha coragem enfrentava o fustigante medo daquele dia.
Fugas...já não te era possível.
Quão tolo te notou ao me ver refletida em ti.

"Se posso encontrar entre os mortos, um ferido,
De igual modo, um sábio entre os tolos,
Quem sabe um culto entre os incautos,
Um Humilde entre os soberbos,
Quiçá, eu possa encontrar o perfume da rosa, impermeada entre os espinhos?
Ou a doçura de um homem,
Nas seriedades de suas cicatrizes...
Ser-me-ia possível também,
Entre os obscenos, achar um de caráter renomado?
Sim... É possível.
Seja breve, ou longa busca
Não posso perder a fé em minhas demandas
A felicidade é fruto do que se espera,
E nunca o fim dessa procura.
Sempre buscamos algo que nos faça sentido
E isso, é de fato, uma eterna dança
Como a valsa da primeira debutante
O sonho de amor infinito do adolescente
Não se espera com tanta pressa, ao alcançar as asas da maturidade
Mas é sempre perto,
O que nos parece distante,
O que de longe é visto
Pelos olhos da posteridade.
Encontrar o amor perdido,
Ou embarcar no desconhecido...
Eterna paixão de quem lança o olhar sincero, puro e destemido.
Não deixei de acreditar
Desde o dia em que te vi
O dia em que te li
Em que te reconheci
Tu estavas lá
Entre a luxúria dos perdidos
Procurando me encontrar
Moço gentil e atencioso,
Lançou-me sobre seu olhar caloroso
Remeteu-me aos antigos pensamentos
Incrédulos, que deveras havia esquecido
À tona, vieram-me os mandamentos
De tudo o que havia aprendido
Tu não roubaste meu coração
Tão somente, porque eu o trouxe para te dar
E não és o contemplado
Somos nós, afortunados, com direito a amar
Tê-lo-ei em meu peito e nas lembranças
Mesmo que de remoto possas pensar
Está entre os poucos que aqui guardei
Sem pressa pra arrancar
Sim... Dou-te minha graça
Mesmo que sem graça possas ficar
Na madrugada, que te vi passar...”

Absolutamente sarcástica
A face do homem encarava-me.
Chorei, sem que lágrimas caissem.
Mas minha pele ardia,
meu coraçao clamava por socorro.
Implorei...gritei...chamei-te, por teu lindo nome.
Quao rude sentimento é este que despertei em ti,
Se não é capaz de entender minha dor?
Inápta, com meu orgulho ferido,
Incerta de mais um engano,
Em nada podendo compreender-te,
Apenas, chorei.
Lastimei minha dor.
Onde buscarei o amor novamente?
Onde poderei encontrá-lo?
Tiras-te de mim meu mais valioso bem.
Levas-te com tuas mentiras a minha fé.
Deixaste-me, seca...febril..
Obséquio, amigo...
Não me prendas mais em tua teia.
Solta-me...liberta-me...deixe-me ir..
Deixe-me ir de ti.
Para o mais longíquo caminho,
Onde tua face não possa ver.
Onde teu perfume, não possa sentir.
Onde tuas mentiras, estejam longe de mim.
Obséquio, amigo...
Deixe-me partir.
Esta noite,
Ir-me-ei de ti.