Fernanda Alencar
"...O horizonte da cidade, de onde se viam planaltos de curvas verdes e inalcançáveis, agora estava devastado pelo fogo insaciável que iluminava as noites e dias da cidade e queimava a consciência do cidadão abafado..."
(Texto Aguaceiro danado)
"...sempre achara aquelas mulheres peixes dissimuladas e cruéis demais. Elas eram cheias de regras, de liberdade, de amor nunca encontrado, em busca de tudo! Por simplesmente nada..."
(Do texto: O rubi )
"...nunca entendeu porque a melancolia dele a esquentava tanto. Mais tarde abordou a teoria de que talvez fosse porque assim, destruía com rebeldia aquela vida bela que a novela tanto a queria fazer acreditar que era a única que existia..."
(Texto O Homem)
"...elaborei muitas teorias para me explicar que teu silêncio tivesse algum sentido. Cheguei a pensar que não gostava dela, que fosse tímido, que nos suportava, depois que nos amava calado, que tinha um grau de dificuldade maior em se expressar, outro dia que tinha um terrível trauma, que o gato comeu sua língua! Que vivia em outro mundo, que a culpa era do seu pai, que a culpa fosse minha, que todos nós atrapalhamos um grande amor seu ou uma grande liberdade, ou quem sabe um grande projeto de vida! Vai saber... Mas sabe que hoje eu até prefiro que você não fale muito..."
(Texto O Sr. Nunca acha)
"...subestimar com o passar do tempo, tornou-se um vício devastador. Acabou que ela nunca ia entender, aceitar, concordar, nunca ia gostar, saber, ser capaz, nunca ia chamar, pensar, e então ela nunca..."
(Texto Três da tarde)
"...Quando acreditava, bem intimamente algo obscuro se escondia, eu negava perceber, talvez porque sabia que podia ser verdade, talvez porque sabia que podia ser mentira, talvez porque simplesmente existia possibilidade..."
(Texto A fê chora das impossiblidades)
"...Ah...como sou cheia de fendas e apegos, claro que sinto saudades das crenças. Tudo, era tudo tão menos trágico para mim. Eram “suicídios” mais involuntários, tenho a mera impressão de que eu era até menos frágil. Hoje, me borro num pestanejar e sei que desacreditar pode ser até estúpido, entretanto, acho mais estúpido me manter em postura e nos “pliês”, sempre cair em pedaços no chão..."
(Texto a fê chora das impossibilidades)