Felipeazk
No recôndito da alma, um temor se esconde, um eco sussurrante que nos atormenta. É o medo de viver, de enfrentar a vida, de navegar em mares revoltos e incertos. É o receio de fracassar, de tropeçar nas pedras que a vida lança em nosso caminho. É a hesitação em tentar, o medo de errar, de não estar à altura das expectativas que criamos para nós mesmos.
Mas é preciso lembrar que o medo não é inimigo, mas um mestre sábio que nos ensina a valorizar cada passo dado, a apreciar cada tentativa, por mais que falhe. É ele que nos mostra a coragem que existe em nossos corações, a força que reside em nossa essência.
Também tememos a conquista, pois o sucesso muitas vezes parece carregar um fardo pesado, o medo de perder o que ganhamos, de não conseguir manter o que alcançamos. Mas a verdadeira conquista não é material, é o crescimento interior, a evolução que o caminhar nos proporciona.
O medo do futuro nos leva a ansiedade, nos faz questionar o que nos aguarda adiante. Mas é importante lembrar que o futuro é moldado pelas escolhas que fazemos hoje, pelas atitudes que tomamos agora. Então, abracemos o presente com confiança, pois é nele que semeamos as sementes para colhermos amanhã.
E o medo do passado nos prende a culpas e arrependimentos, nos faz reviver momentos que já se foram. Mas precisamos lembrar que o passado é uma lição, não um cárcere. Devemos aprender com ele e seguir adiante, construindo um futuro diferente e mais consciente.
Assim, de mãos dadas com o medo, caminhamos nesta jornada da vida. É normal senti-lo, mas não podemos deixar que ele nos paralise. Pois, no final, é a coragem de viver, de tentar, de conquistar, que nos permite encontrar a verdadeira essência da existência. E é essa coragem que nos liberta, nos transforma e nos torna protagonistas de nossa própria história.
Lembro-me de um dia, um sábado, quando era criança, e tinha medo de dormir sozinho, então dormi com meus pais. Ao acordar, senti uma confusão. Um pesadelo havia me assombrado. Sonhei que tinha perdido tudo - minha casa, meus pais, até o meu querido gatinho chamado Nego, e a minha vida. No entanto, era apenas um pesadelo. Apenas um pesadelo.
Minha mãe me chamou para o café da manhã.
- Feeee, vem tomar café.
Eu, ainda sonolento mesmo depois daquele sonho terrível, fiquei deitado. Lembro-me claramente de pensar:
-Será que tem pão com presunto e queijo?
Levantei-me rapidamente, mas logo desisti e fiquei sentado na cama. Não se passaram nem 10 minutos, sério, acho que nem 5 minutos, e meu pai apareceu, como sempre fazia. Ele me pegou e me encheu de cócegas até eu ficar sem ar.
Lembro que ficava bravo, mas lá no fundo, eu gostava de ser acordado todos os dias daquela forma.
Eu tinha menos de 10 anos na época. Mas éramos felizes, não faltava nada, talvez apenas um pouco mais de atenção. Sentia muita falta do meu pai. Ele estava sempre ausente, e quando estava em casa, passava a maior parte do tempo dormindo.
Lembro de um dia em que tentei acordá-lo. Não lembro o motivo exato, mas ele me xingou, mandou eu sair e disse que precisava trabalhar, que eu estava atrapalhando. Hoje, agradeço por ser criança naquela época, porque as crianças são tolas, ou melhor, inocentes. Eu era um garoto bobo e inocente. Isso tornava mais fácil para mim me distrair e esquecer toda aquela situação, sem deixar que me afetasse.
Minha mãe era tudo. Tudo e mais um pouco. Arrisco dizer que ela era tudo, tudo, tudo e um pouquinho mais. Sinto falta dos finais de semana em que ela me acordava às 7 da manhã para irmos ao centro da cidade.
Acredite ou não, eu só ia por causa do salgado que comia antes e depois de sair. E também para puxar a cordinha do ônibus, e, principalmente, para estar ao lado dela, para passar algumas horas com ela. É triste pensar, mas era assim.
No final, o pesadelo se tornou realidade. O que era feliz agora é triste. O que estava vivo agora está morto. E o que irradiava luz agora está na escuridão.
Todos os dias me pergunto como seria se ela não nos tivesse deixado. Talvez essa pergunta não tenha resposta. Às vezes, olhando para trás, podemos perceber como a vida nos leva por caminhos inesperados, desafiando-nos a crescer, a aprender a superar obstáculos e a encontrar força no meio da escuridão.
Estava aqui pensando... Será que fiz o certo? A sinceridade é muito importante, mas será que vale a saudade? Eu não a amava, mas gostar é quase amar, será? Deveria ter esperado um pouco mais. Agora, é tarde. Agora é o momento de esquecê-la, de seguir em frente, carregando as lembranças e imaginando como teria sido se eu não tivesse desitido. O arrependimento é algo que corrói por dentro, especialmente quando se tem orgulho e não se pode voltar atrás. Escrevo essas palavras confusas porque não admito que sou um covarde. Covarde por não ter a coragem de amar. Covarde por não assumir que desejava amá-la. E covarde por não ter dito que estava com medo.
Eu amava, sem dizer,
Guardava o sentimento no peito,
Tanto medo de perder,
Que nem tentava ser perfeito.
Eu errava, cada gesto uma quebra,
Tentava consertar, mas em vão,
O amor se espalhava em cacos,
E eu despedaçava seu coração.
Ela era linda, disso eu sabia,
Mas a beleza me deixava calado,
Temia a rejeição que nunca veio,
Então fui eu quem a afastou, amargurado.
Terminei por medo de machucá-la,
Por acreditar que não merecia,
O amor que ela me oferecia,
E hoje sinto falta, só resta a agonia.
Agora, o silêncio pesa em meu peito,
A culpa ecoa a cada batida,
Amava, mas nunca fui merecedor,
E assim sigo, com o medo de amar na vida.
Eu costumava rir de quem se deixava levar pelas emoções, quem amava demais, quem se jogava de cabeça sem medo do que viria depois. Aquelas pessoas que pareciam perder o controle de si por causa de um sentimento. Sempre achei tolice. Eu criticava e, no fundo, humilhava aqueles que, na minha visão, não conseguiam manter a razão diante de algo tão volátil quanto o amor. Parecia tão fácil julgar quem se deixava levar. Talvez porque eu sempre tive medo de ser assim.
A verdade, que eu demorei muito tempo para admitir, é que eu também queria me permitir sentir desse jeito. Queria, mas não podia. Toda vez que senti algo por alguém, eu escondi. Toda vez que o amor bateu à minha porta, eu fechei, com medo de me expor, de me machucar ou de parecer vulnerável. Eu achava que mostrar sentimentos era fraqueza. Então, me escondia atrás de críticas e piadas, como se isso fosse me proteger de algo que, no fundo, eu sempre desejei.
Mas agora, algo mudou. O que eu mais quero é ser exatamente aquilo que eu criticava: um "emocionado". Quero sentir tudo de maneira intensa, sem filtros, sem bloqueios. Quero me permitir amar de verdade, sem medo do que os outros vão pensar ou de como isso pode acabar. Quero mostrar meus sentimentos para o mundo, para quem eu amo, sem medo de parecer fraco ou ridículo. Porque, no fundo, amar é o que há de mais corajoso.
A vida é curta demais para esconder o que sentimos. Não há tempo para disfarçar ou fingir que não nos importamos. Se algo ou alguém faz nosso coração bater mais forte, por que esconder? Quero viver tudo que sinto de maneira aberta, intensa, verdadeira. Mostrar todos os dias, de todas as formas possíveis, o quanto eu gosto, o quanto eu me importo, o quanto eu amo.
Ser "emocionado", agora, para mim, é ser sincero com o que há de mais humano: os sentimentos. E eu quero sentir, quero ser emocional, quero ser intenso. Quero viver sem medo do que vem depois.