Fayga Ostrower
Os acasos acontecem em estranhas coincidências. Eles nos acenam. E nós já sabemos do que se trata: uma nova compreensão de coisas que no fundo sempre existiram em nós.
Retomamos as delimitações. Nós a vimos como fator determinante para sepercever e configurar. Colocamos agora que a própria aceitação de limites - das delimitações que existem em todos os fenomenos, em nós e na matéria a ser configurada por nós - é o que nos propõe o real sentido da liberdade no criar.
Trata-se de poder aceitar as delimitações não como mero exercício mental - é verdade, afinal somos apenas humanos, tudo tem seus limites, e assim por diante enquanto no intimo se continua como se nada importasse - mas aceitá-los afetivamente, convictamente, através de nossa empatia com as coisas, uma atitude de respeito por elas. É no respeito pela existência, pela materialidade finita e intransferível de tudo que é, que as delimitações servem de fonte inesgotável para a criação, ao mesmo tempo incentivando e orientando a ação humana.