Fausto Brasil Migliorini
Brando fascínio que conduz.
Veredas imaculadas, enfeitiçam.
Cativas almas em seu caminhar.
Aos pés leva as incautas criaturas, apanhadas.
No mister do combinar, receita, sedução.
Pontiaguda, ácida e perspicaz.
Personalidade única.
Render-se, fato inevitável.
A todo que fitar.
Tamanha doçura deste olhar.
Deitado em minha cama, silêncio...
A chuva batendo na janela.
O verde das folhas num leve balançar.
Sol, dois milagres da vida em um frio e apático vidro.
Nostálgica tarde, envolvente.
Único, singular eu, raso, visível...
Cru, desnudo de pretensões.
Cascas caídas, como se as máscaras fossem guardadas.
Exposto, frágil, verdadeiro.
Em folhas e gotas, protegido.
Moldura, rara pintura.
Eu.
Entre sombras e engôdos, sorrateiramente camuflado.
Ardil, ágil, entre curvas e vias, segue.
Com a certeza de ir, nem ele sabe onde.
Razão plena do seu existir, o ir.
Contra senso da razão, paradoxo do ser.
Nenhum outro pode acompanhar, sequer sonhar.
Num devaneio fluir, Pensamento, senhor da arte de fugir.
O que realmente prende você?
O que faz com que deixe as oportunidades de viver passarem?
Dogmas que nos prendem a um mundo que verdadeiramente não é nosso.
Regras impostas, verdades plenas que só existem no mundo dos outros.
Hipocrisias impostas.
Sentimentos de culpa impregnados em nós, verdadeiramente culpa dos outros.
Outros, todo aquele que de alguma forma nos gera sentimentos de culpa.
Por quantas vezes você deixou de realizar algo por dogmas sociais, culturais ou religiosos?
Pensar em princípios, quais? Nos que você diz ter ou nos que foram impostos a você.
Pois é, o que os outros vão pensar se você for realmente “você”?
Compreensão pelo simples sentir.
As paredes do intimo mais afastadas.
Vazio que contempla o ver.
Resigno, plácido e verdadeiro.
Ego liberto de egoísmo.
Serenidade, silêncio singular.
Tempo sem tempo, época alguma.
A singeleza, meiga, gentil.
Imponente em sua torre.
Veemente e íngreme, caule e espinho.
Dilacerados os que tentam alcançá-la.
Poderosa em si. Única.
Doce néctar, serrado em sorriso.
Perfume, vício, torpor.
Balbuciar desconexo.
Colar de corpos, fervente pele.
Embriagados no éter do querer.
O maior micro mundo da alma.
Paixão, volúpia, loucura.
Solto dentro do eu, alma irrequieta.
Preso entre sonhos, anseios.
Tempos de garra, idos.
Impotente diante do desejo alheio.
Tão violenta a vontade de viver, ir
Grilhões trincados, o eu do outro.
Deriva, precisão.
Sonhos, inimigos traiçoeiros.
Exaurido, só.
Novamente eu.
Mais faces e facetas, quantas tem?
A todos, verdadeira.
Inda cerrada, entre carrancas velhas, impondo.
Gentil no trato, ato e fato.
A fundo quem ver, doce parecer.
Complexo nexo, querer.
Infinita garra, na face, sustentar.
Razões invertidas, tidas, idas.
Na ânsia de viver, novas faces fitar.
Insegura face, ao novo olhar.
Liberta face, garra ao encarar.
Na face nua, singela, delicada.
No espelho busca... Quem sou?