Fanny Hypolito
A bem da verdade já desisti de muita coisa. Já deixei de lado muitos sonhos, já vivi muitas tristezas, já ri de muita desgraça e já falei muita coisa cujo significado só era relevante para mim mesma.
Não que eu tenha aprendido a ignorar ou a cuidar mais de mim, mas as prioridades têm mudado.
Estou criando mais coragem para ser do que antes tinha para estar.
Numa análise do meu ponto de vista humanitário - ou aquele cujo eu não possuo - existe dois tipos de pessoas no mundo: as que nasceram para serem lógicas e as que nasceram para serem emotivas.
As lógicas são calculistas, não dão um passo sem saber aonde é que ele vai dar; pessoas que trabalham baseadas em consequências, em regras, na razão.
Já as emotivas agem por impulso, com o coração e por amor. Estão pouco se lixando para consequências, dor ou regras, elas fazem.
Bem, eu, na minha humilde opinião prefiro as insanas.
Aquelas que conseguem ver um pouco de amor na lógica e - acredite - um pouco de lógica no amor! Que conseguem ser calculistas perante regras do coração e conseguem ajustar razão ao impulso.
Essas são aquelas por quem você normalmente se apaixona porque, cá entre nós, tem coisa mais deliciosa do que alguém que consegue achar no amor um bocado de lógica?
E eu vou cuidar de você.
Mesmo longe,
mesmo escondida,
mesmo chateada,
mesmo triste,
mesmo cansada,
mesmo desacreditada,
eu vou cuidar de você.
Eu tenho medo, muito medo.
Medo de que seja amor.
Medo de que a paixão tenha passado e que agora perpetue algo mais intenso, mais difícil de ser controlado ou até dissolvido.
Vejo todos seus defeitos e tenho nojo deles. Tenho rancor de cada palavra torta que você tenha me dito ou cada comentário péssimo que você tenha feito.
Eu sei dos teus podres, da sua falta de caráter. Sei do que fala de mim e o que fala para mim.
Sei de tudo, sei de tanta coisa.
Só não sei parar de gostar de você.
E se ao menos pudéssemos, sem reticências, terminar nossa história.
Se ao menos acreditássemos, sem aspas, no que sentíamos.
Se ao menos conseguíssemos, sem vírgulas, nos manter unidos, amigos e parceiros.
Se ao menos você ligasse, sem outros nomes no texto, para uma pessoa só, assim como ela faz, sem novos parágrafos, quando se trata de você.
Eu não acredito em destino, nem nessas frases que dizem "o que for para ser seu, será". As coisas vem com um pouco mais de dificuldade, acredito eu, por um esforço próprio... O que acontecerá na sua vida é apenas consequência das decisões que você toma. Mas, sabe? Eu não duvido nada que enquanto você sofre por um problema - seja ele uma pessoa ou não - soluções passam à sua volta o tempo todo, mas que talvez você seja incapaz de vê-las.
Não duvido também que uma pessoa possa aparecer na nossa vida assim, do nada, quando o que queremos não é alguém, mas sim alguma coisa.
Sentimentos morrem e nascem a todo o momento.
Não precisamos acreditar em destino se para relaxar e esperar que as coisas acontecem.
Se um amor morre, não há porque morrer junto dele uma amizade. Porque talvez ela seja a base de tudo.
Por causa dela esse amor nasceu, mas com sua morte ela não precisa ir.
Podemos construir histórias juntos... Juntos na angustia, na tristeza, na diversão, na felicidade...
Afinal, amor e amizade andam sempre lado a lado, não?