Fabricio Henrique
Posso ir junto?
Agora que você foi embora
Te vejo mais frequentemente
Basta olhar pro céu, fechar os olhos
E encho minha mente com pensamentos de você
Sinceramente, não acho que exista
Algo que separe duas almas tão próximas
Como as nossas almas-gêmeas
Só resta saber se você também acha
Pensa em mim como eu penso em você?
Me enxerga com outros olhos?
Posso ir junto contigo?
Posso te acompanhar na aventura da vida?
Quem sabe um dia, quem sabe esse dia
Está perto de chegar, mas vou levar
Você comigo até o dia de reencontrar
Você no caminho de novo
Mas promete que aí não vai mais embora.
Redefiní-me novamente, como sempre. Nunca paro quieto. Uma hora tenho a plena certeza que desvendei o universo, na outra, não sei nem quem sou de verdade. A capacidade de me auto-avaliar é de fato o que me faz pensar demais. Liberto minha mente quando estou em grupo, mas sozinho me afundo em pensamentos. Coisas que eu nem devia lembrar mais. Preciso fugir de mim mesmo às vezes.
Você quis ser poeta
É, meu amigo
Você escolheu ser poeta
O caminho mais difícil
Nem médico nem atleta
Você quis ser poeta
É, pensou que ia viver
Despreocupadamente
Ia ver a vida passar lentamente
Agora se preocupa mais ainda
Mas está mehorando
Agora, ao menos, sabe
O que acontece exatamente
Em seu próprio coração
Tem uma definição
Que não dura muito
Mas, ao menos, sossega o ser
Te faz não ser em vão
Nenhuma poesia nasce sem nada
Nenhuma flor
Só tem bem-me-quer
Nenhum amor
Cresce sem água
Nenhuma cor
Nasce sem mistura
Nenhum rancor
Fica sem mágoa
Nenhuma dor
É insuportável
Ninguém se surpreende
Com o que já esperava
Nenhuma árvore
Nasce sem raiz
Ninguém planta seus sonhos
Em terra ressecada
O menino no meio
Alí ó
O menino no meio
Sou eu
Ali, sentado com frio
Ou só tremendo mesmo
De medo
Ali, escrevendo no caderno
Relatando o dia
Errando toda hora o texto
O garoto cheio
De estar cheio
De estar cheio
Aquele meio feliz
Só meio
Ali, bem no meio
Não comemora o dia
Mesmo com amor no ar
Destoaria seu tom costumeiro
Aquele ali
O garoto no meio
Sou eu
Quem dirá que um dia
Vai dar certo ser assim?
Quem dirá que quem adia
O dia de sua alegria
Vai um dia ser feliz?
Acho que ser poeta é isso. Escrever tanto alegria quanto desilusão. Tentar definir o que não tem explicação. Expressar escrito o que não se fala e está entalado no coração. Escrever a alma.
Timidez
Acordo de manhã pensando em você
Esfrego os olhos querendo que a timidez
Saia junto com a areia do sono
Enquanto me preparo pro dever diário
Me deparo com um tipo raro
De esperança surgindo lá no fundo
Começo a achar que hoje é diferente
Que a gente pode se encontrar
Daí seguir em frente junto
Crio na minha mente o discurso
Que diria se te visse e tivesse
A coragem necessária pra dizer tudo
"Te amo" eu diria em forma de canto
Com meu jeito demasiado romântico
Diria que você é meu mundo
A cada segundo me surgem idéias
A cada idéia me surgem mais motivos
Pra te dizer hoje que te amo
Saio de casa confiante, revigorado
Pela minha própria auto-estima elevada
Dizendo a mim mesmo "Hoje eu acerto"
Ando tranquilo pela calçada, pensando alto
Quando surge do outro lado da rua
Quem está nos meus pensamentos desde cedo
Ela me vê de longe, sorri pra mim
O suficiente pra me deixar sem ar
Iluminou a rua inteira, com um sorriso
Eu chego perto, esqueço do discurso
Te dou um beijo no rosto, um abraço
Você me diz: "Oi, tudo bem?"
Hipnotizado, digo apenas: "Tudo".
O que seus olhos refletem
Como esquecer de alguém
Que mesmo por pouco tempo
Despertou sentimento, por mais que tento
Não consigo esquecer de você
Lembrança remota, mas próxima
Agora mais próxima
Do que só imaginar, considerar
Estou a sonhar em te ver
Sonhar em te encontrar de novo
Quem sabe, acaso da vida
Que cria seus acasos de propósito
De forma fluída, desapercebida
Quase natural
Não importa a circunstância
A latência da ânsia de te ver
Já me faz acreditar que você
Está mais perto de mim a cada dia
Sorria. Talvez seu sorriso seja o motivo de outro. Porque a gente só fica feliz com a felicidade dos outros.
Vazio
Talvez por falta de reconhecimento
Incorrespondência do sentimento
Agora ando vazio de emoção
Não falo com exagero, nem aumento
Só eu entendo o quanto depende
Do amor o meu coração
Mas já não me reconheço
O desapego me pegou de jeito
E mudou meu jeito sentimental
Meu estado poético natural
Alterado pelo desapego emocional
Me traz a paz que me traz o tormento
Seria a ausência de sentimento ideal?
Ou seria mais uma tentativa
De tornar real meu sentimento?
O amor é uma chama. Aliás, duas chamas. Os dois que se amam têm que cuidar cada qual da sua. Se a chama de um se apaga, a outra terá dificuldade em sobreviver sozinha.
Não quero mais ficar sozinho, não mais. Só leva à distrações. Odeio admitir isso, pois é uma falha, mas preciso estar com alguém pra me manter firme, em pé espiritualmente. Me levo por tentações tão fácilmente. Não quero estar sozinho pois, quando se está, a paz lhe tira a tranquilidade. Mente vazia, oficina da saudade.