Fabiola de Oliveira Neves
Dizem que “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional.”
Nós, seres humanos, temos a tendência de vitimização quando ocorre algo que nos desagrada dentro de nossa concepção, dentro do nosso entendimento do que seria bom para nós. Entendimento esse muito subjetivo e singular, porque cada um possui uma visão diferente do que seria bom ou ruim acontecer em nossas vidas.
Mas o ponto é, como você reage quando os acontecimentos fogem do que a sua mente imaginou, idealizou ou fantasiou?
Você aceita a situação como um sinal do universo de que talvez aquela porta não te levaria ao destino do seu coração ou que ainda não era o momento de iniciar aquele caminho, porque antes seria necessário passar por outras fases, para assim chegar ao “chefão” mais fortificado, mais preparado e mais inteiro ou você joga o controle do videogame na parede e lamenta durante dias que não consegue passar de fase?
Nesse instante tive um devaneio e fui transportada para a minha infância, nos dias das férias de inverno, em que ficava o dia todo jogando Super Nintendo e conduzindo o Mário Bros nas inúmeras fases de seu mundo encantado.
Enfim, devaneios à parte, quando algo não sai como esperamos, o mais sensato é não nadar contra a corrente e tampouco nos culpar e mostrar ao mundo como somos vítimas do sistema, ou como somos mal-amados por Deus ou pelo universo. Muito pelo contrário, eles estão nos mostrando sinais, mostrando que muitas vezes temos que apenas olhar para dentro e mudar a direção de nosso barco.
Por esses dias estive pensando quando sentimos dor, seja por uma proposta de emprego que não deu certo, seja pelo término de um relacionamento, ou seja por algo que a nossa mente teimou que era o caminho certo, mesmo quando o nosso coração gritava: “Não vá por esse caminho, não vá por esse caminho!"; não temos como deixar de senti-la. O ego é sensível, quando nos decepcionamos ele se transforma em uma criança ferida que sonhava em ganhar uma linda boneca e não ganhou, aí ele chora, grita, esperneia, mostra para o mundo que a sua dor é a maior do mundo
E esse raciocínio me remeteu à seguinte analogia, quando tomamos vacina, sentimos dor no momento em que o líquido entra em nossa pele, é inevitável, mas logo passa. Mas se quisermos assim optar, podemos ficar o dia todo reclamando que o nosso corpo está dolorido, que hoje estamos indispostos e que ninguém pode sequer nos relar. Ou podemos sentir a dor da vacina e ao deixar do centro médico já esquecemos da dor e vamos viver o dia, com disposição e da melhor forma possível.
Com a nossa dor emocional também podemos agir dessa maneira, temos que vivê-la sim, não podemos escondê-la, porque se assim fizermos ela volta mais tarde com mais força, mais assustadora. Mas se optarmos por vivermos esse sentimento, acolhendo-o, sem ficarmos revivendo e depois nos despedimos e abrirmos para que sentimentos novos possam entrar em nosso coração e assim possamos experimentar o belo, a luz, a verdade, a vida, descobriremos que o sofrimento não vale a pena.
Que possamos sempre ter a sabedoria para sabermos a hora de nos despedirmos da dor e saibamos tirar no momento certo o véu que tapa os nossos olhos de enxergar novos caminhos, novos sabores, novos amigos, novos amores.