Fabiano Queiroz
Estava tão forte, tão verde...Pensei que pudesse deixar de rega-la, uma tarde, funesta tarde.
Agora eu que murcho. Tinha tanta água, me afogo toda noite.
Amanheço seco, passo o dia seco...frívolo
Maldito aquele que bebe do teu cálice, Epicuro
Pobre infeliz, Ícaro desatinado...
Rendido ao dolente fado...
Prevaricar-ti-ei, gorjeio suicida...de mim vos esconjuro
De minha parte terás o fel em tua seiva
Donde busco mérito de matar teu chiste
A todo pensamento vil que me persiste
Recepto, galhofado, com a estigma da eiva
Buscais refúgio num coração laical
Conheço teu preceito fatal...
Tuas vestes ultrapassadas estão...
Confesso que difícil fora ascender do chão...
Uma vez erguido, jamais reincidirei
Mesmo encontrando belezas, estoico por diante serei...
"Se tudo o que eu fizer não lhe trouxer a mim, cotejo este tudo ao nada. Pouco importa se terei várias primaveras, meu jardim já não tem minha flor favorita..."
“Aquela paz amanhada, fruto do sonho silencioso...
Desfruta da plenitude que almejara outrora.
Atribuiu-lhe este bálsamo, amável criatura celestial...
Fundo os contrastes e sutilmente o seu toque me aguça
E então direciono minha concentração somente a ti
Deleito; as mais singulares das sensações me acalentam
Fruto de amor maduro, perfeito... Fervoroso
Distancia alguma é capaz de apartar tal graça.
Fui amoldado para amar-te, anjo meu, ungido para ti.
Junto às mãos em prece (preces à tua veneração).
Perco-me, mesmo sabendo o trajeto a percorrer
Jamais vazio, lembranças jorram de minhas veias
Em um conforto de afetos múltiplos... Paz.
Nos braços de um Anjo” ...
O legado de uma Brisa
Uma Brisa tocou-me no ápice do verão
E singelamente transpareceu sua plenitude
Dessarte, usufruí nitidamente esta dádiva
Foram dias de sol, mas meu corpo era gélido
Lambujem efêmera, lamento perdurável.
Clamei! Eólo sabe o quão alto e verdadeiro.
Julgaste bem meu demérito, hoje me aqueci.
Preciso da minha Brisa de olhos radiantes,
De sorriso terno. Não sejas demasiada atroz.
Convenho que brisas não toquem a mesma face
Meus olhos que discordam. Pobres hereges
Entôo seus acordes, a nota derradeira silencia...
Acalmo-me e revivo a tua estadia lacônica
Eterno frenesi... Uma, e outra, e muitas outras mais...