Everton Neri
No dia em que tu se foste. (A carta)
No dia em que tu se foste eu fiquei sem voz, totalmente embargado. Quis gritar por socorro, mas estava entalado com um amor que nunca quis sair de mim.
No dia em que tu se foste eu quis correr, sumir pra bem longe, mas tu levaste embora os últimos resquícios de força que havia em mim. Pensei em sair da galáxia, até entrei escondido num foguete, mas prestes a decolar desisti, pois tive medo de, em meio àquele escuro, confundir a luz das estrelas com o brilho dos teus olhos e então morrer de amor por nunca poder alcançá-los.
Tentei em todas as direções, em todos os comprimentos de onda e graus possíveis, enxergar algum abrigo, mas tudo que eu conseguia ver era tua imagem sorrindo com aquele sorriso que me fez, desde à primeira vista, sentir o mais puro sentimento; a mais benevolente de todas as sensações; a inexplicável perfeição que só você conseguiu causar em mim. Acho até que o próprio amor sentiria inveja se um dia ele sentisse o que você me proporcionou a sentir.
Fiz de meus braços asas e então voei o mais alto que pude, para quem sabe, achar-te nas nuvens, mas ao chegar lá não te encontrei em lugar algum, tudo era branco e límpido e ao tocá-las não hesitei em lembrar-me da quão macia era tua pele... Ah, tua pele... Quando as tocava me sentia o mais feliz colhedor de flores do jardim celeste, na verdade, nunca toquei as flores de lá, mas com certeza devem ser tão perfeitas e macias quanto.
Quando se foste, me senti sozinho em meio ao mais profundo oceano, nas profundezas onde nem mesmo os peixes habitavam. Nadei por dias tentando achar a superfície na esperança de te encontrar, mas quanto mais nadei mais me afoguei e quando meu fôlego se foi por inteiro, lembrei-me do teu beijo que me tirava todo ar possível, e então nem do fôlego eu necessitava mais naquele mar, somente de um beijo teu.
Ao ires embora não levaste apenas meu amor, mas também minh’alma, minha razão, minha paz interior. Perdi-me em meus próprios pensamentos, me afoguei em minhas próprias lágrimas, caí no abismo do desamor, a insanidade de tudo em mim tomou conta. Só o que me restou foi a esperança de te ver voltar, a esperança de uma vez mais rever aquele sorriso, de novamente poder tocar tua pele...
Mas, cadê você que não volta? E quanto as promessas feitas? Não sabia que o amor poderia ser tão cruel, tão efêmero em sua benignidade. Se amar é ir embora e deixar para trás todas as boas memórias e momentos vividos, sem ao menos ter direito a um adeus, eu não quero mais amar. Na verdade, espero realmente não ter amado, prefiro acreditar que não foi amor, talvez um feitiço, algo totalmente fora da realidade.
Neste discurso de quem não sabe o que está realmente falando, queria te odiar, mas a saudade não me dá espaço. Queria, mais ainda, poder te esquecer, mas como posso esquecer algo que nem mesmo eu sei se foi real? Quem sabe a melhor saída é fazer daquelas boas memórias motivo de sorrisos. Contudo, se um dia me perguntarem qual o motivo das consecutivas lágrimas, sem saber como agir, farei o que aprendi com você, darei as costas e irei embora, pois palavras para descrever tais lágrimas, creio que nunca as encontrarei.
Por fim, tentarei não permitir que a decepção e o que penso ser ódio tomem conta de mim. Vou seguir acreditando que o amor é mais que o que você foi capaz de me doar e que um dia ainda irei encontrá-lo. E lá estarei eu, de braços bem abertos e sorriso novamente escancarado para dar boas vindas a uma nova e incessante tentativa de amar e ser amado. Então, de hoje em diante, prometerei a mim mesmo que vou me curar de você, pois no dia em que tu te foste percebi que realmente me apaixonei, mas não pelo que tu realmente eras, todavia pelo o que eu inventei de você.
É muito fácil de resumir a nossa maneira de viver. Tomemos como exemplo duas portas, na qual uma está fechada e outra está aberta, e para qual nos direcionamos? Para a fechada? Por que não? E como abri-la? A quem recorrer? (...) é exatamente pelo excesso de questionamentos a nós mesmos que acabamos desistindo, mostrando tamanha covardia com nossa própria vida. Portanto, busquemos e façamos nossas próprias chaves, e abramos essas portas, pois só assim conseguiremos provar que, pelo menos, uma vez fizemos a diferença. Se o que estará dentro da porta é bom ou ruim, bem... isto já não nos importa mais por agora...
Haverá noites que quem te derrubará será o sono. Haverá noites que quem te fará adormecer será o cansaço. Mas, também existirão noites mais longas que parecerão nunca terem fim, a causa delas é a temida tristeza, que te consumirá melhor que qualquer outra coisa. Esta sim, sabe como derrubar, massacrar e destruir alguém. Cuidado com ela, ela mata!
O ruim de se jogar no mar do amor é não conseguir nadar de volta à superfície sem, ao menos, se afogar.
A verdade é que, o que pode ser estressante para uns, pode ser o alívio para outros. Então, cabe a cada um escolher suas preferências, pois a vida, meu caro, é feita de prioridades.
Quando teus planos deixarem de envolver vidas, possivelmente, eles começarão a dar certo. Mas, esse é o problema: deixar de envolver vidas.
Se você encontra tanta falsidade em suas amizades, talvez o problema não seja exatamente elas, mas, a reciprocidade que elas têm por você.
Não há nada mais desleal do que quebrar uma promessa. Uma promessa pode significar toda uma vida planejada. Às vezes, uma promessa é o que faz o coração de alguém continuar batendo. Uma promessa, até mesmo, pode fazer existir sentimentos onde jamais poderia haver. Portanto, muito cuidado ao fazer promessas, e mais ainda, em quebrá-las, pois um coração pode partir-se, e dentro dele você pode estar.
A difícil missão de guardar apenas as coisas boas de momentos ruins, muitas vezes, se torna mais fácil que conseguir superar e se retirar do abismo em que nos afogamos ao nos alimentarmos das más lembranças.
O que ao tempo não resiste ao tempo não pertence. E o que ao tempo não pertence, em nada acrescenta à vida.
Dê férias a si próprio, dê adeus ao que não é teu nem nunca foi e dê boas vindas ao nada, porque é do nada que sempre surge algo inesperado.
Pense em uma coisa que pode te machucar profundamente. Depois, pense em algo que pode estupidamente te corroer para o resto da vida. Agora, pense numa situação que tanto querias, que supostamente seria benéfico e que no fim acaba te estraçalhando em pedaços e, então, tu te arrependes amargamente por um dia ter tanto desejado tal coisa. Sabe que coisa é esta? Não? Pois bem, sela se chama mudança. Ora, quão ótimo poderia ser uma mudança!? Imagine quão bom seria se o mundo mudasse... Ah, isto seria perfeito. Todavia, quando pensamos em mudança, logo vem a imagem de algo que se tornará melhor do que era, afinal, ninguém quer que algo mude para pior. Mas, às vezes a mudança pode ser bom para outrem e, ao mesmo tempo, pode ser a pior coisa que um dia já te aconteceu, pois aquilo que pensastes que seria perfeito, na verdade, passou fora demais da margem do que havias planejado. É... Querer que algo mude pode ser algo tão perigoso quanto deitar sobre os trilhos de um trem bala. Pode tornar-se uma situação totalmente inimaginável, e com consequências profundamente irreparáveis. Se queres mudança, então estejas preparado para o que isto pode te proporcionar. Se não tens forças para suportar as consequências de uma permutação, então não desejes isto. Do contrário, terás de optar por ser infeliz diante de uma situação que nada te beneficia.
Já dizia Paulo Freire: "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo." E não, não existe outra saída, um plano B, só existe esta saída e sempre só será esta a definitiva salvação, socialmente falando.
O melhor de tudo é saber que eu, em algum momento, fui o causador de um sorriso numa alma que não tinha muito por que sorrir.
Verde da cor do sangue.
Vermelho da cor das folhas das árvores.
Não sei se devo seguir ou se aquela luz significa que devo parar.
Já não posso mais estudar a luz de velas, nem ao menos sei se me chamo Dalton.
Aos mais velhos, respeito. Aos jovens, conscientização. Mas, às crianças, cuidado, respeito, conscientização e tudo que faça de um ser qualquer um inquestionável cidadão.
Tentar compreender o desconhecido é uma missão que poucos escolhem buscar. No entanto, cabe a cada um seguir a utopia que bem entender, afinal, os tolos têm o livre arbítrio de optar por serem eternizados como inferiores.
