Everson Fernandes
Tenho momentos de nostalgia por querer ver tudo que não vivi, às vezes com frequência sou tão indefinido e indeciso. Às vezes parece que estou sendo o que não sou, mas afinal, o que eu sou!? tantas vezes me sinto tão sem sentido, porém, isso até que faz algum sentido, embora ainda não descobri qual! É tudo tão às vezes, é tudo tão incerto que já nem sei se estou realmente diferente por fazer tudo perpetuamente igual ou se ainda permaneço o mesmo agindo de forma diferente...
Em meios as constantes incertezas, às vezes tenho a convicta sensação de ser um espectador de mim mesmo, talvez por isso busco tantas referências, resquícios, reflexos, rastros que de uma certa ou incerta forma mostra-me alguma direção. E assim quase que por fim acabo me encontrando em alguém, em alguns, em canções, enfim, vou me descobrindo, e sem que perceba me perco novamente nalguma curva do caminho, e então como instinto eu pressinto que não preciso mais me achar...
Às vezes e por enquanto vou seguindo do meu jeito na esperança de que este por enquanto dure para sempre, mas que não perdure essa nossa pressa de querer que tudo passe a caber no tempo, e de tanto passar ele já não para mais, já não sobra mais, já se escuta demais e não se ouve mais o som “ensurdecedor” do silêncio. Esquecemos que o tempo é que deve ser a dimensão de cada instante, pois, só ele é capaz de fazer com que tudo dure exatamente o necessário!.
Queremos viver sem medo, mas não temos coragem, morremos de medo de morrer sem ter vivido e assim vivemos, esquecemos que os maiores e mais temidos fantasmas ainda não morreram...
Somos movidos pelo medo, se não temêssemos perder jamais valorizariamos, existem tantas formas de sentí-lo, são tantas formas de entender uma única palavra, mas teimamos em querer que sejamos todos iguais!
Medo pode até ser sinônimo de fraqueza, mas se força for não temer a nada e ninguém, permaneço-me vulnerável, indeciso e medroso, temo a mim mesmo, a solidão, ao escuro, ao espelho, ao silêncio...
É fácil encontrar o horror nos outros, se defender de ataques inimigos, mas, como nos proteger do nosso próprio mal?
O tempo nós faz esquecer o porque de sermos tão esquecidos, mas afinal de contas o que nos trouxe até aqui, medo ou coragem? Talvez nenhum dos dois, o fato é que estamos aqui, e mais uma vez o tempo passa e transforma tudo em lembranças, aguardamos confiantes que ele nos traga também a coragem para enfrentar o medo destemido que insiste em nos rodear. Irônico é esperar e torcer que o destino sempre mude tudo e esquecemos de nos mudar para tentar modificar o mundo, quem sabe um dia tenhamos destreza, mas, isso só o tempo dirá.
Não dá para seguir sempre em linha reta, às vezes é preciso fazer a curva pra continuar seguindo o mesmo caminho... não dá pra viver sem problemas, mas sempre dar-se um jeito para resolvê-los! É impossível traçar um círculo perfeito com as mãos, mas pra que ser perfeito? Se podemos ser diferentes e únicos.
Nem sempre é preciso procurar um novo caminho para encontrar novos horizontes, talvez basta simplesmente olhar para o lado para enxergar a direção adiante! Prefiro andar o mundo todo de que andar como todo mundo, me sinto um paradoxo, quem sabe até paranoico não sei ao certo, mas, prefiro mesmo acreditar no meu mundo ao invés de permitir que o mundo me faça crer nas suas criações e criaturas sempre querendo chegar frente sem saber que ficará pra trás no próximo e imediato segundo, num futuro já antecedido que faz do presente uma distante lembrança que nem podemos mais traça-lo, pois estão tracejando-o por nós, o que resta agora é corrigi-lo, reescrevê-lo com as mãos e passar a limpo todo dia, assim poderemos, portanto, mudar o que ainda não foi impresso.
No silêncio desta fria madrugada o barulho da minha mente não me deixa dormir, por isso escrevo sem pensar, simplesmente para o sono chegar, porém, logo em seguida penso sem querer e volto a corrigir tudo que escrevi!
- E esse barulho que não para? E o sono que não vem?
Será tudo força do pensamento ou a fraqueza das ações que me convém? ...
Às vezes parecia que era só acreditar em tudo que eu achava tão certo, e tudo então seria assim, mas, agora que enxergo o que não vejo, percebo que não é suficiente apenas acreditar. Que não basta ser demais!
- E a mente que não cala? E o sonho que sonhei?
Será tudo questão de tempo ou será isso um sonho também?
Ter certeza da dúvida, talvez seja mais favorável de que acreditar em certas certezas, porque dúvidas sempre há, já a certeza, dessa eu ainda desconfio, pois, a única evidência que tenho é que sou confuso a tudo isso...
Em meio as dúvidas concretas e incertas convicções, eu me sinto em paz, só não sei ainda se duvido ou se acredito!?..., mas talvez a criativa elaboração da questão seja mais sábia de que a solução propriamente dita...
Nessa imensurável necessidade de explicar tudo ou se explicar em tudo, seguimos sem encontrar definição para o nada. Ainda temos certezas demais, sem entender que a dúvida também nos traz razões para viver, e mais uma vez esquecemos que saber como se faz, não é saber fazer.
De olhos abertos um paraíso, com eles fechados longe do abismo, observando o horizonte distante da pra ver, notar tudo que nos cerca, ver até o que não se enxerga...
Onde posso soltar a imaginação, prender todo tipo de exatidão, esclarecer a luz que há na escuridão, explanar o que não tem explicação, confundir tudo que pareça ter razão!
Daqui posso sentir meu corpo fluir, ouvir o silencio rugir, tirar o peso dos pés ao colocá-los no chão e se não consigo tocar as nuvens com as mãos!? Levo ao menos na memória essa leve sensação.
De repente ao ver tudo me pego pensando em nada, minha mente estatiza, meus olhos extasiam, e ainda sem perceber me dou conta de que tudo que pensei foi apenas fruto de um momento de atenção que alcancei sem intenção, no vão da minha amplidão num ligeiro instante de desconcentração...
Quando digo que está escuro, você ilumina
Quando digo que estou confuso, você me ensina
Quando digo que não tenho mais nada a dizer,
Você simplesmente me faz entender,
Que não são só palavras ditas que farão compreender,
Pois, também o teu silêncio me leva, a saber,
Que são tantos os motivos para amar você!
Teus lábios suaves e sorriso singelo,
Teu jeito com versos, eu confesso: espalha doçura,
Tua voz que revela o silencia sincero,
Morena do céu, com olhos de mel e eterna ternura!
Pontos em comum são o que nos atrai,
Contradizendo a Física, não somos normais
Sem intenção, sua atenção é o que me distrai,
Ao pensar paira no ar teus lindos sinais,
Logo que o sol levanta, e sempre que a noite cai.
A semelhança é nossa diferença! Distintos por sermos iguais.
Segredos contados é o nosso mistério
Ainda que os meus quase sempre banais,
Com você o meu nada vira tudo, mais sério.
Há tantas coisas acontecendo no mesmo lugar. Há tantos caminhos levando aonde se quer chegar. Há tantas vozes gritando ao mesmo tempo. Há tantos pontos cercando um mesmo centro.
... Labirintos, raízes... O cérebro. Um órgão. Um espaço no qual giram incontáveis universos!
Nada é tão concreto por trás de tantos concretos!
Tudo é tão subjetivo a frente de tantos objetivos...
(...) “E mesmo se a esmo esvoaçar a minha voz, numa dimensão, ainda sem direção... Meus passos em lapsos remanescerão, com passadas descompassadas, mas que apesar de pesadas andam apressadas por ansiar passar onde a mente não possa pisar, mas os pedaços do passado ainda pairam no ar e me levam sempre a pensar nas perdas e pedras que no caminho ei de enfrentar, contudo, continuo confuso e cansado por insistir em caminhar, porém, já realizado por ainda desejar, encontrar uma sombra que no horizonte vivo a procurar”.
Já não sei qual o itinerário!
Qual o local e o horário
Se e o tempo é mesmo tão temporário
Se o texto é ou não é literário.
Se preciso ver para crer
Se é preciso ficar ou correr
Sonhar ou saber
Plantar ou colher
Inventar, enfrentar ou escolher...
Às vezes é preciso mudar para viver
Voltar para rever
Chutar para fazer
Pedir, para poder permanecer
... Vivo antes de morrer!
Entre tantos outros
Entre outros tantos
Entre muitos poucos
Entre muitos cantos!
Entre tantos campos
Há sempre Gregos e Troianos.
Entre a porta aberta e a luz acesa
Entre o querer e o poder
Entre o castelo e a princesa
Entre o saber e o fazer
O pesar e o prazer.
Entre o ataque e a defesa,
A invasão alemã e a linha francesa.
“Entre tantos entre, há tantos planos”!
O tempo e suas artimanhas. Cada santo com seu manto. Cada ponto no seu canto. Cada conto com seu encanto, mesmo que seja recontado.
Sempre há um “porém”...
Entre um jogo e outro, entre uma parte e outra de uma mesma partida... Entre um apelo e um aplauso, a reza e a resenha, entre a palavra e o palavrão, a defesa e o ataque, uma trave e a outra, o goleiro e o gol, entre um gol e outro...
Sempre uma pausa, uma causa, um “porém”...
- Pode ser do mesmo... Mesmo ângulo, mesmo ponto, mesma parte, até no mesmo time, mas, nunca da mesma forma.
Tudo parece se mover, quando se está imóvel conduzindo um automóvel.
A mão no acelerador, olhos no retrovisor. Plano de fundo: paisagem do sol a se pôr. Planos em mente, seguir em frente...
- Faixas pontilhadas, estradas esburacadas, placas sinalizadas.
Motores modernizados, vetores ultrapassados, ponteiros sempre apressados, sinais estão fechados e... Continuamos atrasados.
Toda minha infância no interior me fez enxergar coisas invisíveis que talvez não as pudesse perceber se convivesse em outro ambiente. Se bem que a melhor educação que uma criança/indivíduo pode ter é o exemplo e isso foi/é a maior virtude que tive/tenho. E para dar o exemplo não importa o espaço. Basta seguir o compasso dos passos.
Acho que foi esse convívio interiorano que persiste até hoje, que fez brotar essa admiração pelo verde, pela terra, pelo ar, puro céu azul... Sob a luz natural do dia e a resplandecência surreal da noite. Posso sentir a mente nutrir-se de informações inspiradoras que jamais esquece.
... Ainda que não lembre!
A história se repete...
A estória se reflete!
A forma se revela
a força se rebela
A face reverbera
A ferida regenera...
A tese nos trela
A teia nos atrela
Há 'tramas' na tela
O tempo passa na janela...
(Basta olhar)
“E quando achamos que não existe mais nada a aprender, nasce um novo dia para modificar tudo que pensamos já saber”!
E ainda quando idealizamos que tudo foi definitivamente transformado, surgem novas cartas para diversificar o mesmo baralho. Novos toques para diferenciar o ritmo ou quem sabe até novos ritmos para determinar os mesmos toques...
Cai a noite com a enorme escuridão e o sol imediatamente ilumina o Japão, e aquelas lentes que horas atrás tinham tanta servidão agora já não convêm com tanta precisão.
Há um muro de concreto.
Um dilúvio no deserto.
... Um delírio, um delito!
Um furo profundo no muro
– Que a chuva traga, que a noite caia
Que a vida leve, que os ditos não ditos nos digam!
Há um vácuo vago no espaço
Um vazio opaco nesses traços...
Um passado pairado em pedaços
O pudor, o poder, o pisar dos passos.
Há uma figura, um figurante
Um sentido, um figurado...
Um dia sortido, efeito surtido!
– Álibi mediato. Alívio imediato.
Há quem diga que não entende
Quem não entende o ditado
– Há um rio, um riso, um raio!
O escuro, o escudo... Um espelho quebrado.
Propaganda é a alma do mercado
E a arma da publicidade é a mentira
– O alvo do consumo em público é processado
Mas a fábula impressa em resumo segue teleguiada.
Tá tudo relatado e reluzido a frente da visão
Tá tudo reduzido e refletido na palma da mão
Tá tudo retorcido. Repetido... Repetido... Repetido...
– Será que alguém presta atenção?
Tá tudo restrito, reescrito, refeito.
Tá tudo reprimido entre rosto e retrato
Tá tudo tão reverso, relativo, rarefeito...
– Será que é tudo real ou será um remoto abstrato?