Eva Poster Avila
Observando
O sol lhe caia bem se movendo pelas encostas
Nascendo do lado de lá passando ao lado de cá
Os olhos não podem ver todos os lugares onde andas
Nem pode todos os passos tocar todo chão que pisas
As madeiras das mesas, com rodas marcas de copos.
Como traços de rostos desenhados em anos de espera
Como as almas esculpidas nos tempos vividos
Enrustidas de procuras e segredos
Encontros, desencontros mudanças e mais mudanças.
Como os endereços em cartas enviadas
Que portam suspiros de seu remetente
O sol lhe caia bem, movendo-se pelas esquinas.
Apagando-se lentamente, sumindo por entre as frestas.
Deixando palavras presas, que procuravam seu momento.
Adormecendo na entrelinha de olhares
Repousando fôlego ofegante do desejo de dizer
Distinto silêncio e lábios, mas não emoções.
O sol lhe caia bem morrendo atrás dos montes
O sol lhe caia bem com ares de paciência
Com olhos de incertezas e paixões
No olhar-te hora de um lado, hora de outro.
O sol lhe cai bem...
Folhas ao vento
Mas o que dizer do passado
Se ele sempre parece mais doce do que já foi?
Mas o que dizer do futuro
Se ele parece sempre mais longe que amanha?
E do presente se nos falta coragem
E se vamos sobreviver à hora de nossa verdade
Se em acesso de loucura
Sinto-me leve como folha ao vento
Mas olhares me confundem e me censuram
E frases ditas procuram o silencio
E o tempo se queima como um cigarro no cinzeiro
Talvez o tempo de pedir perdão perde-se
E sem sentido as lagrimas tornam-se baratas
E as loucuras estão estampadas na primeira pagina
E se perdeu o dom de atuar
E nem mesmo as paredes consegue convencer
E nem mesmo o sono consegue acalmar...
Intensidade
Há uma intensidade que habita em todas as coisas simples
Naqueles momentos existências
Naquelas palavras que são verdades
Naquelas noites ao clarear da lua
Nas tardes de sol quente e céu azul
Nos dias que a chuva decide não parar
Em que se olha para o lado
Nos olhos daquela pessoa com quem se deseja estar
Naquelas horas profundas que somente se quer amar
Que são perfeitas como estrelas
Que são loucuras
Que são poemas
Que nada consegue jamais apagar...
Suspiro
O sol toca chão
O canto macula o silencio
E o gosto de seus beijos
E o suspiro de um amor sem dor
Os ladrilhos coloridos da calçada
Em mosaico desenhado
Com tons de verde rosa e azul
Quanto tempo temos antes de voltarem às nuvens
As estrelas e o oceano com uma só
O som de sua voz e nosso riso... Um só riso
O calor de sua mão
E aperto os dedos
O mais belo que podes ser
O quanto mais verdadeiro pode desejar
Tudo que posso quer
Sua alma... Para com a minha estar