Eugénio de Castro
Eugénio de Castro (1869-1944) foi um poeta português, o iniciador do Movimento Simbolista em Portugal.
O poeta Eugénio de Castro nasceu em Coimbra, Portugal, no dia 4 de março de 1869. Cursou Letras na Universidade de Lisboa. Entrou em contato com o Movimento Simbolista na época em que viveu em Paris.
De volta a Portugal, publicou a coletânea de poemas na obra “Oaristos” (termo grego que significa diálogo íntimo). Menosprezando o Realismo, o simbolismo introduz uma visão egocêntrica, e o mundo interior volta a ser o foco de atenção em lugar da realidade exterior.
As primeiras poesias de Eugénio de Castro, desse período, apresentam rimas novas e raras, porém, nem sempre se manteve fiel às propostas da estética simbolista, inclinando-se muitas vezes para o preciosismo formal, próprio dos parnasianos.
Na segunda fase da poesia de Eugénio de Castro, que teve início no começo do século XX, alguns poemas alcançaram maior espontaneidade, partindo para o sobrenatural. Eugénio de Castro faleceu em Coimbra, Portugal, no dia 17 de agosto de 1944.
Acervo: 5 frases e pensamentos de Eugénio de Castro.
Frases e Pensamentos de Eugénio de Castro
Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...
Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...
Meu coração no entanto não se cansa:
amam metade os que amam com espr'ança,
amar sem espr'ança é o verdadeiro amor.
Em que emprego o meu tempo? Vou e venho,
Sem dar conta de mim nem dos pastores,
Que deixam de cantar os seus amores,
Quando passo e lhes mostro a dor que tenho.
É de tristezas o torrão que amanho,
Amasso o negro pão com dissabores,
Em ribeiros de pranto pesco dores,
E guardo de saudades um rebanho.
Meu coração à doce paz resiste,
E, embora fiqueis crendo que motejo,
Alegre vivo por viver tão triste!
Três da manhã. Desperto incerto... E essa quermesse?
E a Flor que sonho? e o sonho? Ah! tudo isso esmorece!
No meu quarto uma luz luz com lumes amenos,
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...
Mal enche o berço, mas como o sonho, / Enche de luz a vida tenebrosa!