Esther Vilar

Encontrados 8 pensamentos de Esther Vilar

⁠O homem nunca deve ficar deprimido quando encontra outro com uma mulher particularmente atraente, mas, sim, deve pensar a que ponto essa mulher fica cara ao pobre homem. Em todo caso, seria mais econômico para o homem satisfazer o seu instinto sexual com prostitutas em vez de se precipitar no casamento (com prostitutas, no sentido convencional: - a rigor, a maioria das mulheres pertence a esse grupo). Mas como o homem também nesse caso age segundo o princípio do rendimento do trabalho, para o qual foi domado, considera como inferior o sexo pelo qual não paga muito. O seu prazer é tanto maior quanto mais cara é a mulher com quem dorme. E quando não consegue de outra maneira a mulher que deseja - ou se não vê outra possibilidade de a conservar - oferece o preço mais alto e leva-a ao altar. Que ironia, que os homens mostrem tanto desprezo precisamente pelas prostitutas normais - já que elas pertencem àquele reduzido número de mulheres que admitem francamente ganharem dinheiro com o aluguel de determinada abertura do seu corpo. A ideia de "profissão suja" só foi construída para intimidar os homens que um dia talvez viessem sabe-se lá, a fazer comparações.

⁠Um homem que não se prende, que não procria filhos, que vive hoje aqui, amanhã ali, que faz uma coisa hoje, outra amanhã - porque lhe interessa, e para sustentar a si e somente para si - e quem enfrenta a mulher, quando a encontra, como homem livre e não na qualidade uniformizada de escravo, é expulso da sociedade e desprezado.

⁠De todos os métodos de amestração de que a mulher se serve para a educação do homem, o que mostra ser mais útil é o do elogio: é um método com que se pode começar muito cedo e que conserva até os últimos dias a sua crescente eficácia (ao contrário, por exemplo, da amestração pelo sexo que só é praticável dentro de um curto período). O método do elogio é tão eficiente que, devidamente doseado, até permite prescindir do seu oposto, a censura: alguém que esteja habituado ao elogio, sentir-se-á, sem ele com se tivesse sido censurado. A amestração pelo elogio tem, entre outras, as seguintes vantagens: torna o elogiado dependente (para que o elogio tenha valor tem de provir de alguém superior, o elogiado elevará pois o elogiador a um nível elevado); aumenta o seu rendimento (é conveniente o elogio não ser conferido sempre pelo mesmo resultado do trabalho, mas sim por um resultado sempre superior).

⁠O homem – ao contrário da mulher – é belo, por que – ao contrário da mulher – é um ser intelectual. Isso significa que: O homem é curioso (quer saber o que se passa no mundo que o rodeia e como ele
funciona). O homem pensa (tira conclusões dos dados que se lhe deparam). O Homem é criador (faz coisas novas a partir dos seus conhecimentos sobre o que existe). O homem sente (na sua escala de sensibilidade, extraordinariamente ampla e multidimensional, não se limita a registrar o comum nas suas “nuances” mais imperceptíveis. Também cria e descobre novos valores de sensibilidade que torna
acessíveis a outros através de descrições tocantes ou de obras de arte). A curiosidade é de todas as qualidades do homem, certamente, a mais expressiva. A curiosidade do homem é, ao invés disso, algo de muito diferente: basta-se a si
própria e não estando relacionada com nenhum efeito útil imediato é, contudo, mais útil que a da mulher. Basta passarmos uma vez por um local em obras, onde esteja a trabalhar uma nova máquina, por exemplo, uma nova espécie de draga. Raros serão os homens – qualquer que seja a sua origem e classe social – que passem por lá sem se deterem pelo menos um bocado a olhar para ela. Muitos chegam a parar. Observam e conversam sobre as qualidades da nova máquina, quais o seu rendimento, porque dá esse rendimento e até que ponto se distingue dos modelos já conhecidos. Não lembraria a uma mulher ao pé de uma obra, ao menos que a aglomeração de pessoas fosse tal que ela pensasse que poderia ser uma sensação excitante (“Trabalhador esmagado por bulldozer”). Num caso desses, informar-se-ia pessoalmente e viraria as costas. A curiosidade do homem é universal. Não há, por princípio, nada que não lhe interesse, quer se trate de política, botânica, técnica atômica ou outra coisa qualquer. São também objeto do seu interesse assuntos fora da sua esfera de ação, tais como, por exemplo, conservar fruta, amassar bolos, cuidas do bebê. E não seria possível um homem estar nove meses grávido sem se interessar de todos os pormenores sobre a função da placenta e dos ovários. O homem não só observa tudo o que se passa em seu redor (e de modo geral no
mundo) como também interpreta. E como procura informar-se sobre tudo, não lhe é difícil estabelecer comparações, reconhecer no que vê determinados princípios –, sempre com o objetivo de fazer, a partir disso, algo de novo.

⁠Infelizmente, sucedeu que os homens, marcados pela vontade e a capacidade de refletir sobre todas as coisas, declararam tabu tudo o que diz respeito às mulheres. O pior é que os tabus são tão eficazes que já ninguém os reconhece. Os homens fazem guerras das mulheres sem nunca pensarem nisso, ajudam a criar os filhos das mulheres, constroem as cidades das mulheres. E essas mulheres tornam-se simultaneamente mais preguiçosas, mais estúpidas e, materialmente, mais exigentes. E cada vez mais ricas. Por meio de um sistema primitivo mas eficiente de exploração direta, casamento, divórcio, sucessão, seguros de viuvez e de vida, enriquecem incessantemente. Nos Estados Unidos da América, onde o número de anos, sabe-se que as mulheres dispõem de mais de metade da propriedade privada social. O panorama não deve ser substancialmente diferente nos países mais progressivos da Europa. Em breve a mulher não terá apenas o poder psicológico sobre o homem como também o poder material absoluto.

⁠Não há quase diferença nenhuma entre uma mulher sem pintura, calva e nua e um homem sem pintura, calvo e nu. Com exceção daqueles órgãos que servem para a reprodução da espécie, tudo o que distingue o homem da mulher é criado artificialmente. O homem torna-se homem pelo desenvolvimento da sua inteligência e da conseqüente produtividade (o seu aspecto quase não varia durante esse processo). A mulher torna-se mulher por estupidificação gradual e pela modificação do seu aspecto. E essa diferenciação dos sexos verifica-se, exclusivamente, por iniciativa da mulher. Um homem só é considerado “másculo”, conforme já vimos, após uma série de atos de amestração femininos. A mulher, no entanto, modifica-se sob sua própria direção e torna-se “feminina” com o auxílio da cosmética, da arte de pentear-se e do vestuário. Essa feminilidade artificial fabricada consiste de dois componentes: a acentuação dos caracteres sexuais secundários, já descrita em outro capítulo, e o exotismo conseguido pelo efeito da máscara. Pois, como a multiplicidade das suas máscaras a mulher só tem uma finalidade: apresentar tão nitidamente quanto possível a diferença entre si e um homem qualquer.
Acentuando os seus caracteres sexuais, torna-se cobiçada pelo homem, e com o resto da mascarada torna-se para ele misteriosa –converte-se no sexo estranho, o sexo cintilante, o “outro” sexo, e isso facilita a o homem a sua sujeição. Graças à vasta escala de possibilidades de transformação que tem ao seu dispor – uma “verdadeira” mulher muda de aspecto todos os dias – está constantemente a impressionar e a surpreender o homem. Além de ganhar tempo: enquanto ele tem de se esforçar para redescobrir a mulher do dia anterior para lá do seu aspecto modificado, pode ela realizar tranqüilamente seus planos – que consistem em manobrar o homem para uma posição tanto quanto possível irremediável – e distraí-lo do cheiro de decomposição espiritual que exala por todos os lados sob o agradável manto de sua mascarada. A mulher considera-se, pois, tão somente, como matéria-prima para uma mulher. Não é o material que se aprecia, mas o resultado. Sem maquilagem, penteados elaborados e colarzinhos, as mulheres praticamente ainda não existem – isso explica, também, porque tantas delas andam por aí, sem a mínima vergonha, com rolos e rosto engordurado: ainda não são elas, estão a fazer-se! – e a ficção tem tanto mais sucesso quanto menos inteligência lhes barrar o caminho. Para que seja um êxito a metamorfose em mulher, jamais se pouparam a esforços. Jamais qualquer tratamento cosmético foi considerado demasiado moroso ou demasiado caro por uma mulher desde que se trate de fabricar aquele produto acabado que tão flagrantemente se distingue do homem. Engordurando a pele, esta foi-se tornando cada vez mais lisa e mais diferente da do homem, usando o cabelo comprido ou encaracolado, também preta não os torna alguma mais bonitos, mas completamente diferentes dos olhos dos homens: estranhos, misteriosos, inquietantes.

⁠Os homens foram treinados e condicionados pelas mulheres, assim como Pavlov condicionou seus cães, para se transformarem em seus escravos. Como compensação por seus trabalhos, podem usar periodicamente suas vaginas.

⁠Por que as mulheres não fazem uso de seu potencial intelectual? Pela simples razão de que não precisam. Não é essencial para sua sobrevivencia. Teoricamente é possível que uma mulher bonita tenha menos inteligência do que um chimpanzé e ainda seja considerada um membro aceitável da sociedade.