Érwelley C. Andrade
A bordo de mim
Trancafiada aqui, no abismo vi, o mar mostrou.
Oculta em mim, embalo o fim, abordo estou.
O imundo mar, sôfrego vem, se lamentar.
Pálido! Gélido! Seco!
Escureceu! Não sou mais eu, o mar sou eu!
Fugi sem ar, me encarcerar, sombrio olhar.
O medo embarca, revolve marcas do meu pesar.
As ondas vêm, molham meus pés, vou mergulhar.
Vento bravio, um calafrio me faz chorar.
Tempestade a vista, revira o barco, me embaraço no relembrar.
Aos prantos grito! Sou eu o mito do tal amar!
Ouço gemidos, fundo do mar!
O horror convém, me mostra além, antigo olhar.
Quando era ardor, quem sabe amor, levou o mar.
Abordo estou, na noite vou, refugiar!
A negra vem, me acompanhar.
Seus braços frios, acariciam meu perturbar.
O barco vira, quebra o retrato, faz em relapso o meu pesar.
Corta meus pés, debruçada ao chão, sangro sem dor.
Junto os pedaços, varrendo os cacos do opaco amor.
A água vem, correntes vêm me soterrar!
O barco alaga, tão logo afunda, o vento ajuda meu naufragar.
A brisa leva o que restou, meu ser se afoga, o sal corrói, sôfrego amor.
... é como o trabalho de um OLEIRO, ele passa um tempo amassando o barro, depois liga o motor da mesa, que gira milhares de vezes em torno daquele trabalho a ser criado, em seguida vai criando o molde sem saber se vai ficar bonito, feio ou amassado, mas o oleiro continua seu trabalho, confiante que uma hora o vaso será terminado com êxito.
Assim deve ser a nossa vida, os nossos planos, as nossas metas. Devemos trabalhar com persistência e dedicação em prol dos nossos objetivos, as vezes não acontecem da forma que gostaríamos, mas se houver amor, paciência e harmonia, a obra será terminada com satisfação.