Erotildes Vittoria
Felicidade...
Por tão pouco,
vamos tão longe
porque sorrisos e abraços,
são como o vento
que leva o perfume das flores
para onde vai.
Felicidade
é um sorriso no olhar,
um pedacinho de carinho,
um montinho de afagos,
um querer bem sem pretensão.
É feliz
quem não precisa de um motivo
para sê-lo.
O caminho do mar...
Olhando a rede
e imaginando o redor,
atravesso florestas
e encontro o caminho do mar.
Vou para tão longe
que muitas vezes,
não imagino como voltar.
Não é necessário
ser marinheiro,
mas é preciso gostar do mar
para poder velejar.
Que o barco,
seja apenas a rede
que balança com o vento,
mas a viagem,
deve ser muito especial
nesse viajar no pensamento.
Minha vontade...
Não me pergunte
porque estou aqui
e nem me julgue pelos motivos,
mas minha vida continuou
porque nunca desisti de mim.
O vento veio, me derrubou,
me deixou no chão
e ali,
aguardando o final da tempestade,
me descobri mais forte.
Levantei
e mostrei vontade de continuar,
me tornei corajosa e apta
para enfrentar o inesperado
porque a vida,
não manda recado com hora marcada.
É quando tudo explode
que aprendemos a improvisar.
Rosa...
Em minhas mãos,
carrego a rosa
que ainda espera
tuas mãos
para recebê-la.
Talvez nunca se lembre
do quanto te esperei aqui,
mas acabei indo embora
e a levei comigo
para que a saudade
fosse menos cruel
ao me abraçar
e pedir abrigo.
Minha doce solidão...
Muitas vezes,
me sentia sozinha
e saia para meu voo diario
até onde ninguém mais
pudesse saber de mim.
Desfazia todos os limites a mim impostos
e deixava que minhas lembranças
me abandonassem também.
Era quase um ritual de solidão
onde meu corpo e minha alma
seguiam livres rumo ao desconhecido.
Subia montanhas, penhascos,
descia vales, atravessava rios
e a cada passo
que me distanciava do meio onde vivia,
iam comigo também,
um coração feliz
e uma mente liberta.
Integravam-se,
fisico e espírito
que ficavam livres
de preconceitos vazios e constantes,
sempre questionados.
Eu tenho sonhos
e vou realizá-los.
Tenho coragem,
enxergo longe
e vou,
até onde eu imagino
existir algo
diferente do meu mundo,
mas eu não fico por lá,
eu volto
porque aqui,
é onde eu gosto de ficar.
A árvore dos segredos...
Era uma árvore feliz
até que foi descoberta
lá no meio da floresta
bem distante de tudo.
Um andarilho que ali passava,
contou um segredo para ela
e pediu para ser bem guardado
lá no alto dos seus galhos.
Seus amigos também vieram
e para ela, segredaram,
dizendo que nela confiavam.
Foi assim durantes anos,
mas seus galhos já envelhecidos
e cansados do peso acumulado,
foram despencando
e o que estava bem guardado
caiu nas mãos do vento.
Ele que entra em qualquer canto
foi deixando um pouco de pranto
por onde quer que passasse.
Todos se indignaram
acusando a velha árvore
de traí-los sem motivos
e deixando que seus segredos
se espalhassem sem que soubessem
para onde teriam ido.
Ela então resolveu falar
e um segredo revelar.
Quando alguém
tiver algo para esconder,
guarde, no melhor lugar que há.
É dentro do coração
onde ninguém pode entrar
se fechar bem a porta
e depois, cadear.
Teus olhos...
Quando teus olhos falam
até minha alma cala,
ela também quer ouvir
o que teu silêncio diz.
Não penso em nada
não busco respostas
perguntas,
não moram ali.
Eu viajo em teu abraço
e sou feliz.
Mar revolto...
Muitas vezes,
é preciso muito mais
que coragem
e um par de remos
para equilibrar o barco
sobre o mar revolto.
Viver...
Viver é difícil,
compreender, muito mais.
Para uns,
a vida é sempre
um desafio maravilhoso,
mas para outros,
uma eterna insatisfação.
Há tantos caminhos
e um sem fim
de caminhantes descontentes
nessa longa estrada da vida.
Há sorrisos e lágrimas
nesses jardins de flores
com tantas cores,
mas nem sempre percebidos
ao longo do caminho.
Há espinhos escondidos
que ferem as mãos ao tocar a flor,
mas há o perfume dela
que embriaga e faz ir
sem medo de pegá-la.
Viver,
é romper barreiras.
Há espinhos escondidos
que ferem as mãos ao tocar a flor,
mas há o perfume dela
que embriaga e faz ir
sem medo de pegá-la.
Viver,
é romper barreiras.
E...
quando nada mais nos resta a dizer,
aquietamos a mente,
silenciamos
e assim,
podemos contemplar...
Aprendi a levantar...
Onde quer que eu vá,
encontro o que fui buscar.
Nunca tive medo de procurar,
passeio pelos jardins,
me alimento aqui e alí
e estou sempre feliz
porque bem cedo,
aprendi a voar.
Busco meus sonhos
em cada canto que eu passar
e deixo para trás,
o que é apenas peso
para eu carregar.
Bato minha asas sem medo
porque se eu cair,
já aprendi a levantar.
Sentimentos...
Ainda que eu fale
que eu grite
ou me cale
e ao mundo revele,
etermente,
serei apenas eu,
a sentir.
Meu cantinho...
Meu cantinho de paz,
venha até onde estou
me fazer companhia.
Traga abraços
e muito silêncio,
me empreste seu ombro
para apoiar minha cabeça.
Me entenda sem palavras
e se eu chorar,
não se importe com isso,
me deixe ficar assim
até passar minha dor.
e vá buscar na música,
a tua alegria
e retirar teu pranto
que te deixa em desencanto
nesta agonia
que de vida,
nada tem
senão a dor
que não te alivia.
A magia,
está em nós,
diante de nossos olhos
nesse contemplar a vida.
O presente, recebe
quem sabe enxergar além,
do seu caminhar.
Eu, era eu...
Não foram as tantas palavras
que pronunciei por onde andei
nem as escaladas nas montanhas
para ver de perto o luar
e tão pouco, as tentativas
para tocar o céu
e pegar estrelas.
Também não foram
a inúmeras vezes
que acordei com medo
ou os passos lentos
que me fizeram desacreditar
que ainda havia um caminho.
Nada disso teve importância
porque na minha teimosia,
eu sempre insistia mais um dia
e quando caia,
havia apenas,
a opção levantar.
Não foram as palavras ríspidas
ou as dores que pensei sentir
quando queria apenas ouvir,
conte comigo.
Mas foi no meu silêncio
quando mais falei de mim
e disse o que ninguém ouviu.
Era preciso que alguém
também estivesse nele.
Era nele que eu,
era eu.
Selvagem...
Eu gosto de ser selvagem
como é,
a liberdade do vento
que corre pelas planíceis
entra pelas florestas
balança as árvores
sobe as montanhas
desce em disparada,
mas chega,
como a leveza das folhas
que caem sobre o lago,
durante a madrugada.
Muitas vezes,
observava o rio
que passava quieto
e parecia nem mover-se
para não interromper
meus pensamentos.
e foi assim que eu descobri
que ser criança era fácil,
difícil, era crescer
e trocar meu mundo mágico
pelas incertezas e dores
que eu ainda não conhecia.
O teu coração se desfaz,
tece um rosário de lamentos
e você continuará a desejar
que a vida mude,
mas vai descobrir aos poucos,
que é você,
quem deve mudar.
Mundos...
Há muitos mundos
dentro do mundo
que imaginamos.
Há distâncias incalculáveis
e razões que não se explicam
sem compreender esse jeito
de viver tão especial.
Não há mais pressa
ao atravessar fronteiras,
o rio levará através
do seu seguir sereno
e deixará que cada um vá
e fique onde se encontrar.
Nada se explica,
tudo é natural
uma sequência de vida
sem parada para o chá,
mas ainda há um jantar
que alimenta a alma,
uma imagem
que atravessa o tempo
e salpica de estrelas
o céu do coração
que faz a oração do amor
virar um mantra,
na eternidade de cada olhar.
Deitados ali,
estão os sonhos dos poetas
que em seus versos,
fazem pousar borboletas
e cantar os pássaros
que de asas podadas,
já não podem mais voar.