Erianclom
Ággelos
Não se esqueça da mensagem
meus olhos contam em segredo
pela brisa primaveril eu desço
trazendo o paraíso na bagagem
Não são todos que decifram
se faz necessária erudição
e um pouco de inspiração
onde os leigos se complicam
Aqui não quero ser passageira
da senda que ruma meus desejos
quero mais do que lampejos
que o sorriso esmorecido ceia
pois nesse caminho crescem lótus
regados à sorrisos celestiais
e hão de desabrochar mais
se decifrar a mensagem de Ággelos
A mais bela
Olhos poderoros, sem iguais.
Após os ver
não esqueço jamais.
São lindos, brilhantes…
qual pedra mais pura.
Qual diamantes.
Cabelos brilhantes, sedosos
aos quais deviar o olhar
não posso.
Dançam livres ao sopro do ar,
assim como as ondas
do mais belo mar.
Sorriso belo e iluminado,
assim como o sol que nasce
num encantador dourado.
Alegra e enfeitiça.
Obra genial
do mais célebre artista.
Lábios tenros, chocantes…
Seus movimentos? Estonteantes.
Beleza nobre, rara…
e tocá-los é ser levado
onde a magia não pára.
Atributos do mais belo anjo
e de elogiá-la
jamais me canso.
Qualidades? Existem mais.
E se as procuro
não cesso jamais.
Escolhas
Lá estava ele, à beira do abismo. Mente impregnada pelo terror. Vozes gritando, trevas, demônios em chamas, espinhos, lama. Confortavelmente entorpecido pelo medo, olhos esbugalhados, voltados ao horizonte. Uma das mãos no bolso, roçando em um objeto metálico circular e outra agarrada numa garrafa de vidro. Pés descalços. Brisa quente.
Foi tempo perdido?
Pássaros livres voam sem se importarem com o tempo, e mesmo assim não o perdem.
A toda hora, em todos os locais, tempo é gasto, mas não desperdiçado. Pois amorfo como água o tempo é. Toma a forma das nossas dores e passam inevitavelmente dilacerando nossos sentimentos. Mas a dor é fogo que derrete o metal bruto afim de moldar a bela jóia que torna-se o homem que assimila seu sofrimento.
A mão sai do bolso com uma moeda do valor da insegurança e covardia. Por ela será decidido o destino.
Marteladas no peito.
Lançada ao sabor do vento, com o brilho da prata a refulgir a cada giro do medo, ela cai pesarosa na mão que a lançou e esta se fecha relutante em abrir, a mão verte suor e treme.
Na outra mão a garrafa vai à boca, e o fel de fundo adocicado da coragem desce pela garganta queimando a incerteza, aquecendo o coração, fluindo mente adentro, clareando idéias.
Mais uma vez a moeda ganha os ares, e sem revelar sua escolha vai cada vez mais longe para nunca mais voltar. Ao abismo ela se vai e ele escolhe a vida.
Ok.
durma bem…
...enquanto me perco às veredas da insólita insônia que me assola a mente dispersa e indisciplinada, que vaga por caminhos tortuosos alimentados pela incerteza, carente da imagem do teu sorriso cuja resplandecência, assás indelével que és, ladrilha a abóbada celeste com o brilho de mil diamantes, alimentando tamanha inveja que nem mesmo Da Vinci seria capaz de reproduzir nos áureos tempos do Renascimento.
Suave entre brumas ela surge, e seu sorriso ilumina.
Mas hoje o desejo, antes imaculado, adentra ao mundo ordiário com olhos insanos, hesitando lubricidade na calada da noite.
A lascívia no veludo de seus lábios seduzem à cada toque na taça do vinho, a cada mordida, a cada beijo.
Embriagada em seu perfume a mente já não mais condena mãos que deslizam pelas curvas do seu corpo, tão naturalmente intensas, marcando a pele como igual àqueles que Dante cruzou em sua jornada, condenados pela luxúria.
Corpos embevecidos numa cornucópia de paixão, elevados tão altivamente que a luneta do timoneiro avista apenas duas chamas nos céus, cingidas em laço por Eros até que a aurora desperte tal devaneio onírico.
Rosas
Sim, há rosas naquele jardim.
Beleza invejada por qualquer um
Naquele gramado entre alfazemas
Exalando perfume de fascínio
Há jardineiros invejosos, sim
Sem entender que aquela incomum
Rompe com força torrão e leivas
E desabrocha linda, encanto régio
Entre espinhos e pétalas
Entre lágrimas e sorrisos
Entre dores e prazeres
Venceu todas suas batalhas
À passos firmes e precisos
Deus, como ela tem poderes.
Uma pena
Eram ares aromados por flores
em tons de púrpura suas cores
mas haviam sorrisos esmorecidos
com olhares pétreos em dores
Eram penas livres que dançavam
em ventos rítmicos que cantavam
mas haviam olhos líricos quietos
com linhas de tempo que marcavam
Eram como o orvalho de outono
em campo relvado sem dono
mas o orvalho era o princípio
com alma nas pedras fez tronos
Eram reis e rainhas em centena
em vida agora na presença plena
mas era uma pena naquele olhar
com o dom de trazê-lo à cena
Uma pena
The Velveteen Rabbit
Neste dia a vida se renova
Sai noite, entra aurora
Percalços, ora, vencestes
De fé és a senda agora
Um tal Gessinger já dizia
Água passada não movia
E parada também não
O dito moinho da vida
Que a água se mova
Que o moinho se agite
Aos teus passos divinos
Ah, e este poema
Sei que descobrirás
É coisa de amigos
Verde Presença
O cantar do rouxinol
que anuncia a aurora
anuncia também agora
que belos olhos ela tem
No horizonte eles detém
olhar fixo fascinado
no brilho dum sol dourado
e verde é sua presença
E o rouxinol se contenta
se alimenta do seu sorriso
ah, rouxinol sabido
voa alegre e livre
Sabendo que agora vive
para o verde contemplar
entorpecente olhar
neles para sempre estar
No orvalho das frias manhãs de outono, onde molho meus pés na grama salpicada pelas lágrimas das nuvens, vejo que um anjo voa livre, saboreando o nascer de um belo dia.
Vai em direção ao nascer do sol, e o brilho dos seus cabelos deixam um rastro de luz dourada. O gracejo dos seus movimentos me fazem ver seus olhos, portais para o encantado mundo do amor.
Ao me ver, sorri.
Estendo minha mão em sua direção
Pegue-a.
Leve-me onde és feliz e aí serei feliz também.
Músicas ao vento
Aquele velho comedido, já conhecido,
se deixa tocar n’alma pela música.
Enquanto aquele jovem, vida lúdica,
aprecia o vento e procura seu sentido.
Vento e música mesclados em um,
maestria entorpecente, quase tangível.
Que no tocante da alma sensível
alegra, acalenta, matina algo incomum.
Nesse mundo inimaginável, desfraldado,
somos ases das nossas conquistas,
derrotas,desejos, mente estulta.
Os acordes seguem concatenados.
O vento agora é o musicista.
Se não me acalento, mea culpa.
Noite de Tranças
aos ventos eles esvoaçavam
no brilho da garoa dançavam
finas tranças, aqueles detalhes
feitiços conjurados lançavam
e finos traços que riscavam
na noite se exibiam, gabavam
exibindo sorrisos aos olhares
lábios que meus sonhos tocavam
deixemos Capitú com seus olhos
que de ressaca se exibiam
Bentinho já os cantava
pois nos que canto, mergulho
e nado onde estrelas choviam
ali onde o meu olhar morava
Erianclom
Haja vista o jovem, néscio.
Contempla a vida, sedento idílio.
Sonha ser lesto andarilho,
orvalhado regato régio.
Haja vista o velho, comedido.
Esboroado mestre do imaturo.
Marcado pelo tempo, é astuto.
Velho sem voz, de olhar vivido.
Jovem e velho tomam a senda
à passos combinados e firmes
de espíritos milenares.
Mesclados, que se entenda
vivem em mim livres
à renovar meus ares.
Algumas pessoas querem que você seja o que elas querem que você seja.
E quando você não é o que elas querem, elas já não se importam mais com quem você é."
Lia
Há um céu onde o velho e o jovem se perdem e se encontram. Neste céu a inocência do teu olhar e a alegria do teu sorriso tomam o timão e guiam a nau do amor pelas estrelas.
Que o infinito nos aguarde!
Rubra capa
As páginas do livro de rubra capa
aroma de sabedoria exalam.
Inspirando aos que viajam
às veredas do conhecimento.
Mas eis que por um momento
um viajante sedento do saber
deseja suas páginas ler
deleitar-se em sua filosofia.
Jovem livro que desconhecia
és, na biblioteca da vida, única.
Dádiva dos que sonham.
E na dança da sabedoria
sábios os que ouvem a música
dos livros que as entoam
Real ilusão
Aos sonhadores que nos rodeiam
sinto lhes informar.
Vem aos seus pés deitar
a mais amarga ilusão.
Ter em suas mãos
a magia das estrelas,
a pulverizar suas torpezas,
reluzir em seu caminho.
Passos velhos sem destino
não mais haveriam.
Pois ao seu lado corriam
anjos virtuosos.
Sorridentes adoradores vossos
zelando ao brilho estelar.
Desejam somente estar
no raio da aura divina.
Aroma fresco de ravina
áureos campos verdejantes.
Por eles passam viajantes
em busca da felicidade
És na mesma realidade
nossa busca pela magia.
Entorpecida em alegria
realidade sempre viva