Enéias Teles Borges
No mundo do individualismo religioso que está se formando, uma teoria dominará o cenário: o eu-achismo. Muitos teólogos avançarão pelas redes sociais tornando-as seus templos. Serão seus centros de encontro entre os que pensam parecido.
O ódio que é disseminado nas redes sociais, dá-nos a sensação desagradável de que estamos vivendo num mundo de muito terror. São os novos tempos. Estamos ilhados, longe do mundo real. A realidade nos assusta.
Quando acordei para a realidade eu descobri que a vida continuará normalmente sem a minha presença. Pior: que o mundo seria melhor sem a humanidade. Foi um duro golpe, devo confessar.
A vida não é obrigada a ter sentido. Por isso devemos vivê-la como uma grande oportunidade, pouco importando a sua origem.
Poderíamos ser muito gratos pela vida, caso não tivessem colocado na nossa mente a falsa ideia de que há algo mais a ser desfrutado depois deste viver.
Somos grandes coisas, mas somos nada diante da magnitude do Universo e da própria vida. Não devemos, porém, acreditar que o ser humano é a obra prima de um criador ou do acaso.
Notou que o seu deus é muito parecido com você? Isso faz sentido, pois é perfeitamente natural que cada pessoa tenha uma divindade que se pareça com sua própria imagem e semelhança.
Só existe uma maneira de não envelhecer nesta vida: morrer antes da velhice. Envelhecer, portanto, é um privilégio.
A descrença não desfaz a vivência dos anos de crença. As amizades continuam, os locais continuam, a saudade permanece. Rever o passado não significa rever a cosmovisão.
Quando olhamos para o passado das pessoas e comparamos com o presente delas, quase sempre nos surpreendemos. A maturidade tende a corrigir os erros e melhorar os acertos. Basta boa vontade para enxergar.
A nossa verdade nem sempre coincide com a dos outros. O que fazer? Abrir a mente. Podemos estar certos, também podemos estar errados. A humildade nos dá lição a todo instante.
Se por um momento parássemos para pensar na nossa insignificância na Terra, a Terra no Sistema Solar, o Sistema Solar na Via Láctea e a Via Láctea no Universo, aprenderíamos a ser humildes e realistas. Viveríamos melhor e não nos julgaríamos superiores a ninguém.
Muitos só percebem que nada são quando a doença bate à porta e o dinheiro que possuem não tem serventia para aumentar a vida. Tristemente constatam que ricos e pobres têm destino igual: a sepultura.
Não adianta lutar contra o amanhã. Sequer temos certeza do hoje, pois vencemos, com muitas dores, o ontem.
Até o Papa tem sofrido quando o assunto é homossexualidade. Não é doença? O que seria para a Igreja Católica? A psiquiatria ajudaria? Mas é doença? Normal ou diferente? O homem é diferente da mulher e o gay é diferente dos dois. Doença? Diferença? Até o Papa sofre quando toca no assunto. A pressão mundial é grande.
Dizem que os ateus são mais propensos ao suicídio e os religiosos mais propensos a praticar homicídios. É mais perigoso viver com quem se mata ou quem mata?
quem viveu desde a tenra idade no mundo da fé e se encheu de sonhos e esperanças, ver tudo caindo é muito difícil.
Olhemos em volta: tudo parece caótico e sem rumo. Guerras, fome, violência e desamor. Oito bilhões de viventes, a maioria sem rumo e esperança. Há propósito na vida? Aparentemente não, mas há muitos que creem que esta vida é apenas uma parte da existência. É a razão de um lado e a fé de outro.
Temos condições reais de escolher? Pois que nossa escolha seja o amor. A caridade é a única forma segura de se sentir útil e ter paz. Sempre o amor, mesmo quando for forte a dor.
A vida é um privilégio, mas não quer dizer que ela seja feliz. Somos muito raros, mas pagamos o preço pelo existir. O segredo é o esforço para olhar sempre o lado positivo da existência neste mundo. Sabemos que é difícil, muito difícil, mas precisamos tentar com toda a nossa energia.
Filhos trazem alegria e dor. Alegria por existirem e dor por ver como o mundo é difícil para eles. É normal nos perguntar: fizemos bem em trazê-los à existência? No final sempre acreditamos que sim, mas nem por isso deixamos de sofrer.