Émile-Auguste Chartier
Os grandes homens são maiores na recordação do que ao natural. Aquilo que vimos neles é, ao mesmo tempo, o seu melhor e o melhor de nós próprios.
Ninguém no mundo tem poder sobre o seu juízo interior; embora possam obrigar-nos a dizer em pleno dia que é noite, não há força capaz de nos coagir a pensá-lo.
Saber é compreender como é que a mais insignificante das coisas está ligada ao todo; nada existe por si só.
Quem está descontente com os outros está sempre descontente consigo próprio.
É, sem dúvida, próprio do homem enganar-se na escolha das companhias, mas também o é não dar facilmente o braço a torcer.
Essa outra vida que é esta vida desde que nos preocupemos com a nossa alma (...).
Sermos bons com os outros e com nós próprios, ajudá-los a viver, ajudarmo-nos a viver, eis a verdadeira caridade.
A coisa mais difícil do mundo é dizer pensando o que todos dizem sem pensar.
O estilo é a poesia na prosa, quer dizer, uma maneira de exprimir que o pensamento não explica.
Quem não dispõe de reservas em si próprio, é assaltado pelo aborrecimento que o espreita e em breve o dominará.
Um doido é aquele que acredita em tudo que lhe vem à cabeça.
O erro de Descartes é de qualidade superior à da verdade de um pedante.
O trabalho que não pode separar a ideia é um trabalho contra a natureza. A ideia não existe, o que existe é o indivíduo.
Não querer associar-se senão com aqueles que aprovamos em tudo é uma quimera, é mesmo uma espécie de fanatismo.
Aquilo a que chamamos recordações são os nossos pensamentos de agora, as nossas exprobrações de agora, a nossa defesa de agora.
Toda a dor deseja ser contemplada, ou então não será sentida.