Emanoel Ferreira
O peito dela é um lugar apertado.
por isso seu coração vive acelerado:
está tentando saltar fora
pra ir ser livre no mundo.
Às vezes um poema está atrasado, chegando logo em seguida fecha o coração da mulher. E dá de cara com porta trancada e placa de néon na noite de chuva fina: “há vagas apenas enquanto ainda há ciúmes”.
O ódio é um boi de Barretos e aquele que odeia é um peão que luta bravamente para permanecer no jogo de odiar.
Todo poema é uma tentativa fracassada de recriar uma mulher. Os bons são aqueles que quase conseguem.
O precipício é sempre um princípio de liberdade quando se pula para fora do que faz mal: é o principício.
"espaço reservado”,
diz em silêncio
o sorriso forçado,
enervado,
desconcertado,
de quem, deliberadamente,
não prossegue uma conversa.