Elza Soares
Eu não tenho raiva de ninguém e nem tenho mágoa de ninguém, como eu posso ter mágoa com este poder todo que Deus me deu para cantar?
Não tenho medo da morte porque acho que não vou morrer. Vou virar purpurina.
Nota: Uma das frases de Elza selecionadas em uma matéria da "Folha de S.Paulo".
...MaisAs mulheres não se apoiam. Falta mulher na política. Eu tenho tanta vontade de vê-las de mãos dadas, se ajudando. E minha luta, além de ser pelos negros e pelas mulheres, sempre foi pelos gays. Alguns tratam os homossexuais como se não fossem um pedaço de nós. Eu sou todos eles.
Almejo tudo! Estou viva! Quero sempre ser feliz de verdade! Busco saúde, sucesso na vida, mesa farta e poder caminhar de cabeça erguida, dar cabeçada também faz parte e ser respeitada. Não são 50 anos, são 50 minutos de vida, ela passa rápido, são 50 suspiros revigorantes de prazer e felicidade! Costumo dizer que “my name is now” (meu nome é agora)!
As mulheres tinham muito medo de mim. Quando eu chegava numa festa era uma coisa de “cuidado com a Elza”. Hoje em dia elas conseguem se impor muito mais. Mas ainda há preconceito, e não só vindo do homem. Muitas mulheres são machistas sem perceber.
Eu acredito em Deus, acho que Ele está presente, eu acredito que Ele tá aí, sem Ele eu nada seria. Acho que estão vendendo Cristo em todas as esquinas, é preciso ter mais cuidado quando se fala em Jesus Cristo, quando se fala em Deus.
Se Jesus Cristo tivesse morrido nos dias de hoje com ética, em toda casa ao invés de uma cruz teria uma cadeira elétrica.
Cadê meu celular?
Eu vou ligar pro 180
Vou entregar teu nome
E explicar meu endereço
Aqui você não entra mais
Eu digo que não te conheço
E jogo água fervendo
Se você se aventurar
E quando tua mãe ligar
Eu capricho no esculacho
Digo que é mimado
Que é cheio de dengo
Mal acostumado
Tem nada no quengo
Deita, vira e dorme rapidinho
Você vai se arrepender de levantar a mão pra mim
Meu choro não é nada além de carnaval
É lágrima de samba na ponta dos pés
A multidão avança como vendaval
Me joga na avenida que não sei qual é
Pirata e super homem cantam o calor
Um peixe amarelo beija minha mão
As asas de um anjo soltas pelo chão
Na chuva de confetes deixo a minha dor
Na avenida, deixei lá
A pele preta e a minha voz
Na avenida, deixei lá
A minha fala, minha opinião
A minha casa, minha solidão
Joguei do alto do terceiro andar
Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida
Na avenida, dura até o fim
Mulher do fim do mundo
Eu sou, eu vou até o fim cantar
Ser feliz no vão, no triste, é força que me embala
O meu país
É meu lugar de fala
A gente é criada para ser assim, mas temos que mudar. Precisamos ser criadas para a liberdade. O mundo é grande demais para não sermos quem a gente é.
Sou eu quem carrega essa bandeira há anos no Brasil, durante toda a minha trajetória. Não tem ninguém mais que fale de mulher, de negritude. E não falam porque é uma doença, uma doença chamada “medo”.
Precisamos ter consciência de que muitas mulheres morreram para que pudéssemos ficar vivas, termos liberdade de escolher e fazer o que quisermos.
Eu vi muita morte nessa vida (...), mas nada se compara à dor de perder um filho, porque dói muito.
Eu quero ter o direito de estar buscando isso ou aquilo. Quero andar, comer, dormir, amar, cantar. Ter isso, pra mim, é que é o verdadeiro poder.
Não quero pensar que minha vida tá acabando. Eu quero é mais um dia. E viver esse dia.
Esse mundo é um paraíso que, se bobear, a gente estraga. Tem que saber entrar, aproveitar e sair. Tem que passar com gentileza, cumprimentar todo mundo. Abraçar todo mundo! Porque eu amo a humanidade. Eu faço parte dela.
Eu sou só um ser humano, de carne e osso sofridos. Não me sinto a mulher mais poderosa do mundo. Sinto que sou, talvez, a que pisa mais forte no chão – isso, sim. Pra ter certeza de que estou viva!
Eu acho que a gente só vive esse transtorno hoje porque o mundo ainda não teve a felicidade de ser comandado por mulheres. Todos nós chegamos aqui pelo sangue das nossas mães. E somos nós que seguimos sangrando.
Se eu perder muito tempo com a morte, eu perco tempo da minha vida. Uma hora ela chega e o que vai ficar é a essência de quem passou por aqui. Minhas palavras, minha presença, minha maneira de ser. Não quero que fiquem as maldades.
O que eu digo, o mundo tá vendo e ouvindo – e ninguém tem coragem pra falar.