Elvis Kmecik

As vezes eu sonho com os olhos bem abertos. Com o olhar fixo no nada eu viajo ao passado seguro tua mão e rodopio numa tarde ensolarada de domingo. É uma pena que quando eu pisco e retorno para a realidade, estou ali, só.

Hoje o dia amanheceu cinza, não só o clima como minha vida. Aquelas velhas memórias cobertas de pó e regadas de lágrimas parecem ter forças para durar a vida toda. Tantas coisas para se recordar, porém, justo o que deveria ser esquecido é como um corte sem capacidade de cicatrização.

Quem será que conseguiu deixar um espaço tão grande em branco no meu caminho? espaço com linhas tortas e sem ponto final. Linhas que conduzem por caminhos nunca andados, meio sem direção, sabendo apenas que o destino era para ser a felicidade. Destino que algum empecilho mudou.

Fingir que você não existe nunca funcionou, até porque eu uso você como desculpa para todos os meus problemas.

Foram dias de alegrias em parques, praças, cinemas...Foram. E aos poucos o brilho dos olhos foi se apagando, os risos deram lugar a indiferença e o silêncio virou a base da relação.

Foi como a chuva: Vi todos os sorrisos, momentos e planos escorrendo pelos meus dedos.

Fingir que você tinha morrido era a melhor forma de me enganar e me manter em um sonho, era melhor do que acreditar que você havia me abandonado (entre aspas), pois eu sei que para você nós nunca nos pertencemos.

Por intuição eu sei que aquele era o caminho mais bonito e agradável. Trocar isso por um caminho com espinhos, com noites sombrias e momentos de alegria fingida? Eu queria aquele caminho doce, aquele que dava animo de levantar da cama e traçar.