Elizeth Valle

Encontrados 14 pensamentos de Elizeth Valle

A vida é tão maravilhosamente bela que, mesmo quando ela se torna feia e ruim, nos agarramos a ela, na esperança de vislumbrarmos novamente sua beleza.

Inserida por Elizeth

O TEMPO E A VIDA
A Vida ao Tempo rogou
Que andasse mais lentamente
Mas o Tempo, enfático, negou
Disse que tal dom não lhe pertence.

Então a Vida indagou ao Tempo
A quem pertence tal dom
De fazer ponteiros mais lentos
Dando ao mundo novo tom.

Sábio, o Tempo esclareceu
Que cada um tem o ritmo da vida
Dando a ela o tamanho que escolheu
Pode ser pequena, imensa ou perdida.

E continuou o Tempo, sem mentira:
Um minuto de ternura
Pode ser maior que uma hora de ira
Ou menos que um segundo de bravura.

A bravura pode salvar uma vida inteira,
A ternura pode curar todo um coração,
Mas a ira, a traiçoeira,
È contra a vida, é perdição.

Prolixo, como os que não têm pressa,
O Tempo se empolgou, depressa,
Querendo dar um alento
Para a amiga de tanto tempo.

Pense, querida Vida,
Naqueles que fazem o bem
Em cada minuto da vida
E nos que em si o mal detém.

Pense também, insistiu o Tempo,
Nos que pensam apenas na lida,
E nos que amam o mar e o vento.
Quem em si tem mais vida?

E nos que sorriem de toda maneira
Experimentando cada momento,
Contra aqueles em que o lamento
Dura uma eternidade inteira.

Então, querida Vida,
Quem tem mais tempo?
Aqueles que vivem a vida,
Ou os que só perdem seu tempo?

Inserida por Elizeth

OTIMISMO

Pra que poetizar,
Se o som de sua voz está tão quieto quanto o canto de um beija-flor?
Se suas palavras ecoam tão vazias como uma cisterna no deserto?
Se os olhos são as janelas da alma, entendo porque os tenho tão desfocados.
Mas se troco o canto pela beleza ímpar do mesmo beija-flor que se calou,
Se veja a cisterna vazia como uma esperança daquele mesmo deserto seco,
Isto fará toda e fundamental diferença para uma alma que já não enxerga tão bem.

Inserida por Elizeth

LIBERDADE

Para cada noite existe um dia. E durante o dia ainda temos uma manhã e uma tarde para nos permitir a visão deste lindo e eclético Planeta.
Pois se o próprio Universo é eclético, por que nós temos de seguir apenas uma linha de pensamento e comportamento? Devemos ser criativos, abertos às coisas que nos são expostas, com discernimento para definirmos o que nos serve e o que nos destrói.
É bom sabermos que estamos livres para nos encantarmos com todas as cores, todos os sons e todos os sabores do mundo. Não somos prisioneiros de um grupo fechado, a não ser que nós mesmos nos coloquemos em uma cela, onde as grades são os medos. Medo de ser rejeitado, de ficar sozinho, de não agradar.
Livre é aquele que se deixa levar pelo próprio encantamento e não pelo encantamento alheio. Somos livres se deixamos nossos espíritos desapegados de preconceitos, abertos às novidades boas que nos cumprimentam diariamente.
E se formos livres acolheremos todos os que também não abrem mão da liberdade. Acolheremos o branco, o negro, o azul, o rosa, o samba, o rock, o sertanejo, o doce, o salgado, o picante, o suave. Acolheremos a vida em sua plenitude, sem necessidade de escolhermos apenas um cantinho dela.
Assim poderemos voar nesta linda aventura de nossas existências!

Inserida por Elizeth

Cansei de esperar pela colheita do grão; cansei de esperar pelo desabrochar das flores; deixei de aguardar a beleza do pôr-do-sol e a chegada da lua cheia.
Resolvi curtir o plantio, me deliciar com os botões das flores, acordar mais cedo para ver o nascer do sol e amar todas as fases da lua.
Ouvir o som da água que passa, sem pensar na nascente e onde cairá no mar.
Decidi viver intensamente cada detalhe, sem me importar com o resultado e amar cada minuto sem me preocupar com as horas.
Simplesmente viver!

Inserida por Elizeth

"Um dia

Acordar, de preferência com o canto de um sabiá! Ver, pela janela, o sol que brinca com nosso sono. Sentir o cheiro de café misturado ao de um pão quentinho. Dizer "bom dia", sorrir com a resposta. Ver o rosto de cada filho e saber que ele está ali, do seu lado, mesmo que tenha passado a noite na balada. Chegar ao jardim e perceber que o botão virou flor, que a trepadeira avançou alguns centímetros. Experimentar mais um glorioso dia de sua própria vida."

Inserida por Elizeth

A fé é exclusividade dos humildes, que acreditam sem entender.

Inserida por Elizeth

HUMILDADE
A cada dia que corre,
Entre meia noite e outra noite,
Entre um sorriso e uma lágrima que escorre,
Entre abraços e um cruel açoite.
Não sei se sou verdade ou se mera percepção.
Não sei se acredito ou se sou só decepção.
Nem sei se sou apenas eu,
Ou um mundo inteiro que se diz o meu.
Fico aqui, meio atordoada,
Entre mim, entre o mundo e mais nada.
Mas aí o sol se põe, como sempre.
Então isto faz com que eu, antes sem esperança, me lembre,
Que tudo se repete, que o mundo infinitamente se lança pra frente,
independente de mim , de zeth.

Inserida por Elizeth

O QUE EU QUERIA

Queria dizer o que nunca foi dito,
Fugir das palavras vazias.
Ou escrever o que nunca foi escrito,
Deixar de lado letras repetidas e frias.

Queria nutrir-me do amor sem conhecer-lhe o conceito,
Senti-lo apenas, sem prévias convicções,
Sem me preocupar se é perfeito ou imperfeito,
Limitar-me às mais simples sensações.

Queria acordar um dia, sem uma suposta verdade,
Sem cultura, sem uma crença pré-ensinada.
Em completa e selvagem humanidade.
Pensar começando do zero, do nada.

Queria ser livre, fugir de todos os padrões,
Desatar as amarras, os nós cegos da vida,
Esquecer-me das palavras velhas e falidas,
Encontrar novas e primárias percepções.

Mas aqui estou eu, patética,
Escrevendo versos rimados que me fazem ver,
Numa simplória e triste dialética,
A distância entre o que sou e o que queria ser.

Inserida por Elizeth

SOLITÁRIO MORIBUNDO
Aquela data na agenda
Avisando um certo evento,
Já é passado, virou lenda.
Para as páginas em branco me atento.

Foi a vida que se passou,
Não lenta, passo a passo,
Pois tão rápida caminhou,
Que me perdi no seu compasso.

Já vi tanto e tão pouco vi,
Que a desilusão me devora.
O mundo não conheci,
É o que percebo agora.

Me vem esta epifania,
Desconheço cinco dos continentes,
A longínqua Oceania,
E mais quatro dos existentes.

Fiquei aqui nesta América,
Apenas num pedaço dela,
Travei uma guerra homérica,
Por uma mísera bagatela.

Deixei de amar quando podia,
Abandonei qualquer ilusão,
Segurar o que me pertencia,
Virou exclusiva paixão.

O riso me abandonou,
Tão só um sorriso cordial,
Pois a ambição que me devorou,
Consumiu o que era essencial.

Eliminei os meus afetos,
Os toques e o carinho,
Acumulei tantos desafetos,
Agora estou aqui sozinho.

No leito da minha morte,
Não há ninguém, só solidão.
E eu que pensava que tinha sorte,
Por não viver com a multidão!

Quisera no tempo voltar,
Quando meu coração era puro,
Exatamente naquele lugar,
Antes de tudo ficar obscuro.

Quando meus olhos se fecharam para o mundo,
E minha mente sufocou meu coração,
Foi nesse dia, infecundo,
Me transformei numa aberração.

Aos que vão ficar por mais um tempo,
Aconselho, por pura experiência,
Amem mais, evitem o sofrimento
De ficar só, de perder a essência.

Façam muitos e bons amigos,
Abracem seus pais, seu filho e irmão,
Para se livrarem dos castigos,
De quem preferiu a solidão.

Inserida por Elizeth

Depois de ouvir o relato de uma pessoa com depressão, escrevi este poema.

"ESPERANÇA

Minha alma está vazia,
Sem um pingo de poesia.
Sob o império da razão,
Fica triste, sem ilusão.

Queria ver o calor das cores,
Dos cheiros, de novos amores.
Mas o tempo está tão escuro!
Só vejo o presente, sem futuro.

O que antes era prazer,
Agora virou tarefa, dever.
A alegria que senti outrora
Despediu-se, foi embora.

Recordo-me, com pura saudade,
Daquele tempo em que a felicidade
Estava ali, sempre parceira.
Mas ela partiu, virou poeira.

Virou cinza o que era azul,
Não tenho norte, leste, oeste ou sul.
Estou só, aqui neste ponto.
Nem pra um passo estou pronto.

Meu sorriso é caricatura.
Porque rir é uma tortura
Para uma alma que somente chora,
Que anseia pela alegria, até implora.

Mas morreu aquela alegria,
Foi partindo, dia a dia,
Até pra sempre se despedir
Deixou-me assim, também querendo partir.

O que me faz permanecer na luta,
Mesmo com esta dor absoluta,
O que busco na minha lembrança...
Seu nome é ESPERANÇA."

Inserida por Elizeth

GRATIDÃO.

Que palavra linda é GRATIDÃO!
Parece derivar de grátis, do que é graça.
Porque ser grato não exige nada não!
É só ter afeto por quem lhe abraça.

Um abraço real, com afeição,
Ou um abraço simbólico de solicitude,
Um simples gesto ou uma boa atitude,
Tudo deve ser objeto de gratidão.

E agradecer nem é tão complexo,
Até animais o fazem por gestos,
Não envolve conceitos indigestos,
Não precisa nem mesmo de um nexo.

Ser grato é curvar-se à alheia bondade,
É devolver o sorriso ou o abraço,
Àquele que lhe fez bem de verdade,
Que andou ao seu lado num mesmo compasso.

Ao contrário, ingratidão é mazela,
Dos que sofrem pelo bem angariado,
Dos que não tem humildade sincera,
Para dizer um simples obrigado.

Sejamos gratos, então,
Pois o que tem de bela a gratidão,
Tem de asquerosa a ingratidão,
Enquanto a primeira eleva e cura a alma,
A segunda provoca dor e incurável trauma.

E para facilitar as coisas, vamos esquecer das rimas e passar do verso para a prosa. E no exercício da gratidão, vamos praticar, sempre dizendo “muito obrigado(a)”, “Deus lhe pague”. Vamos nos lembrar dos bons gestos, amando a quem nos faz bem, reconhecendo-lhes a boa vontade. Vamos sorrir mais, abraçar mais, soltar beijos no ar ou nas bochechas. Vamos esquecer as desafeições e nos dedicar às afeições. E para os que forem os destinatários da gratidão, não se cansem: continuem a distribuir atos de solidariedade. Deem pão para quem tem fome, água para quem tem sede, emprego para quem quer trabalho, companhia para quem está só, carinho para quem está triste, conhecimento para quem o procura; continuem a partilhar bens materiais e imateriais. Ainda que ninguém agradeça, não importa, pois o maior beneficiário do bem é quem o pratica.

Inserida por Elizeth

LUZ



Hoje quero ver o dia com um olhar diferente,

Mudar o rumo desta velha prosa,

Ouvir mais e ser menos eloquente.

Ver tudo mais colorido, mais cor de rosa.



Quero saborear um café com pão,

Agradecendo a quem plantou o grão.

Vivendo intensamente, com mais empatia,

Com mais amor, com a mais sincera alegria.



Quero exigir menos dos que quero bem,

Gostar, amar sem restrições,

Ter mais paciência e piedade também.

Distribuir mais e incansáveis perdões.



Parar de tentar em vão,

Consertar este mundo e quem nele habita,

Conviver bem com o sim e o também com o não.

Para que a vida seja mais leve, mais bendita.



Hoje não abro mão de ver a lua,

Mesmo que seja a minguante,

Porque a verdade nua e crua

É que cada dia é um só instante.



Porque hoje acordei luz.

Inserida por Elizeth

⁠Devaneios

Tudo é ilusão, passageiro!
Você pensa que está ali, protegido
pelo amor de outrem, por alguém.
Mas aí você percebe, por derradeiro,
Que está só, só você e mais ninguém.

Só eu posso me perdoar.
Somente eu a me amar.
Sem crítica ou cobrança.
Eu, nesta solitária dança,
De viver, de respirar, de estar.

Inserida por Elizeth