Elisane Mello
Ninguém entende o meu desejo. Só almejo um ouvido sincero o qual possa me escutar e lábios os quais possam me calar.
O amor é como a gente. Confuso, complicado, com virtudes e defeitos. Quando um rapaz se interessa por uma moça, por exemplo: se ela der atenção e demonstrar um grande interesse de cara, a conquista vai se tornar chata e monótona, ou seja… fácil. É assim a nossa relação com o amor, já que ele é uma personificação de todos os sentimentos humanos misturados e entrelaçados. Se a gente procurar por ele, não teremos respostas. O amor vai fugir, afinal, ele quer criar uma história interessante e cheia de capítulos, e não um mar de monotonia. Vamos esquecer do amor, ignorá-lo. Sendo assim, ele vai sentir o gostinho da dificuldade e vai correndo querer entrar no seu coração. E você vai se surpreender, porque quando menos espera, ele irá te conquistar. Talvez o amor não seja algo que você quer, mas ele é algo que você precisa.
As ideias correm atrás de mim… Eu as desprezo, elas evaporam e voam em busca de alguém que queira se dedicar a elas. As palavras gritam o meu nome, e eu, tola, finjo não escutar. Mas hoje eu descobri que tudo isso faz parte de mim e desse meu estranho mundo.
Um 'eu te amo' é como um cheque: causa transtornos imediatos para uma das partes quando isento de fundos reais.
O sentido dos sentidos
Se a gente parar pra analisar, a visão é o único sentido que não tem uma relação íntima com o verbo sentir. Com o tato nós sentimos pessoas e objetos, com o olfato sentimos cheiros, com o paladar sentimos gostos e com a audição sentimos os sons. E com a visão? Apenas enxergamos. Não que seja uma coisa simples, porque a visão é uma dádiva.
Mas se temos tantos sentimentos envolvidos com os sentidos, por que valorizar apenas o que os nossos olhos veem? Eles não sentem, só captam imagens. O sentimento está nos outros sentidos, nas descobertas, na profundidade.
Do que adianta, por exemplo, uma árvore ser linda aos olhos, se ela tem espinhos que ferem, odor que desagrada, frutos amargos e folhas que não dançam com o barulho do vento? De nada adianta. Não somos lentes robóticas que vagam buscando imagens perfeitas para galeria de arte. Somos seres humanos e devemos buscar uma pessoa que marque nossa vida por conta de seu cheiro, abraço, voz e sabor. Sabor que é presente em um beijo, em um sorriso, em belas palavras...
Eu grito agora para que você me escute, com a finalidade de poupar sua garganta dos gritos de socorro do amanhã.
Quando minha voz insiste em sumir, minhas ideias mudam de rumo e seguem em direção a meu dedo, e, em um passe de mágica, passam por um tubo transparente, são mergulhadas em tinta e transformadas em tatuagens no tempo.
Existem tantos sentimentos envolvidos nos outros quatro sentidos! Abraço, voz, beijo, cheiro... E ainda tem gente dando completa importância ao que vê.