Eliazer Steuernagel
Um coração vazio e sem alma;
Uma mente confusa e aborrecida;
Os dias nublados do inverno;
A chuva penetrante;
A rua deserta;
Não me escutam quando eu chamo;
Me faço de desentendido quando falam comigo;
Sinto a tristeza me abraçar como um cobertor pesado carregado de frustrações;
As lágrimas que corriam de meus olhos na infância, hoje congelam no meu rosto de profunda solidão;
Não sei se estou feliz;
Não tenho certeza se estou triste ou apenas passando por uma fase difícil;
Parece que tudo vai desmoronar e ao mesmo tempo vai tudo continuar igual;
O mundo é ruim, a vida é uma ilusão de felicidade, e os sentimentos são coisas da nossa mente;
Nada é real a não ser a dor;
''Minha mente tem estado como um dia de tempestade cheio de nuvens, agitado pelo vento gelado e pelas chuvas penetrantes... Porém, mantenho-me paciente diante à adversidade, pois sei que no final de tudo, restará acima de mim apenas um céu azul.''
''Como se não fosse obstante ter sepultado quem eu sou, ainda visto uma máscara colorida para esconder o rosto de aparência cadavérica que restou do meu luto diário. Matei a mim para outros viverem.
Não sei a razão pela qual a tristeza insiste em me visitar. Não encontro razão para sair do leito durante as manhãs, e a ansiedade me esmaga até o chegar da aurora. Quero ouvir as ondas do Atlântico, o soar dos ventos e o cair da chuva. Quero vê-la sorrir ao encontrar-se comigo, quero sentir o calor do seu corpo ao meu; comparando com a eternidade, não temos mais que alguns segundos.
A fé, quando racional, se abre para novas possibilidades; todavia, é imutável.
A fé irracional, nada aceita, e na sua própria ignorância é destruída.
Se há algo belo na vida, certamente os olhos não são capazes de perceber.
A beleza precisa ser sentida, e não observada. Quando não se pode sentir a beleza da vida nos mínimos detalhes, e nem apreciar a vida com a alma, certamente estás morto.
É estranho ver as responsabilidades chegando junto com a idade, pois sinto que não mudei absolutamente nada; continuo sendo o mesmo. Mais experiente, mais calejado pela vida, mas o mesmo.
Já acusaram-me de hipocrisia, dizendo que eu não vivo aquilo que escrevo. De fato, eu não vivo aquilo que escrevo, mas escrevo tudo o que vivo.
Enquanto uns comemoram em família, eu gosto de pensar em tudo o que já foi e que não é mais.
Tenho poucas lembranças de um Natal feliz, em família.
Perdi muitas pessoas, e essa data me causa muito sofrimento. Apesar disso, gosto muito das decorações, e costumo sair sozinho para admirar as luzes.
Feliz Natal a todos!
De mãos atadas, perdi completamente a capacidade de agir. Perdi as minhas esperanças, perdi completamente o norte da minha vida.
Sento, penso e observo - diligentemente.
Não posso agir, não posso mudar o que já foi, e o que virá é inevitável.
Escrever é expor as angústias que se carrega entre as entranhas e deixar que elas se espalhem. Que sejam tuas vísceras bálsamo para os atordoados de espírito - tão desarrazoados quanto tu próprio.
E ao escritor, só lhe resta o anonimato. Este ficará eternamente sobre o julgo de seus pensamentos, na escuridão profunda, no calabouço mais inquietante e se tiver sorte, irá se afogar entre os parágrafos.