Eliane Batisa Barbosa
Calada da Noite
Quem por acaso não deixou
Se iludir pelas horas
Madrugadas a dentro?
Quem porventura não sofreu
A desilusão de um grande amor,
O qual impossível e inquieto o tornou,
Noites a dentro...
O fez padecer na penúria,
E tendo como companhia
A penumbra de uma luz fria?
Ou ainda, quem sabe...
Talver,
Por uma perturbação qualquer,
Ou uma falta de sono indesejável?
Ou ainda, diria eu...
Um chamego gotostoso,
O qual aquietasse o desejo ardente
Mesmo que permanecesse quem sabe...
Por mais tempo que o necessário,
A aquecer os lençóis,
A incendiar a alma de um ser carente
Sedento de afago?
Quem nunca invadira a madrugada
A perder de vista as horas sombrias,
Em volto de um lençol frio,
Uma cama vasia,
Um travesseiro sem o cheiro,
De alguem que se espera?
Quem não adentrou a calada da noite
Achando que o dia seguinte jamais chegaria
Mesmo sabendo que por horas a fio iria penar,
No rolar da cama...
Na falta de quem se ama?
E sabendo que a noite por mais fria que seja
Não se ouve nada,
Além do silêncio ou de um tic tac qualquer?
Enquando os pássaros pela manhã
Entram sem permissão,
Invadem com sinais sonoros
Ouvidos de quem quer que seja.
Por fim o esplendor do sol
Na força do amanhecer
Declara o seu amor
Sem niguém perceber.
E mesmo diante do espelho
Quase a esmaecer.
Lá as olheiras profundas,
Que não se quer ter.
Denuncia a angústia
Da noite mal dormida
De um coração a gemer.