Elenilson Nascimento
Como indústria, acho que revolucionamos sim o mercado editorial preconceituoso, o que é assustador e maravilhoso ao mesmo tempo. Como autor independente, digo que é muito difícil trabalhar com editoras hoje, porque o mundo delas está em colapso. É como se elas estivessem no Titanic após bater no iceberg, sem coletes salva vidas, com o barco pegando fogo e naves alienígenas atirando contra o barco. As editoras estão confusas e com medo em investir em gente nova. O problema de serviços de streaming como o da Amazon, por exemplo, é que eles têm vários livros no catálogo que as pessoas não querem ler ou simplesmente que nem sabem que existem. Um dos desafios é definir um modelo de preços para e-books, que hoje não existe. Até isso ser feito será difícil tornar o streaming uma experiência satisfatória e o seu custo sustentável. Então, vamos nessa..."
Hoje uma amiga me falou com naturalidade que só se relaciona com homens que tenham carro e que paguem coisas. Aí eu falei: 'Mas qual a diferença entre você e uma puta?" Resultado: ela desmoronou! E ainda brigou comigo! Mas quantas mulheres casadas, respeitadas e valorizadas socialmente se prostituem com seus próprios maridos? Quantas moças são educadas para só se casar com homens que lhes possam dar conforto e dinheiro? Quantas mulheres solteiras só aceitam ir para um motel com um homem se antes ele pagar o jantar num restaurante caro?"
O amor é um sentimento corrosivo! Quando não te mata, te destrói como vermes asquerosos que comem suas carnes. Ficou apaixonado? Olha Facebook, o Whatsapp, o celular que o amor passa!"
Não vale a pena sofrer por ninguém! As únicas pessoas que você precisa ter em sua vida são aquelas que provam, sob qualquer circunstância, que precisam de você na vida delas. Sabemos quem são as pessoas mais bacanas na hora de uma tempestade!"
A Educação brasileira é bem assim:
- O que aprendeu hoje na escola, meu filho?
- Aprendi a escrever.
- E o que escreveu?
- Não sei. Ainda não aprendi a ler."
Ainda impressiona muito, a insensatez, de uma insensibilidade latente. O ser humano que ainda se esforça para conquistar outros planetas não consegue matar a fome da sua própria espécie. O homem, emoção e carne-frágil. O homem, medo, receio e solidão. O homem, tristeza e desunião. E no emaranhado de sensações, o poeta se camufla de palavras sozinhas e fica à deriva diante de seu próprio comportamento de incapacidade. Compreenda humanos: o sentimento pelo outro nunca deve morrer, ainda que seja por outro ser humano encharcado de tantas verdades, feiuras e imperfeições. Eis que a caminhada, árdua, triste e, por vezes nada harmônica, há de ser longa."
Vivemos num mundo catalogado e esquizofrênico, onde eu escrevo sobre outros para tentar ser um cara sempre melhor."
Sob a ponta do iceberg da hipercomunicação gerada pelas chamadas redes sociais vai-se formando uma camada subterrânea crescente de imediatismo barato, banalização dos afetos, padronização dos sentimentos, canibalização da comunicação real e profunda. Nada mais distante e triste daquilo que muitos pregam como comunicação imediata. A consequência desse conjunto são laços cada vez mais frágeis e solidão. Acredito que aquela história de muitos adolescente se suicidando expõe, entre outras coisas, uma das mais tristes mazelas contemporâneas: a valorização tão súbita e excessiva quanto superficial e passageira daquilo que é estranho, supostamente subversivo, escandaloso, mas que, no fundo, aponta para os mesmos impasses vividos pela sociedade desde muitas décadas atrás."
Sou a favor da extinção dos amigos fdp, dos deslumbrados, fofoqueiros e de todos aqueles que não aceitam ou preferem não aceitar que seus heróis morreram de overdose de corrupção. Sou a favor da redução do ego! E de transformar todas as igrejas em hospitais públicos!"
Num País medíocre, com suas leis frágeis (que só punem pretos e pobres), com índices de corrupção promovidos pelos próprios políticos, a redução da idade penal, de 18 para 16, seria como uma bomba nuclear para o sistema prisional."
As pessoas não têm se esforçado em ser interessantes.
Tem muita gente na vida valendo muito pouco
e pouca gente valendo muito que nem desconfia
a venda apertada nos olhos já fechados.
Mas você já viu com o coração o que é alguém
demasiadamente interessante pra você?"
Nesse País, muito mais triste do que a gente ficar mais burro, porque a burrice às vezes faz um pouco de bem, é ficar ainda mais triste."
É muito triste saber que pessoas que têm determinadas características são insubstituíveis. Eu sei que todos os seres humanos são insubstituíveis. Mas, do ponto de vista da universidade, da academia, dos meios de comunicação, da minha literatura, quem é capaz de fazer uma leitura crítica da sociologia, do pensamento e do comportamento cotidiano?"
Ninguém quer se queimar. Todo mundo quer ficar bem na fita com todo mundo. Hoje todo mundo é politicamente correto, tem medo das patrulhas. Hoje todo munto é chato! Eu sempre ligo o foda-se para as patrulhas há muito tempo. E isso merece reverência. Hoje, é uma coisa quase judicializada. E faço isso sem ofender ninguém. Mas não tenho paciência pra gente deslumbrada."
A nossa literatura precisa de mais humor e picardia. É assim que funcionam os mecanismos da cultura, do poder, do marketing eleitoral, em torno da apropriação do que está acontecendo. Precisamos destruir essa linguagem teórica dos livros. Desconstruir a linguagem para reconstruir; transformar uma coisa aparentemente chula em conteúdo, mas um conteúdo chulo que tem algo a dizer."
A literatura anda chata. Chata e triste. A literatura brasileira precisa de mais humor. O humor é uma das formas mais inteligentes de provocação. É como se a coisa entrasse por osmose na cabeça da gente. A gente está achando aquilo engraçado e não se dá conta, e ao mesmo tempo registra quanto aquilo é profundo para questionar. O humor é ambíguo. É uma faca que entra sem machucar, sem cortar..."
No auge dessa crise econômica nesse 2015 que tem levado o Brasil ao fundo do poço; no auge dessa crise de valores e de caráter dos brasileiros via redes sociais; no auge dessa minha descrença no ser humano, a única coisa que ainda articula a minha vida para eu continuar em frente é a Literatura nesse incurável e inaceitável senso de perda..."