Ednaldo Oliveira
"É vontade de todos e de qualquer um conseguir muitas coisas, ser tantas coisas, estabilizar-se diante de tais coisas.
Via-se caminhando contrário à coisas e pessoas, situações e normalidades.
Nada quis conseguir, ser ou parecer.
Do contrário, quis chegar ao espaço jamais visitado, empoeirado e temido,
O último espaço do ser..."
"E se perdeu dentro de si mesmo,
na escuridão daquilo que nunca conheceu.
Susto apavorador!
Grita até hoje, se procurando.
Nunca se achou.
Foi enterrado dentro do eu de si mesmo, junto àquilo que nunca quis saber de si mesmo..."
"... É ele... Só o silêncio! Todo o mais se cala. Tudo escuta! Tudo vai se reconstruindo.
É a hora do nada... A última hora.
Existir.
Contemplo o silêncio de ser eu mesmo.
Nada mais existe, só o recomeço.
Nada existe, só o silêncio.
Nada mais existe... só a certeza de que: se eu dissesse tudo o que penso, seria expulso do mundo..."
Eu te espero... Espero como quem já te viu e já te conhece.
"Espero-te, na calada da noite escuto os ruídos e penso que vens.No fim, é mais uma noite normal sem nada além que o escuro de sempre.
A ninguém falo que te espero, tenho medo de ser roubado.
Eu te peço, vens e não me engane. Vem!
A quem espero? Espero o próprio que espera. Se ele chegar... as coisas serão bem mais cheias de sentido, bem menos inconclusivas."
"Viver todo dia... todo dia;
Olhar para os lados... todo o dia;
Abrir a porta do quarto... todo dia;
Ter vergonha das coisas não feitas... todo dia;
Olhar para o espelho depois do dia... todo dia;
Reconstruir a rota... todo dia;
Caminhar na corda bamba da finitude... todo dia;
Querer outro dia... todo dia..."
"A constância que desemboca no desejo exagerado da totalidade. Era madrugada e o silêncio da vida fez ecoar um reflexo de continuidade, solidão precisa, espera silenciosa, movimento independente da vida. E ele se viu no vidro da janela, por traz a cidade, diante dele, ele mesmo. E a vida seguiu, sem esperar suas decisões..."
"Seres despreocupados,
desligados arruaceiros sem nenhuma lógica.
O tempo se torna espaço da espera.
Quando os dias tomam seu curso, a vida ocupa o lugar devido.
E ele dança sobre olhares gelados, de uma legião de desacreditados... e segue!
Sem relógio! Esperando a lógica do polegar..."
"É sempre começo... Começo e fim!
Quando começo, termino. Quando termino, começo.
É sempre espírito... Sempre espadas... Sempre surpresas! Infinitas surpresas jogadas ao vento, infinitas... Surpresas, espelhos.
O fim e o começo. O ciclo natural das coisas. É cansativo, fede.
Desprezo. O fim. O começo. O vento.O filme. Sempre acabamos.
É sempre fim. Fim e começo. Tudo se vai...Tudo nem é tudo.
Não somos fim, muito menos começo.
Somos um vento, que no fim, se esvai..."